Um empate que soube a pouco, mas historicamente vale muito
O Trissino esteve a vencer por dois golos em duas ocasiões no Palau Blaugrana, mas, queixando-se da arbitragem, acabou por ceder o empate. Ainda assim, o ponto ganho é um feito - ainda maior para italianos - na (quase) inexpugnável fortaleza do Barcelona.

O Palau Blaugrana já não é "solo sagrado" nas competições europeias como foi em tempos. O Barcelona, ainda (destacadíssimo) recordista de conquistas na mais importante prova europeia, não vence a competição desde 2018 e, por exemplo, nos cinco jogos da fase de grupos que recebeu, empatou três, frente a Porto, Óquei de Barcelos e Reus.
Esta época, com Ricardo Ares a assumir o leme, o Barcelona venceu na 1ª jornada, em Reus, e, para a 2ª, recebeu o Trissino, campeão italiano, esta quinta-feira. O histórico era favorável aos catalães, mas o Trissino de João Pinto "arrancou" um empate.
Aliás, quem "arrancou" o empate foi, de facto, o Barcelona. Os blaugrana nunca estiveram na frente do marcador, estiveram a perder durante 28 minutos, e em desvantagem de dois golos com o 0-2, com carimbo português de Guilherme Silva e Alvarinho, e o 2-4, "patrocinado" por um bis do catalão Jordi Mendez.
A igualdade a quatro surgiu com um golo com a perna de Marc Grau. Sem SRV, ficam as queixas do Trissino sobre a dupla de arbitragem portuguesa (Miguel Guilherme e Teófilo Casimiro). Mas também fica um ponto que não é para todos. E muito menos para italianos.
Quarta vez
Esta foi apenas a quarta vez na História que uma equipa italiana não saiu derrotada da visita ao Palau Blaugrana para a Champions League, ou as anteriores Taça dos Campeões Europeus e Liga Europeia.
Por acaso, um dos casos foi logo na estreia do Barcelona na prova que viria a dominar. Em 1973, o Barcelona empatou a quatro na pista do Hockey Novara - de "Mino" Battistella e do "holandês voador" Robert Olthoff - e não foi além de um empate a seis no Palau Blaugrana, mas levou a melhor no desempate por grandes penalidades. O primeiro passo para o primeiro de 22 títulos.
De 1973 até o empate de ontem, as equipas italianas evitaram a derrota em apenas duas outras ocasiões. E, melhor, venceram.
Em 1987/88, depois de um empate a quatro em Itália, o Hockey Novara, treinado por Jaime Cardoso, e com Tommaso Colamaria, Stefano Dal Lago, Enrico Bernardini, Francesco Amato, Pablo Cairo e Vítor Hugo, venceu por 4-5, nos quartos-de-final, o Barcelona de Quim Paüls e Carlos Realista, num jogo arbitrado pelo português Vítor Belguinha.
O Novara seguiu até à final, mas perdeu com o Liceo e só quase 20 anos depois é que uma equipa italiana (o Follonica, em 2006) ganhou a mais importante prova europeia de clubes.
Em 2016/17, a derrota do Barcelona teve final feliz. Também na segunda mão de uns quartos-de-final, e também com arbitragem portuguesa (de Paulo Rainha e Rui Torres), o Forte de "Nolito" Romero venceu por 3-4 no Palau Blaugrana, mas foi insuficiente para a equipa italiana virar a derrota por 1-3 na primeira mão.
De resto, estas foram as duas únicas derrotas do Barcelona em casa para a Champions League em tempo regulamentar. A que se junta apenas mais uma nas grandes penalidades, em 2008/09 frente a um Reus que se sagraria campeão.
Afirmação europeia do Trissino
No momento actual de um Barcelona que não convence, a divisão de pontos não é uma surpresa total. Até porque o Trissino vai enfrentando as equipas portuguesas e espanholas "olhos nos olhos".
Em 2022, o Trissino sagrou-se campeão europeu em Torres Novas, numa edição marcada pela ausência dos ditos "tubarões".
Muitos desvalorizaram o segundo título europeu de clubes de uma equipa italiana, mas os pupilos de Alex Bertolucci deram prova de valor na edição seguinte, vencendo, na fase de grupos, o Porto por 6-2, empatando no Dragão Arena a três. O Trissino caiu num desempate por grandes penalidades nos quartos-de-final, e os dragões foram campeões... mas sem conseguir vencer o Trissino.
Nas últimas duas temporadas, a equipa italiana voltou a chegar aos quartos-de-final, agora a duas mãos. Logrou empatar um dos jogos, mas cairia frente a Oliveirense e Noia.
Na próxima jornada, a 11 de Dezembro, o Trissino - que, para além de Alvarinho, Guilherme Silva e do treinador João Pinto, conta com os também portugueses João Almeida e o adjunto David Pereira - recebe o Reus.
Sexta-feira, 21 de Novembro de 2025, 21h35







