O outro Mundial em Novara
Em Setembro, o Campeonato do Mundo regressa a Novara, com o desfecho agendado para o mesmo dia, 40 anos depois. Em 1984, 'todos-contra-todos' entre 10 selecções, a Argentina de Daniel Martinazzo (e não só) conquistava o seu segundo título mundial.
Em Setembro, o Campeonato do Mundo regressa a Itália 31 anos depois. E a Novara exactas quatro décadas volvidas.
No ano de 1984, a Itália recebeu a 26ª edição do Campeonato do Mundo em Novara, num "Palazzetto dello Sport" que mais tarde passaria a "Pala Stefano Dal Lago", em homenagem ao internacional italiano que ali morreu, vítima de enfarte, em 1988, apenas quatro anos depois de ali ter brilhado pela "azzurra".
O Mundial "A", em ano em que se jogou pela primeira vez um Mundial "B", reuniu 10 selecções, num modelo de campeonato puro, de "todos-contra-todos". Portugal chegava campeão, depois do título conquistado em Barcelos, em 1982, mas em renovação.
Da selecção campeã, mantinham-se apenas o seleccionador António Livramento, o guarda-redes António Ramalhete, José Leste e Vítor Rosado. Juntavam-se o guardião Domingos Guimarães, António Alves, António Rocha, Carlos Realista, Luís Nunes ("Cenoura"), Pedro Trindade, e um Vítor Hugo que, com apenas 21 anos, se destacaria com 13 golos marcados, secundado por Rocha, pai de Miguel Rocha, com 10, nos 44 golos - melhor ataque da prova - conseguidos por Portugal.
O Mundial começou a 14 de Setembro.
Logo na ronda inaugural, a Espanha perdeu, derrotada por 2-3 pelos Estados Unidos. Só com vitórias para os candidatos com títulos no currículo (Portugal, com 12, Espanha com nove, Argentina e Itália uma vez campeãs) na segunda jornada, a terceira teve duelo ibérico, com a Espanha a vencer Portugal por claros 3-0. O campeão atrasava-se, voltando a perder também na quarta ronda, frente à Argentina, por 4-3.
Portugal voltaria às vitórias frente à Holanda na quinta jornada, mas as selecções ibéricas voltavam a ter revés, na derrota da Espanha frente ao Chile por 5-2. Argentina e Itália, só com vitórias, destacavam-se, perdendo os transalpinos os primeiros pontos na sexta ronda, num inusitado nulo com a Espanha. Na ronda seguinte, a Argentina vencia a "la roja", uma "armada" que de invencível tinha pouco, por 3-2, e liderava com sete vitórias em outros tantos jogos.
A derradeira jornada estava agendada - como este ano - para 22 de Setembro, mas o título ficou entregue no dia antes.
Nessa oitava e penúltima ronda, Argentina (14 pontos) e Itália (13) disputavam o lugar cimeiro. Os italianos adiantaram-se, mas Mario Agüero bisou para virar o marcador e a vitória por 2-1 garantia matematicamente o título albiceleste. Agüero, que mais tarde treinaria Oliveirense e Porto (lançando os dragões, por "linhas tortas", para o "deca"), somaria 11 golos, tantos como o compatriota Daniel Martinazzo.
À época, ambos jogavam em clubes italianos, e a Argentina primaria por uma defesa eficaz, com apenas 14 golos sofridos, ao invés de um ataque profícuo, não marcando mais do que 33 golos marcados, bem aquém do registo de Itália e Espanha (42) ou Portugal (44).
Martinazzo, uma das figuras maiores da modalidade - elevado a lenda absoluta ao serviço do Liceo -, foi escolhido como melhor jogador do evento, ao passo que os melhores marcadores foram o italiano Enrico Bernardini, o insuspeito norte-americano James Trussel e Quim Paüls, actual director-desportivo do Sporting, com 16 golos.
No último dia, a anfitriã Itália defrontava o (cessante) campeão Portugal, mas o duelo era apenas pela prata. A selecção transalpina venceu por 5-4, relegando os portugueses para o último lugar do pódio. A Espanha ficaria em 4º, seguindo-se os Estados Unidos em 5º, com os mesmos oito pontos do Brasil, 6º. Outros tempos. Chile (7º), Holanda (8º), Alemanha (9º) e Suíça (10º) fecharam a tabela classificativa.
Estava consumado o segundo título mundial da Argentina, depois de ter vencido em San Juan, em 1978. Já tinha havido duas edições em Itália, ambas em Milão (a cerca de 50 km de Novara), ganhas por Portugal em 1950 e pela Espanha em 1955, mas a Argentina não participara em qualquer delas.
Depois de 1984 e até este momento em que o Mundial regressa a Novara, houve mais 19 edições da prova máxima de selecções, registando-se equilibrados quatro títulos para a Argentina, quatro para Portugal e três para Itália. A Espanha, com o inédito penta entre 2005 e 2013, juntou oito conquistas às nove que já tinha, e lidera a lista de conquistas.
Domingo, 25 de Agosto de 2024, 9h20