A despedida de Girão

Com o afastamento na 'negra' das meias-finais, há ponto final na carreira de Ângelo Girão, ícone das balizas de Hóquei em Patins, referência para toda uma geração, basilar nas conquistas leoninas da última década.

A despedida de Girão

À 12ª grande penalidade do desempate da "negra" das meias-finais do Campeonato Placard, o amigo “Gonças”, cúmplice de tantas vitórias de quinas ao peito, bateu Ângelo Girão.

O guarda-redes levantou-se e, na frustração sempre presente na hora de derrota para quem quer sempre ganhar, atirou o stick pelo ar. Para bem longe. Para não mais o usar. Pelo menos, oficialmente, estando reservada uma despedida para o Torneio César Fidalgo, organizado entre outros, por João Souto e Telmo Pinto, e que também foi palco da despedida de Edo Bosch.

Há um ano, Ângelo Girão anunciara que esta seria a sua última temporada no Sporting. A 11ª, batendo as 10 em que esteve nos escalões de formação do Porto. Representou, ainda júnior, o Gulpilhares. Já sénior, esteve quatro temporadas na Académica de Espinho e duas no Valongo, sagrando-se campeão nacional em 2014 antes de rumar aos leões.

No desenrolar desta temporada, também - mas não só - por as principais equipas optarem por outras soluções, ganhou força o final de carreira aos 35 anos, a um par de meses de completar 36 anos. Despede-se dos leões com três conquistas da Champions League, duas da Taça Continental, uma da WSE Cup, quando ainda era Taça CERS. E venceu duas vezes o Campeonato Nacional (a somar à conquista conseguida pelo Valongo), uma vez a Supertaça e, esta época, a Taça de Portugal, o troféu que faltava.

Logo no arranque da época desportiva, houve a despedida da Selecção Nacional, no Mundial que se disputou em Novara. Para a História fica a participação em 10 grandes competições, de Angola em 2013 a Itália em 2024, coroada com a conquista do Campeonato da Europa em 2016 e o Campeonato do Mundo em 2019. Reza a lenda que ganhou sozinho o Mundial e, para quem teve o privilégio de assistir, não seria certamente por “São Girão” que Portugal perdia.

Na frieza dos números da História, Girão despede-se agora do Sporting no 4º lugar do Campeonato Nacional, ironicamente a mesma posição em que Portugal terminara no derradeiro Campeonato do Mundo do guarda-redes. São dois pormenores. Mais do que esses números, fica nos anais da modalidade e do desporto uma atitude muito própria, uma insaciável fome de vencer. Fica como uma referência para toda uma geração que quis ir à baliza.

O pendurar de patins é prematuro. Ângelo Girão mostrou ao longo de toda a temporada que continua a ser um dos melhores guarda-redes do Mundo, que uma eventual "curva descendente" ainda estava longe. Teria ainda lugar em qualquer equipa, mas provavelmente num enquadramento diferente, com objectivos diferentes.

Girão conquistou o direito a terminar quando decidisse terminar. E, se as "regras" não são as suas, não há jogo.

Um ícone.

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