«Estas caras têm de ser públicas, porque estas caras fazem um trabalho incrível»
O afastamento nas 'meias' da WSE Cup ficou aquém da ilusão do Riba d'Ave, mas o lugar na História ninguém tira a Raul Meca. Nem à sua equipa técnica, que o técnico fez questão de ter ao seu lado na conferência de imprensa.

As cadeiras não chegavam, mas Raul Meca foi peremptório. "Senta-te aqui. Porquê? Porque eu quero", brincou.
Ladeado de Jorge Teixeira (fisioterapeuta), Ricardo Nogueira (treinador de guarda-redes), Eduardo Paiva (preparador físico) e Luís Parente (psicólogo), o técnico ribadavense começou por dar o destaque que quase sempre falta. "Não é por acaso que eu chamei aqui estes meus colegas. Eles são tão ou mais responsáveis por isto que nos aconteceu, por este trajeto que nós temos feito nesta competição e o trajeto que nós temos feito no campeonato, que eu tenho a certeza absoluta que, no final, iremos estar muito orgulhosos no trajeto que fizemos", assegurou. "Isto é uma equipa técnica de cinco elementos que trabalha arduamente e que merece claramente este destaque. Muitas vezes não o tem, e estas caras têm de ser públicas, porque estas caras fazem um trabalho incrível com os atletas de segunda a sexta, para que no sábado não nos falte nada", elogiou Raul Meca.
Sobre o jogo que, histórico já por si, ditou o afastamento do Riba d'Ave, o técnico apontou alguma falta de "estrelinha", com demasiadas bolas nos ferros e uma boa exibição de António Marante. "Obviamente, que, depois, a andar atrás do resultado cometemos erros naturais de quem quer muito", acrescentou, deixando também uma palavra aos incansáveis adeptos, não obstante o desenrolar da partida.
"Nós sabíamos que eles iam aparecer, porque eles nunca nos falham. E as palavras que eles nos disseram no final demonstram exactamente o orgulho que eles têm em nós. Sabem que a equipa vai dar sempre tudo", referiu, agradecendo.
Raul Meca já anunciou que, ao fim de cinco temporadas, deixará o comando técnico da equipa no final desta época e, independentemente do que possa vir a acontecer, fica como figura em várias páginas da História do Riba d'Ave. Esteve na primeira presença europeia em 2021, conduziu a equipa a uma inédita presença no play-off em 2024 e, agora, levou os ribadavenses a uma Final Four europeia.
A caminhada que terminou no passado sábado, começou em Outubro, na ronda de qualificação da Champions League, a mais importante prova europeia. Em Valongo, terra natal de Meca, o Riba d'Ave perdeu com o Valongo, venceu o Diessbach, campeão suíço, e vendeu cara a derrota frente ao Calafell de Guillem Cabestany. "Relegado" para a WSE Cup, deixou pelo caminho os catalães do Caldes nos oitavos-de-final (vingando a derrota nos "quartos" de 2020/21) e os italianos do Sarzana. "Caiu" perante o Tomar, sem nunca baixar os braços.

Agora, o foco será exclusivamente no Campeonato Placard. E esta derrota na WSE Cup não pesará. "Os atletas sabem perfeitamente o trabalho que têm a fazer. Sabem perfeitamente que nós não nos guiamos minimamente por derrotas e vitórias, guiamo-nos pelo trabalho que fizemos e, acima de tudo, sair da pista com consciência tranquila que demos tudo desde segunda-feira. E, isso, eu tenho a certeza que eles têm", afirmou.
O Riba d'Ave está no 12º lugar, com 19 pontos, abaixo da linha de água, mas apenas a uma vitória de um 8º lugar (agora do Valongo), que valeria uma segunda presença consecutiva no play-off de apuramento de campeão. Numa realidade necessariamente diferente, fica a curiosidade de que, à mesma 20ª jornada, o Riba d'Ave da última época tinha mais um ponto, menos um golo marcado e menos um golo sofrido. Mas era 9º. Não terão sido tanto os ribadavenses que mudaram (e houve várias mudanças significativas no plantel), mas o contexto do campeonato.
Antes, em 2022/23, para ser 11º e garantir a manutenção, até tinham bastado 22 pontos. Mas dificilmente bastará este ano. Jogo a jogo, até ao fim da fase regular, o principal objectivo do Riba d'Ave, a continuidade na categoria máxima, passa por seis jogos. Os ribadavenses deslocam-se a Valongo (5 de Abril), recebem Juventude Pacense (12) e Sanjoanense (17), jogam no João Rocha (19), recebem o Candelária no derradeiro jogo no Parque das Tílias (27) e fecham a fase regular no Municipal de Barcelos (4 de Maio).
Segunda-feira, 31 de Março de 2025, 22h06