«Como é que se resolve esta história toda no Hóquei em Patins? É assobiar para o lado...»
Lamentando a falta de golos, mas contente com a exibição, Nuno Lopes lançou farpas a quem rege a modalidade. Filipe Almeida, mais pragmático, e Pedro Martins, sem conter a revolta, garantem que o Tomar continuará a lutar por um troféu.

Na conferência de imprensa de rescaldo da final da WSE Cup entre Igualada e Tomar, que terminou com vitória dos arlequins por 2-0, Nuno Lopes, técnico tomarense, constatou o óbvio - "faltou a bola entrar dentro da baliza" - e não deixou de "alertar para duas ou três coisas", com o foco na organização e na regência da modalidade.
Desde logo, o curto tempo de descanso que os seus atletas tiveram entre as duas partidas. "Não competimos da forma correcta, eles [jogadores] não competiram com as melhores condições".
Elogiando a sua equipa, e também o adversário pela forma como se foi defendendo, Nuno Lopes apontou àquele "lance de falta que não é falta". "Acaba por nos tirar dois minutos do jogo e meter-nos numa situação que, por acaso, não deu golo, mas que não nos deixou a trabalhar de igual para igual", analisou, escalando as suas críticas.
"Como é que se resolve isto no Hóquei? É fácil. O árbitro chama o capitão, pede-lhe desculpa no fim e diz que errou, que já viu o lance. E é assim. É o Hóquei em Patins ao mais alto nível. Como é que se resolve um Campeonato do Mundo de Sub-19? A bola entrou na baliza. Pede-se desculpa, metem-se duas redes na baliza e está tudo bem. Como é que se resolve esta história toda do Hóquei em Patins? É assim, é assobiar para o lado e para o ano estamos cá outra vez, nós ou outros", referiu.
Entre críticas continuadas, o técnico valorizou o momento. "Chegámos à final. Outros queriam cá estar, não estiveram. Nós temos que nos orgulhar e não podemos desvalorizar, nunca, sermos vice-campeões ou ficar em segundo lugar. A vida do desporto é isto. Quando nós começamos miúdos, pensamos em chegar a estes palcos. Chegámos cá, não conseguimos ganhar, com a certeza que não competimos da mesma forma, não competimos de forma igual, de maneira nenhuma, à equipa que jogou connosco. Mas é a vida. Amanhã vamos estar noutros palcos, doutra forma, à espera que haja outros que estejam no nosso lugar. Infelizmente, enquanto as organizações e enquanto o hóquei quiser que isto seja assim, vamos continuar cá a teimar, e vamos continuar cá a pertencer a isto. E, no final, gente ri-se todos uns para os outros, cumprimentamo-nos e amanhã a vida continua e não se passa nada", contou.
Filipe Almeida destacou a "excelente caminhada" protagonizada nesta competição europeia, recordando os adversários afastados, sem desprezar o valor da medalha conquistada.
Sobre a partida, Filipe apontou que "falhou o último toque", visando a exibição do guarda-redes Guillem Torrents. Reconhecendo uma primeira parte não tão bem conseguida, mas valorizando o que foi feito na segunda pelo Tomar, Filipe deixou os parabéns ao Igualada e, ainda que haja muito por melhorar, à organização.
O capitão Pedro Martins, alinhado com o seu sub-capitão, realçou também a segunda parte muito bem conseguida, acrescentando que o Tomar, ao longo de toda a partida, foi sempre a equipa mais disposta a correr riscos, pressionando a campo inteiro.
Reforçando que, com a sua identidade, o Tomar se pode bater com qualquer equipa do Mundo, Pedro Martins não se conteve nos reparos à organização e às nomeações, frisando que "os árbitros não tiveram a competência e a qualidade que os jogadores em campo mereciam. É pena, porque o Hóquei em Patins português e o Tomar, pelo que fazem pela modalidade, mereciam mais respeito nesta Final Four".
Nas incidências do jogo, destacou a infelicidade no primeiro golo, a dar outra tranquilidade ao Igualada, permitindo gerir o desenrolar dos acontecimentos de outra forma. Mas, garante Pedro, uma taça europeia vai chegar a Tomar em breve.
Do Igualada, com a festa a acontecer na pista, ninguém se deslocou à sala de conferência de imprensa.
Segunda-feira, 31 de Março de 2025, 11h38