Alvarinho e 'la felicità' das pistas italianas
Não teve espaço no Porto ou Sporting, mas ganhou a aposta italiana. Depois de muitos golos na época finda, a valerem a 'inesperada' chamada à selecção das quinas e o título europeu, Alvarinho assinou mais um póquer - o quinto - pelo Trissino na Serie A1.

Foi uma ronda de muitos golos na italiana Serie A1. Foram 65, contra 34 do português Campeonato Placard e 37 da espanhola OK Liga. Entre portugueses, João Almeida apontou um golo na vitória do Trissino sobre o Forte por 4-10, Bruno Dinis e Xavi Cardoso bisaram na vitória do Azzurra Novara de Bruno sobre o Giovinazzo de Xavi (e Bruno Guia) por 9-5. Pelo Valdagno, que perdeu 4-6 na recepção ao Viareggio, Tiago Sanches marcou um e Lucas Honório bisou, segurando a liderança na lista de melhores marcadores. Agora, com Alvarinho a "morder os calcanhares".
Alvarinho assinou este sábado um póquer em Forte dei Marmi. O internacional português fez quatro golos consecutivos no fecho da primeira parte e na abertura da segunda, fazendo "saltar" o resultado de 3-4 para 3-8 em oito minutos contados. À 2ª jornada, este foi o primeiro póquer logrado por Alvarinho na presente edição da Serie A1, mas já o quinto no principal campeonato italiano.
Em 2024/25, assinou póquer em dois jogos consecutivos a 5 e 12 de Janeiro, frente a Giovinazzo e Bassano. Em Abril, fez o mesmo a Azzurra Novara e, já no play-off, novamente ao Giovinazzo. Foi uma época extraordinária a que parece dar continuidade.
Do Porto a Trissino
Álvaro Morais, Alvarinho desde muito cedo, partiu para Itália, e para o Trissino, no defeso de 2024. Em Portugal, formara-se no Porto, capitaneando os escalões jovens, mas rumou ao Valongo, ainda Sub-17, para depois se sagrar campeão nacional no histórico título valonguense de 2014.
Regressou aos dragões em 2015, mas não se impôs às ordens de Cabestany. Foi cedido ao Óquei de Barcelos para uma boa temporada, e em 2017 voltava ao Porto. Novamente sem minutos, comprometeu-se com o Sporting a precaver o final de contrato (como recentemente fizeram Roc Pujadas e Diogo Barata), mas não reforçou de imediato os leões.
Esteve mais duas temporadas, entre 2018 e 2020, no Óquei de Barcelos, uma espécie de recorrente porto de abrigo, seguro, com espaço para mostrar os seus argumentos, antes de reencontrar Paulo Freitas, que o orientara na primeira passagem pelos barcelenses, agora no Sporting.
De novo num "grande" (do futebol), voltou a não ter o espaço que precisava. Por exemplo, não foi convocado para qualquer dos quatro jogos da triunfante campanha do Sporting na mais importante prova europeia. E, em 2021, regressou ao "seu" Barcelos.
Depois de mais três temporadas no "maior de Portugal", aceitou o desafio de se aventurar para lá dos Alpes. E o seu impacto no Trissino - primeiro de Tiago Sousa, agora de João Pinto - tem sido digno de registo. Uma autêntica vida maravilhosa nas pistas italianas. "La felicità", a felicidade.

Na sua primeira época nos "trissinesi", Alvarinho apontou 38 golos em 26 jogos na fase regular da Serie A1, e mais 11 em 10 jogos do play-off. Na Coppa Italia, marcou três golos em outros tantos jogos. O Trissino conquistou ambas as competições.
Esta época, o Trissino já disputou quatro jogos oficiais, e Alvarinho marcou em todos. Marcou um golo em cada um dos dois jogos da Supercoppa, frente ao Lodi, e já marcara um na ronda inaugural da Serie A1, frente ao Azzurra Novara. Agora, foram quatro.
Chamada "inesperada"
A excelente primeira temporada em Itália - e 11 golos em 12 jogos da Champions League - poderia justificar, só por si, a chamada à selecção portuguesa. Mas há 17 anos, desde que os "bassanesi" Ricardo Pereira e Luís Viana foram chamados ao Europeu de 2008, que um português da "periférica" Serie A1 não "merecia" a convocatória para a selecção das quinas. E ainda mais inesperada seria tendo em conta que o seleccionador Paulo Freitas estivera com o jogador em Barcelos, mas, no Sporting, com outras opções, lhe dera poucas oportunidades.
De facto, no recente Europeu de Paredes, Alvarinho também não terá tido os minutos que desejaria e que poderia ter, mas foi importante na "esquisita" campanha lusa até ao título. Apontou seis golos no Europeu, terminando como o melhor marcador português, catapultado pelos quatro golos frente a Andorra. De resto, marcou no primeiro jogo, frente a Itália, e no último, na final, frente a França, frio na cobrança de um livre directo. Como nas "meias" fora frio - e eficaz - no desempate por grandes penalidades com a Espanha.

Aos 29 anos, este foi o quarto título de quinas ao peito para Alvarinho. Depois de um 3º lugar no Europeu de Sub-17 em 2012, venceu os Campeonato da Europa e Campeonato do Mundo de Sub-20 em 2014 e 2015. Volvido um ano, venceu a Taça Latina, de Sub-23, como "benjamim" da selecção em 2016. Voltou a nova Latina em 2018, mas essa foi para esquecer, e parecia definitivamente afastado da selecção absoluta.
Domingo, 19 de Outubro de 2025, 19h55