«Afinal, tenho capacidade para alguma coisa»
Apesar de já ter conquistado a Elite Cup e a Supertaça pelo Óquei de Barcelos, Rui Neto releva a conquista da Champions League como prova cabal da sua capacidade enquanto treinador.

Não foi um Rui Neto eufórico que se apresentou na sala de imprensa após a conquista da Champions League, apesar da magnitude do feito. "Sou uma pessoa pouco expressiva", afirmaria. Sem grandes euforias na vitória, sem grandes depressões na derrota.
Desde logo, apontou o dedo a Pol Manrubia, identificando-o como um dos grandes responsáveis pela crença da equipa. Em Outubro, acabado de chegar, já apontava ao título europeu.
O técnico vianense de 56 anos teve a serenidade de a analisar o jogo, dando os parabéns ao adversário. Foi um Porto melhor na primeira parte, mas o Óquei de Barcelos - com outra "alma" - foi mais igual a si próprio na segunda e, referiria o treinador, podia mesmo ter evitado a ida ao prolongamento.
Podia ter caído para qualquer lado, mas Rui tinha a certeza que o seu guarda-redes ia defender muitas grandes penalidades. Porque tem trabalhado para isso, porque não sofreu nenhuma contra o Liceo e porque, num concurso de grandes penalidades no final dos treinos, deixa muitas vezes os seus companheiros a zero. Depois, se iam marcar ou não, já era outra história.
O significado da conquista? "É o reconhecimento do meu trabalho. Afinal, tenho capacidade para alguma coisa", ironizou. "Estou muito orgulhoso do trabalho que eu faço, e os meus atletas desenvolvem", frisou.
Da sua "pausa" no comando técnico dos barcelenses, regressou um treinador diferente. Não voltou melhor treinador de pista, mas sim em pormenores que levam às conquistas, como privilegiar sempre um grupo. E este, de atletas a equipa técnica e dirigentes. é "um verdadeiro grupo".
Para esta Final Four, Rui Neto confidenciou que esteve a semana toda a preparar o jogo com o Noia, e que, para o Porto, não preparou nada excepto um curto vídeo. Afinal, este foi o sétimo duelo entre galos e dragões, já não há segredos entre duas equipas que ainda se poderão voltar a encontrar na final do Campeonato Placard.
Numa reflexão, o professor de Matemática e Informática vincou que, quando era jogador, o trabalho do treinador era 80% de pista e que, agora, é apenas 20% de pista. O resto, a maior parte, "é saber conduzir homens, observação e saber tomar decisões".
Na alegria, o recordar da tristeza, confrontado com a derrota frente à Espanha na derradeira jornada do Campeonato da Europa de 2012. "Não matou, mas estive muito tempo em convalescença", confessou Rui Neto.
Vice-campeão nacional à frente da Juventude de Viana em 2009 e 2010, Rui Neto logrou o seu primeiro título como treinador em 2021, na primeira edição oficial da Elite Cup, já pelo Óquei de Barcelos. No início da temporada seguinte, só participou na Elite Cup, saindo em acordo com o clube.
Regressaria época e meia depois, a meio da pretérita temporada, disputando a final da Taça de Portugal e as "meias" da Champions League.
No arranque desta temporada, venceu a Supertaça António Livramento, já um título maior, mas ainda de alguma forma secundário. Não queria que fosse a única conquista esta época. Já não é. E ainda há o Campeonato Placard em jogo.
Este sábado, o Óquei de Barcelos recebe a Oliveirense para o primeiro jogo dos quartos-de-final do playoff.
Quarta-feira, 14 de Maio de 2025, 22h26