Como é que se ganha um Mundial de Sub-20?
Foto de capa: FIRSComo é que se ganha um Mundial de Sub-20? Esta é certamente a questão que não sai da cabeça da maioria dos jogadores que integram o grupo que inicia este domingo a defesa do título Mundial em Vilanova.
Dizemos “da maioria” porque o capitão Diogo Seixas e Miguel Vieira (“Vieirinha”), para além do seleccionador Luís Duarte, já o conseguiram em 2013 na Colômbia e aspiram a repetir o feito.
Os restantes não enjeitariam ser conhecedores do segredo… O HóqueiPT ouviu os outros oito campeões do Mundo à procura da “resposta mágica”.
“União”, por Alexandre Marques
Depois de uma época na II Divisão ao serviço do Benfica “B”, Alexandre Marques (“Xanoca”) vai representar o Turquel e começa por dar um conselho. “Temos de pensar que não se têm muitas oportunidades para realizar um sonho de qualquer jogador, que é o de ser campeão mundial”, sublinha.
Mas o que é preciso? “O mais importante é a união entre todos”, vinca. “Tem que se ter muito espírito de sacrifício. Não basta querer, tem que se lutar muito”, frisa, com o reconforto da recompensa. “No final sabe muito bem o reconhecimento do nosso trabalho”, conclui.
“Confiança mútua”, por Diogo Alves
O guarda-redes que jogou a final de 2013 vai representar esta época a equipa principal do Paço de Arcos e teve oportunidade de defrontar a Selecção deste ano nos jogos de preparação. Para “Dioguinho”, como é conhecido no seio das diferentes selecções, a chave está no grupo. “O segredo para conquistar um Mundial, é a confiança uns nos outros (nos 15 que integram a comitiva), a união e a vontade de vencer. Se tudo isto estiver lá, estão muito mais perto do título... De resto, é só fazer o que mais gostamos, divertirmo-nos e disfrutar o momento que é jogar um Mundial”, aconselha.
Diogo Alves recorda a final de forma caricata. “Quando o jogo acabou os meus colegas vieram saudar-me e eu só queria beber água. Não queria festejar… só queria água”, relembra com nostalgia. “É um momento que não se consegue explicar. Na altura em que acaba o jogo nem sabemos se estamos ali ou a sonhar. Só quando me deram a taça para as mãos é que acreditei”, afirma.
“União do grupo”, por Diogo Neves
Entre o seleccionado português de 2013, Diogo Neves foi eleito – ainda que de forma oficiosa – o melhor jogador da prova. Agora, na constelação de estrelas da Ok Liga, Diogo não consegue escolher apenas um factor determinante. “Não se trata de um factor específico mas antes um conjunto de factores. Penso que o que mais contribuiu para o sucesso em 2013 foi a união do grupo e o espírito de equipa, aliado a um grande espírito de sacrifício e muito trabalho”, refere, augurando sucesso à geração deste ano. “A nossa selecção de Sub-20 deste ano tem muito valor, os técnicos são fenomenais e - eles sim - sabem como ganhar um Mundial. Penso que têm tudo para triunfar e voltar a fazer história”, auspicia.
“Muito trabalho”, por Diogo Rodrigues
Não faltaram “Diogos” na geração campeã do Mundo em 2013. Diogo Rodrigues, guarda-redes que é reforço do Candelária, aponta também o “dedo” à união mas sublinha primeiro o trabalho necessário.
“Um Mundial ganha-se com muito trabalho e união. Penso que são estes os dois factores-chave para ganhar uma competição como esta”, afirma, justificando. “Por um lado, o trabalho necessário todos os dias na preparação do Mundial, focados no objectivo de o vencer. Por outro, a união irá fazer a diferença nos momentos de decisão, estando todos juntos e puxando e incentivando-se uns aos outros”, diz.
“Acreditar”, por Hélder Nunes
O capitão em 2013, o primeiro a sentir o troféu máximo do escalão de Sub-20, foi Hélder Nunes, uma certeza do nosso hóquei em patins e já presença assídua na selecção principal. O jogador do FC Porto fala-nos da necessidade de uma crença inabalável.
“Tem de se pensar jogo a jogo, acreditar no valor da equipa e do grupo, acreditar no trabalho feito pelos atletas nos clubes e nas selecções e pela família que se constrói no pouco tempo de preparação que se tem”, refere. “É um processo longo de trabalho que se faz desde que sonhamos em representar o nosso país para no fim dar alegrias àquelas pessoas que sempre nos apoiam”, sublinha, sem esquecer a necessária “estrelinha” de campeões. “É óbvio que é preciso ter a sua cota-parte de sorte mas a sorte também se procura e se trabalha”, explica. “Fomos campeões mundiais de sub-20 acreditando que tínhamos valor e acreditando que aquela família que se tinha construído remava toda num só sentido, o da vitória”, afirma.
“Grupo unido”, por João Paulo Candeias
João Paulo Candeias terá esta época um novo desafio no Póvoa, depois de ter estado ao serviço do Óquei de Barcelos.
O avançado destaca desde logo a importância da Selecção contar com dois jogadores já campeões. “Ganhar um campeonato Mundial é algo que tem um sabor inacreditável e é muito positivo termos jogadores nesta nossa Selecção que vai disputar o Mundial que já sabem o sabor dessa conquista”, observa, explicando o que considera fundamental. “O essencial é ter um grupo muito unido, com muita vontade de vencer e com grande espírito de sacrifício e perseverança, em que todos puxem para o mesmo lado. Tanto os que jogam mais como os que jogam menos, porque todos têm a mesma importância”, ressalva. ”Têm de vestir as cores do nosso país com grande orgulho em representar a nossa nação e serem felizes no que melhor sabem fazer”, deixa como conselho. “A nossa Selecção tem muita qualidade e confio plenamente que vão conquistar este título Mundial, com todos os portugueses a torcer por eles”, confia.
“Espírito de equipa”, por Pedro Cerqueira
Pedro Cerqueira, jogador da Sanjoanense, não esquece o momento vivido na Colômbia. “Foi uma sensação indiscritível, o culminar de muito esforço e dedicação”, conta ao HóqueiPT. “Quando se ganha um Campeonato do Mundo é como se atingisses um objectivo da tua vida. Este é o título máximo dos escalões de formação a nível de selecções e poder conquistá-lo com os meus companheiros é muito bom e muito gratificante, tanto para mim como para o nosso País”, destaca.
O jogador indica o rumo. “Só se consegue com muito trabalho, um espírito de equipa incrível e muita união do grupo todo, incluindo atletas, directores e - principalmente - os treinadores, que têm a tarefa muito difícil de gerir as emoções jogo após jogo até à final”, salienta.
“Humildade”, por Xavier Cardoso
Xavier Cardoso viveu entre 2013 e 2014 uma época extraordinária. Campeão do Mundo de Sub-20, campeão nacional de Sub-20 e campeão nacional da I Divisão. Uma temporada de ouro ao serviço da selecção nacional e do Valongo – onde será figura na próxima época – que não se conquista por acaso. "Precisamos de alguns argumentos, muito para além do talento e da vontade”, começa por afirmar.
“A humildade e o espirito de sacrifício são algumas das premissas mais importantes para se alcançar o que para muitos é um sonho - para mim também era - e que felizmente consegui alcançar”, analisa, vincando o necessário orgulho de defender as cores de Portugal. “Um dos lemas mais importantes quando se representa Portugal é, nada mais, nada menos, do que «Só se baixa a cabeça para beijar as quinas!»”, conclui de forma entusiasta.
#SPACE
Como se ganha então um Mundial de Sub-20? Em equipa, com tudo o que “equipa” significa: união, coesão, espirito de sacrifício. E trabalho. Resumindo assim, em meras palavras, não parece complicado. Agora, “só” falta colocá-las em prática.
Domingo, 20 de Setembro de 2015, 10h18