A despedida perfeita de Rafa
Sem anúncio prévio, sem alaridos, sem homenagens, Rafa despediu-se da selecção portuguesa como campeão europeu. Um ciclo que se fecha após presença em 10 grandes competições consecutivas para um jogador que, muitos dizem, 'não sabe jogar mal'.

Terá sido comunicado antes do arranque do estágio, e só foi tornado público após o apito final do Campeonato da Europa. Rafa deixa a Selecção Nacional.
José Rafael Costa, Rafa Costa, ou, simplesmente, Rafa. Toca piano, eventualmente falará francês, e joga Hóquei em Patins como poucos. Natural de Viana do Castelo, "nascido" e criado em Barcelos, completará 34 anos em Novembro, e passa o testemunho na selecção das quinas como campeão europeu.
Mediaticamente discreto, Rafa cumpriu em Paredes a 10ª grande competição consecutiva por Portugal. Campeão europeu júnior em 2010, estreou-se pela selecção absoluta em grandes competições no Campeonato do Mundo de 2015, em La Roche-sur-Yon, em França, seguindo-se os Europeus de 2016 (Oliveira de Azeméis), 2018 (Corunha), 2021(Paredes), 2023 (Sant Sadurní d'Anoia) e 2025 (Paredes), alternados com os Mundiais de 2017 (Nanjing), 2019 (Barcelona), 2022 (San Juan) e 2024 (Novara).
Conquistou o Campeonato da Europa em 2016, o Campeonato do Mundo em 2019, e, agora, novo Europeu. Um pecúlio demasiado parco para ele. Pouco para uma geração talentosa.
Talvez numa lição aprendida, não houve pré-anúncio da retirada e, por isso, também não houve burburinho, não houve homenagens em plena competição, não houve perda de foco. Apenas vontade de ganhar.
Ao lado do seleccionador Paulo Freitas, que agora será seu treinador no Porto, falou em conferência de imprensa no orgulho no seu percurso de quinas ao peito, apesar de lamentar não ter conquistado mais títulos.
A temporada finda tinha sido marcada por uma lesão. Quando regressou, mostrou-se em grande forma, e foi fundamental para a conquista do Campeonato Placard. E, agora, para a conquista do Europeu. Terá sido o melhor jogador de pista de Portugal da fase regular, aquele que conseguia fazer algo para tirar a equipa do marasmo em que se parecia afundar.
Muitos adversários e adeptos mais atentos já o apontavam como o melhor jogador português nos últimos anos. Um jogador que "não sabe jogar mal". E teve um discurso à altura, lembrando que já no Porto a equipa tinha sido alvo de críticas e também terminou campeã.
Formado no Óquei de Barcelos, Rafa rumou ao Porto em 2009, ainda Sub-20, mas também para dar o seu contributo à equipa principal. Até 2011, ajudou à conquista dos dois últimos títulos do "deca" azul-e-branco, partindo depois para Braga. Um ano volvido, em 2012, regressava ao Óquei, reforçando em 2013 um Valongo que seria campeão nacional.
Rafa tinha definitivamente conquistado o seu espaço, e o Porto chamou-o de volta. Terminadas as celebrações do Europeu, iniciará a sua 12ª temporada de dragão ao peito. É o jogador há mais épocas consecutivas no Porto. E é, em todos os sentidos, um craque.
Segunda-feira, 8 de Setembro de 2025, 14h07