Uma Oliveirense com baixo teor de sal
Uma mão cheia de golos no último jogo de 2024 foi providencial para a Oliveirense evitar um recorde negativo de golos marcados no campeonato. Apenas uma vez marcara tão pouco nos nove primeiros jogos e, esta época, só o Valongo marcou menos.
Se os golos são o "sal" dos desportos com bola e baliza, o percurso da Oliveirense na presente edição do Campeonato Placard tem estado bem insosso.
Os jogos da Oliveirense são os únicos que têm uma média abaixo dos cinco golos (4.6) e a equipa de Oliveira de Azeméis chega ao interregno natalício com apenas 22 golos marcados em nove jogos disputados, e alavancados por uma derradeira vitória por 5-0 sobre o Juventude Pacense, ou o cenário em termos de golos marcados poderia ser bem mais dramático, ainda que tal não tenha total reflexo na actual classificação no dito "Melhor Campeonato do Mundo".
A recepção aos pacenses foi o primeiro jogo para a presente edição do campeonato em que a Oliveirense apontou cinco golos, sendo que, nos oito anteriores na prova, apenas uma vez tinha chegado aos quatro, no triunfo por 4-2 sobre o Murches, lanterna-vermelha.
De resto, apesar de ter ascendido ao 6º lugar, a Oliveirense tem tantos golos marcados como o Murches, sendo que apenas o Valongo, no 10º lugar, tem menos festejos de golo: 21.
E os 22 golos apontados nos primeiros nove jogos para o campeonato pela equipa orientada por Nuno Resende, não são apenas parcos na presente edição da principal prova nacional.
A Oliveirense participou em todas as 44 edições do campeonato nacional da I Divisão, agora Campeonato Placard, desde 1981 (quando deixou de se realizar uma primeira fase regional), sendo apenas uma das três únicas a consegui-lo, a par de Porto e Benfica. E apenas em 1982/83 apontara tão poucos golos nos nove primeiros jogos como agora.
Curiosamente, o segundo pior registo é bem recente, mas com meia equipa diferente, quando em 2022/23 a Oliveirense tinha apontado 25. E os arranques mais profícuos são de 2012/13 e 2013/14, "empatados" com 55 golos conseguidos. Estas foram as duas épocas em que Nuno Resende iniciara a prova no comando técnico, e, na segunda, só numa das nove primeiras partidas apontou menos de cinco golos. Um contraste total.
O que mudou e o que pode mudar
Na pretérita temporada, a Oliveirense também arrancou com novo timoneiro, Edo Bosch, mas várias alterações no plantel. Ao nono jogo para o campeonato somava 35 golos e acabou a fase regular em 2º na classificação, mas com o melhor ataque, com 136 golos marcados. Foram 5.2 golos conseguidos por jogo, quando actualmente se queda por 2.4.
Para esta temporada, chegou Nuno Resende, mas o plantel não sofreu qualquer alteração. De início. Xavi Cardoso só esteve nos primeiros cinco jogos e, apesar de não ser "famoso" pela sua apetência para marcar golos (ainda não marcara), a influência do internacional português em toda a manobra da equipa era reconhecida.
Xavi acabaria a última fase regular com 12 golos, mais do que Nuno Santos, Diogo Abreu ou Franco Platero. Destes, no virar de temporada, nota (positiva) para Franco Platero, que apenas marcara quatro golos em toda a fase regular (tendo falhado vários jogos por lesão) e agora já soma três tentos.
Esta época, para o campeonato, Diogo Abreu tem um golo, Nuno Santos e Marc Torra têm dois. Platero tem então três, Bruno Di Benedetto e Facundo Navarro somam quatro e Lucas Martínez tem seis. Navarro, em 2023/24, fora o mais profícuo na fase regular, com um total de 30 golos.
Perspectivando-se desde já várias mexidas no próximo defeso, contando com a saída de Xavi Cardoso, as partidas certas de Xano Edo e Facundo Navarro para o Sporting e a eventual saída de Marc Torra, que está em fim de contrato e já leva uma longa carreira de triunfos e conquistas, a tarefa de motivação de Nuno Resende não se adivinha nada fácil, mas, por outro lado - literalmente, do outro lado, da pista - a equipa vai cumprindo.
Terceira melhor defesa
No reverso da medalha da Oliveirense, e a justificar o agora 6º lugar, estão apenas 19 golos sofridos. Somente aquém da eficácia defensiva de Sporting (17) e Porto (15), mesmo que se vá apontando uma época "menos extraordinária" ao guarda-redes Xano Edo.
A Oliveirense, cujo ponto alto da temporada foi a conquista da Taça Continental, é uma das apenas cinco equipas com saldo positivo de golos no campeonato [o Juventude Pacense, em 5º, tem mais 10 golos sofridos do que marcados], sendo que apenas em duas partidas - no Dragão Arena e em Viana - o bloco de Resende sofreu mais do que três golos.
Com duas vitórias sem sofrer qualquer golo a fechar 2024, a Oliveirense regressa em 2025 com um duelo no João Rocha com o Sporting em que passado e futuro se tocam.
Quarta-feira, 25 de Dezembro de 2024, 12h09