«Do Panchito, muita gente fala, mas pouca gente conhece»

Para toda uma geração que não nasceu a tempo de ver os falados astros de outrora, Panchito é uma referência, um ícone, uma lenda. Para alguns, só não é o melhor de sempre no Hóquei, porque o que ele jogava era distinto, mágico. Completa 50 anos.

«Do Panchito, muita gente fala, mas pouca gente conhece»

Segunda-feira, 14 de Novembro de 2022. O telemóvel toca cedo. Demasiado cedo, depois da festa de encerramento do Campeonato do Mundo de San Juan que foi noite dentro. Do outro lado, Panchito Velázquez.

Estava prometida, desde o primeiro dia daquele Mundial, uma entrevista, mas, como tantas promessas, já dávamos como perdida. E era em dia de (início de) regresso a Portugal e já nem sobravam pesos para o táxi nos levar até ele. "Daqui a uma hora estou aí", disse sem hesitar. Porque, para alguns, o prometido é devido, chegou com a mulher, Érica, para nos levar.

"La Gloriosa", a quinta de Panchito ainda fica longe, num vale encantado, rodeado de altas montanhas. É o orgulho daquele que foi o melhor jogador do Mundo e que, para alguns - muitos de toda uma geração -, foi o melhor de sempre. Faltou-lhe condição física, faltaram-lhe épocas e faltaram-lhe títulos para reclamar indiscutivelmente esse epíteto. Mas sobraram momentos de magia, adornados com um sorriso. Quem não quer ofender cânones, diz que é o melhor que viu jogar.

Chegou a Portugal no mercado de Inverno de 1999/2000 para representar o Benfica, depois de uma passagem pelo Barcelona em que o seu traço anárquico não cabia na tela de Hóquei em Patins e organização de régua e esquadro dos blaugrana.

Pelas águias, jogou apenas duas temporadas e meia, com muitas interrupções por lesão. Conquistou "apenas" três vezes a Taça de Portugal e duas vezes a Supertaça António Livramento. Mas, quando os outros jogavam Hóquei em Patins, Panchito jogava outra coisa qualquer. Enchia pavilhões, enchia o velhinho "Número 1", alimentava o imaginário.

Na "La Gloriosa", tem recordações do tempo de jogador - troféus, prémios, fotografias - num barracão. A ganhar pó. É desapegado do passado. Gosta de recordar as pessoas, as amizades. Fica quase sem palavras ao ouvir como foi marcante. "Uau". Mas "Panchito" ficou como sinónimo de fantasia, ficou como adjectivo para quem se demarca do Hóquei em Patins mais físico que vai vingando.

A entrevista, nesse quente 14 de Novembro, tinha ficado na gaveta do HóqueiPT. Vítima da falta de tempo, vítima de uma permanente necessidade de actualidade. Desta sexta-feira, 10 de Janeiro de 2025, não podia passar: Panchito completa 50 anos.

Numa longa conversa da qual partilhamos "apenas" o registo de cerca de uma hora, Panchito falou-nos de Carlos Dantas - a quem telefonou antes e que tenta convencer a ir a San Juan -, de mitos, da mística do velho pavilhão do Benfica, das enchentes, da paixão que ficou pelas águias, da paixão do "povo" das águias.

Falou-nos de dirigentes, de gente que não sabe de Hóquei, de como é importante falar de Hóquei. E "falar Hóquei".

Falou-nos de Conti, da conquista do Mundial com um Ordoñez que o arrepiou, da promoção dos jovens jogadores, de Luis Duarte que fica em casa depois de todos os títulos na formação.

Falou-nos de Mariano, do sangue Velásquez, do filho Francisco, o actual Panchito, que "degenerou" para o futebol e jogava no Santa Maria. Falou-nos de Carlitos López, da "reabilitação" de Lucas Martinez, de um último calçar de patins com os veteranos do Barça de Tino Martinez. Falou-nos da paixão pela bicicleta que aguarda por Ricardo Barreiros para subirem e descerem montanhas juntos.

Aquele que muitos achavam "desmiolado", até de investimentos e de negócios nos falou...

A conversa foi há mais de dois anos, mas parece que foi no mês passado.

Obrigado, Panchito. Parabéns.

AMGRoller Compozito

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