A resiliência de Rainha, agora na AP Minho
Paulo Rainha é, há pouco menos de um mês, o novo Presidente da Direcção da Associação de Patinagem do Minho, recusando-se a deixar-se deter pela doença de Parkinson. E é mais um exemplo de ex-árbitros no dirigismo.
A 15 de Novembro, Paulo Alexandre Rainha Pereira Miranda tomou posse como Presidente da Direcção da Associação de Patinagem do Minho.
Paulo Rainha foi árbitro internacional. Ganhou fama num mediático empate a cinco em Alverca, entre Sporting e Benfica, que custou o campeonato às águias (em favor do Porto). Afinal, no fim, a culpa é sempre do árbitro e, para os adeptos encarnados, aquele campeonato até ganhou o seu apelido.
A temporada de 2019/20, encurtada pela pandemia, foi a sua última a apitar, antes de completar 43 anos. Mas, afectado pela doença de Parkinson, até eram poucos os que acreditavam que regressasse às pistas.
Era um primeiro sinal de resiliência, de força perante a adversidade, de combate ao conformismo. Em 2020, assumia o cargo de Director de Arbitragem do Hóquei em Patins da Federação de Patinagem de Portugal (FPP). Num novo ciclo federativo que se iniciava este ano, seria - entendeu - relegado para um papel secundário. Não aceitou. Obviamente, demitiu-se, ainda antes do término da época.
"Nunca esteve no meu horizonte ser candidato a Presidente da Associação de Patinagem do Minho. Estava a preparar-me para fazer uma pausa desportiva e dedicar-me mais à família", aponta Paulo Rainha, agora com 47 anos. "Mas não podia ficar indiferente ao repto que me foi lançado pelo Presidente Paulo Matias para ser o seu sucessor", afirma.
"Depois de falar com a família e alguns elementos da lista, decidi ser candidato porque acredito na equipa que foi construída para o difícil caminho que temos de percorrer", refere. Paulo Matias assume a presidência da Mesa da Assemblei Geral. Outro. Rui Torres, outro árbitro internacional, afastado das pistas por atingir o limite de idade de 55 anos, será o Director do Hóquei em Patins.
No Hóquei em Patins em particular, Rainha tem identificadas as áreas de intervenção. "É necessário cativar mais os jovens a praticar Hóquei em Patins, e para isso é necessário divulgar mais a modalidade, com mais actividades. É necessário ainda mais formação das entidades que envolvem a modalidade, como treinadores e árbitros".
Para além disso, Paulo Rainha coloca bem alta a barreira no seu programa, visando igualmente a alteração dos Estatutos e Regulamentos actuais, a renovação das instalações da sede da Associação, inovação de processos administrativos e informáticos, investimento em Recursos Humanos e ferramentas de treino para as Selecções, Boletim Eletrónico, elaboração de novo design de troféus, e uma aposta na Comunicação e Marketing.
Árbitros ao poder
Paulo Rainha, tal Rui Torres, é mais um árbitro a abraçar o dirigismo não necessariamente ligado à arbitragem. Até porque, ironicamente, não existe de forma legal uma Associação Nacional de árbitros.
O mais destacado será Orlando Panza, que, para além de Presidente do Conselho de Arbitragem da FPP, é "Chairman" do Comité-Técnico Europeu de Hóquei em Patins. Além-fronteiras, o espanhol Sergi Mayor, que pendurou o apito no Mundial de Novara, é agora presidente da Federação Madrilena de Patinagem.
Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2024, 23h33