«Estamos a perder características inatas do Hóquei português»
Pedro Nunes está de regresso ao palco maior da I Divisão mais de cinco anos depois de ter deixado o Benfica. Na diferente realidade do Murches, aponta também uma realidade diferente no Hóquei em Patins.
Pedro Nunes deixou o comando técnico do Benfica em Dezembro de 2018, depois de cinco temporadas e meia em que ganhou praticamente tudo o que havia para ganhar ao serviço das águias. Agora, mais de cinco anos depois, regressa à categoria máxima num Murches de outros objectivos.
Este sábado, em jogo da 2ª jornada, a equipa do concelho de Cascais recebeu um Óquei de Barcelos embalado por duas vitórias sobre o Porto (uma delas a valer a conquista da Supertaça) e o triunfo barcelense por 3-9 mostrou que ainda há muito trabalho pela frente para garantir o primordial objectivo da manutenção.
A preparação para a nova temporada começou com ausências no Campeonato do Mundo e algumas lesões têm condicionado a equipa, referiu Pedro Nunes, que apontou um natural processo de crescimento. "Não estou descontente com a atitude e desempenho dos jogadores, mas sabemos que temos de fazer muito mais para atingirmos os objectivos propostos", vincou.
No regresso à I Divisão, agora Campeonato Placard, o técnico de 56 anos não alinha na retórica de "Melhor Campeonato do Mundo", mesmo que não duvidando que a prova está populada pelos melhores jogadores do Mundo e que este será o campeonato mais equilibrado dos últimos 10 anos, seja na disputa do título, seja na manutenção.
Diferente está também o Hóquei em Patins. "Está mais físico, mais rápido, mais intenso, não tão estruturado do ponto de vista ofensivo", analisou o treinador, sublinhando que "a dimensão física ganhou um ascendente em relação à questão técnica". "Acho que estamos a perder características inatas do Hóquei português", lamentou.
Esta época, o Murches é a única equipa da Linha de Cascais no Campeonato Placard, mas vai sofrendo com alguma falta de capacidade de recrutamento que, segundo Pedro Nunes, afecta todos os clubes da zona da Grande Lisboa. "Se quisermos trazer dois jogadores de fora, quanto custa um apartamento aqui?", questiona. E, por isso, todos os clubes da região querem os mesmos jogadores, dado que não há muitos com experiência ao mais alto nível.
No Murches, dos 10 chamados ao jogo com os barcelenses, apenas o guarda-redes Rodrigo Teixeira não representou Benfica ou Sporting nos escalões de formação. Rodrigo Vieira, Gonçalo Nunes, Diogo Neves e André Gaspar representaram águias e leões, Mike e João Sardo trajaram de encarnado e Tomás Moreira, Rafa Lourenço e Zé Costa de verde-e-branco. Mas em Lisboa vai-se trabalhando um Hóquei mais técnico, ao passo que a Norte já se trabalha, na formação, um Hóquei mais parecido com o que se joga agora nos seniores.
O Murches, com duas derrotas em dois jogos, desloca-se na próxima sexta-feira a Oliveira de Azeméis, para defrontar a Oliveirense, e no dia 9 ao Dragão Arena, para defrontar o Porto. Jogos de "outro" campeonato, numa vida nada fácil nestas primeiras jornadas.
Segunda-feira, 28 de Outubro de 2024, 22h20