Um 'plantel' que as pistas estranharão

No arranque da nova temporada, haverá ausências que as pistas estranharão. Entre os que decidiram pendurar os patins, no risco assumido de podermos esquecer alguém, apresentamos um plantel de, agora, 'aposentados' que daria luta em qualquer prova.

Um 'plantel' que as pistas estranharão

Para muitos, ainda se vive um período de defeso. Sem jogos, sem treinos de equipa. Outros, dividem-se entre a preparação para uma grande competição - este ano, o Europeu - e o regresso ao trabalho nos clubes. E, no regresso, haverá ausências que se vão estranhar.

Na certeza de injustiçar alguns, apontamos um plantel de 11 jogadores que decidiram pendurar os patins no final da temporada de 2024/25, para uma equipa que certamente, (ainda) daria luta em qualquer competição.

Preteridos foram jogadores como Poka, que representou as cinco principais equipas portuguesas da actualidade e se tornou um "habitué" a levantar Supertaças; Mattia Cocco, campeão da Europa em 2014 pela Itália; o italo-argentino "Tonchi" De Oro; ou o "jovem" Diogo Neves, campeão do Mundo de Sub-20 de 2013, a pendurar os patins com apenas 31 anos depois de uma carreira sénior feita quase por completo no estrangeiro, longe dos holofotes da imprensa lusa.

E muitos faltarão, alguns possivelmente apenas por a despedida ter escapado ao nosso "scouting".

O cinco base

Caimos no rídiculo de eleger um cinco base para esta equipa. É uma coisa abjecta, que mina a confiança de qualquer suplente, mas para este exercício confiaríamos na experiência dos nossos "ditos" suplentes para lidar com a situação.

A baliza teria de ser entregue a Ângelo Girão, que teve uma mediática despedida aos 35 anos, depois de 11 anos no Sporting em que logrou, entre outros, três títulos de campeão europeu de clubes. Nenhum português tem mais, sendo que apenas os também guarda-redes Zé Diogo e Pedro Henriques têm tantos.

Pela selecção, venceu "apenas" dois grandes títulos, num Europeu em que foi garante na baliza e num Mundial em que foi completamente "extraterrestre".

À frente de Girão, Reinaldo Garcia, que se despede aos 42 anos ao serviço do Trissino e como campeão, selando a conquista do título nos três grandes e históricos campeonatos europeus depois de também já ter sido campeão na Argentina.

"Nalo" conquistou ainda quatro vezes a mais importante prova europeia de clubes, e foi campeão do Mundo em 2015. Será agora treinador, abraçando esse desafio na Académica de Espinho.

O "cinco" fica completo com três jogadores que fizeram parte da "Armada Invencível" espanhola, vencedora de todos os Europeus e Mundiais de 2004 a 2013.

Desses 10 grandes títulos de selecções, Jordi Bargalló conquistou nove. O gigante (em altura e talento) despede-se aos 45 anos, depois de quatro anos no "seu" Noia, num regresso culminado com a presença na Final Four da Champions League, prova que Bargalló venceu três vezes.

Já em Setembro, Jordi Bargalló regressa aos grandes palcos de selecções. Será adjunto de Pere Varias na selecção de Espanha.

Torra e Adroher são os outros eleitos para o "cinco". Com dois meses de diferença no bilhete de identidade, jogaram juntos pelas selecções jovens de Espanha. Depois, coincidiram no Lloret, no Vic, no Barcelona, no Benfica e na Oliveirense. Despedem-se agora, no mesmo final de temporada, aos 40 anos.

Marc Torra venceu dois Europeus e quatro Mundiais, a que junta ainda mais quatro Ligas Europeias... consecutivas e por três equipas diferentes, vencendo em 2014 e 2015 pelo Barcelona - a que regressará para assumir um cargo de dirigente -, em 2016 pelo Benfica, e em 2017 pelo Reus. O adeus é pela Oliveirense, que representou nas últimas oito temporadas e capitaneou desde 2020.

Jordi Adroher fechou a carreira ao serviço do "seu" SHUM na secundária OK LIga Plata. Mas pendura os patins depois de garantir o regresso da equipa à categoria máxima do Hóquei em Patins espanhol nove anos depois. Uma "conquista" talvez tão importante como a "conquista", pela sua simplicidade, dos balneários e dos colegas com quem privou. Até mais do que os três mundiais, três europeus e duas Ligas Europeias que o "Mago" ergueu.

Opções

Como opções, seis jogadores, que isto de lutar por tudo no Hóquei em Patins está cada vez menos para planteis de 10.

Desde logo, duas referências espanholas, dois excelentes jogadores a que faltou outra afirmação à qualidade que demonstraram até pendurar os patins.

O "mosqueteiro" Edu Fernandez despede-se aos 43 anos como vencedor da WSE Cup pelo Igualada fechando nos arlequins um ciclo que começara nos escalões de formação em Les Comes. Foi uma vez campeão do Mundo e duas vezes campeão da Europa, representou o Barcelona, mas esteve demasiado afastado dos palcos principais. Como Formatjé.

Ferran Formatjé foi campeão juvenil e júnior por Espanha, evidenciando um enorme talento. Mas a afirmação nos seniores passou por palcos secundários. Em 2009, assinou o "golo de ouro" que valeu a conquista da Taça CERS ao Mataró. E este ano apontou o derradeiro golo da conquista da WSE Trophy pelo Alcoi onde jogou as últimas 10 temporadas, ajudando a consolidar o projecto valenciano. Diz adeus às pistas aos 37 anos.

Nas pistas portuguesas, despediram-se outras duas das opções: Matias Platero, aos 36 anos, e Jorge Silva, aos 41.

Matias Platero teve um ano fisicamente complicado - e comprometedor - depois de ter estado no Campeonato do Mundo em Setembro último. Acabou vice-campeão, mas já tinha conquistado o ouro pela albiceleste em 2015 e 2022, a que juntou quatro Champions League, três delas pelo Sporting.

Jorge Silva salta da pista para o banco, para assumir o comando técnico do Braga no dito "Melhor Campeonato do Mundo". Jogador de "mais vale quebrar que torcer", apaixonado pela modalidade como poucos, foi um aporte de raça a conquista do Mundial de 2019, ainda que tivesse falhado a presença na final por acumulação de azuis. Talvez fosse fácil evitar o derradeiro azul, mas aí talvez nenhum português estivesse na final... A História ficou a dever-lhe um título europeu pelo "seu" Porto.

Outro que parece não se cansar dos pavilhões, é Massimo Tataranni, um dos campeões da Europa pela Itália em 2014, ainda que não tenha estado presente na cerimónia de entrega das medalhas. Nesse momento, estava preso, após confusão nas bancadas, numa daquelas anedotas que se perpetuarão na modalidade.

"Tata" vai treinar o Azzurra Novara na Serie A1, depois de uma carreira em que representou uma míriade de emblemas. O último, o Amatori Vercelli, na Serie B, um terceiro escalão em Itália. Mas, despedindo-se aos 47 anos, não deixou de marcar golos como sempre.

Na época de despedido apontou 85 golos em 27 jogos, entre Serie B e Coppa B. Só não marcou numa partida e assinou oito tentos - um "bipóquer"? - numa vitória por 10-3 sobre a segunda equipa do Monza.

Para evitar golos mais do que marcá-los, como escudeiro de Girão, há Elagi Deitg que, como o internacional português, abandona muito cedo (ainda mais cedo) as pistas.

De facto, são poucos os guarda-redes que se despedem neste defeso, e o catalão Elagi despede-se com "apenas" 33 anos, depois de um percurso pautado pela regularidade e em que se destacam 10 temporadas no Igualada e as duas últimas - históricas - do Sant Just.

Se há muitos mais de que as pistas terão saudades? Sem dúvida. Se outros tantos poderiam regatear lugar nestas escolhas, entre títulos conquistados e momentos para a História? Talvez não muitos.

AMGRoller Compozito

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