Portugal campeão europeu de Sub-23 nas grandes penalidades
Só as grandes penalidades decidiram a final do Europeu de Sub-23, depois de um empate a três no tempo regulamentar e mais um golo para cada lado no prolongamento. Após o póquer de Lucas, marcaram Tomás Santos e Viti para o título.

Portugal é o novo campeão da Europa de Sub-23, "vingando" em terras espanholas a derrota da primeira edição, em Paredes. Em Sant Sadurní, a selecção das quinas venceu nas grandes penalidades.
Lucas Honório, o ariete apontado à ainda invencível armada espanhola, marcou ainda não estavam cumpridos cinco minutos. Mas, dois minutos volvidos, Viti viu azul e Jacobo Copa igualou num remate forte de livre directo. Mais dois minutos volvidos, noutro remate forte, desta feita num remate cruzado, Carles Domenech consumou a reviravolta.
A selecção portuguesa ia atrás da igualdade, mas a necessidade de atacar expunha alguma falta de entrosamento e complicava a criação de oportunidades. No derradeiro minuto da primeira parte, uma grande penalidade foi providencial. Lucas não falhou.
No entanto, logo no arranque da segunda parte, aos três minutos, Guilherme Azevedo viu azul. "Copita" voltou a ser eficaz, ainda que precisasse da recarga, para nova vantagem espanhola, mas, cinco minutos depois, Honório, solto sobre a esquerda por Tomás Santos, voltava a igualar em excelente trabalho individual.
Portugal já tinha nove faltas desde o quarto minuto da segunda parte e, com largos 16 minutos para jogar, a Espanha também chegava à nona, mas, até ao final dos regulamentares 50 minutos, não haveria mais faltas assinaladas. Ou mais golos. Seguia-se para prolongamento.
Os portugueses tinham sido mais agressivos e mais rematadores na busca da vitória e, no primeiro minuto do prolongamento, conseguiam o livre directo da 10ª falta. Desta feita, Lucas não marcou. Nem Copa, minuto e meio volvido, na 10ª falta portuguesa.
Na segunda parte do tempo extra, Lucas Honório "redimiu-se", num desvio subtil a passe de Tiago Sanches, com quem trocara a sua camisola "5" [Lucas nasceu a 5 de Maio] para esta competição. O atacante português do Tomar consolidava-se como, muito provavelmente, o pior pesadelo da vida desportiva do guarda-redes Uri Codony.
Faltava pouco tempo de jogo, mas, num daqueles lances inocentes de passar o stick por cima do adversário, longe da bola e sem risco, o italiano Alfonso Rago apontou para a marca de grande penalidade. E o capitão Nil Cervera igualou, com apenas meio minuto no marcador.
No derradeiro tira-teimas, a penáltis, Nil Cervera marcou o primeiro. Lucas reclamou que também marcou, mas Rago não validou. Carles Casas e Zé Miranda não conseguiram marcar. Copa também não, mas Tomás Santos igualava. Depois, Eloi Cervera não marcou e Viti deu vantagem aos portugueses. Marcavam os dois mais jovens portugueses antes das últimas grandes penalidades.
Guga defendeu o remate de Domenech e nem foi preciso o derradeiro remate da selecção das quinas. A festa na Catalunha, no mesmo palco do Ateneu onde a Espanha vencera os europeus de Sub-17 (2022) e Seniores (2023), era, desta vez, portuguesa.
É um pássaro? Um avião?
Não, é o Super-Lucas. Lucas Honório protagonizou um campeonato incrível. Terminou com 17 golos apontados, deixando na lista de melhores marcadores muito longe Marc Rouzé e Andrea Borgo, com "apenas" oito.
E não foram 17 golos quaisquer. Por exemplo, na goleada maior da prova, na vitória portuguesa por 13-0 sobre Inglaterra nos quartos-de-final, só marcou um. Marcara um frente a Itália na primeira ronda da fase de grupos, e encheu uma mão frente a Suíça e outra frente a Espanha. Já era épico, em particular pela eficácia de bola parada, vindo a terminar com um registo de 10 golos em 12 oportunidades, com cinco em cinco de grande penalidade e cinco em sete de livre directo.
Nas "meias", voltou a marcar um aos italianos, mas estava era fadado a marcar aos espanhóis, que nem Padeira em Aljubarrota, ali bem perto de Turquel que o viu despontar para o Hóquei em Patins.
Como na fase de grupos, Lucas voltou a marcar todos os golos portugueses na final. Quatro. Foram nove golos em dois jogos frente ao arqui-rival de Portugal na modalidade, sendo que já em 2021, na final do Europeu de Sub-19, fora decisivo com um hat-trick num triunfo por 4-1.
Após a decisiva grande penalidade defendida por Guga, Lucas correu para abraçar Nuno Lopes, seleccionador francês e seu treinador no Tomar desde 2020. No final da época, Lucas parte para o campeonato italiano, juntando-se a Tiago Sanches no Valdagno.
Primeiro de Paulo Freitas
Depois de ter sido finalista vencido na Taça das Nações e de não ter ido além do 4º lugar no Campeonato do Mundo, ambos à frente da selecção absoluta, Paulo Freitas consegue o primeiro triunfo como seleccionador português, num contexto complicado pela própria federação, cuja calendarização do Campeonato Placard não permitiu mais tempo de trabalho com a equipa formada por Guilherme Azevedo, Lucas Honório, Martim Costa, Paulo Pereira, Tiago Sanches, Tomás Santos, Viti, o capitão Zé Miranda e os guarda-redes Guga e Miguel Rocha.
Segue-se outro Campeonato da Europa, de Seniores masculinos, em Setembro, noutro "ataque" a um troféu que também é espanhol. Para já, depois deste Europeu de Sub-23, em termos de provas do Velho Continente, Espanha conta os títulos de Seniores Masculinos, Seniores Femininos e Sub-17 Femininos. Portugal ostenta os títulos masculinos de Sub-19, Sub-17 e, agora, de Sub-23.
5º ao 7º lugares
• Suíça 2-0 Alemanha • 18.Abr
• Alemanha 0-2 Inglaterra • 19.Abr
• Inglaterra 1-2 Suíça • 19.Abr
3º e 4º lugares
• França 4-3 Itália • 19.Abr
Final
• Espanha 5-6 Portugal (3-3, 1-1 prol., 1-2 pen.) • 19.Abr
Classificação final
1º Portugal, 2º Espanha, 3º França
4º Itália, 5º Suíça, 6º Inglaterra, 7º Alemanha
Sábado, 19 de Abril de 2025, 21h51