O campeonato do Sporting: Aposta forte, fraco desempenho
O Sporting perdeu esta quarta-feira em Viana do Castelo por 2-1 e, com a vitória do Paço de Arcos em Turquel (4-6), desceu ao oitavo lugar do Nacional da I Divisão.
À nona jornada, com um terço do campeonato cumprido, os leões surgem na segunda metade da tabela, a 13 pontos do líder Benfica (que ainda tem um jogo em atraso) e, principalmente, a nove pontos do quarto, último lugar de acesso à Liga Europeia, prova europeia máxima de clubes.
Os leões até marcaram primeiro por João Pinto, mas Diogo Fernandes restabeleceu a igualdade antes do intervalo. Já na segunda parte, o segundo tento vianense ilustra o desnorte do momento leonino. Tiago Losna ficou como último homem e perdeu a bola enquanto Ricardo Figueira rendia Estebán Abalos.
Mais do que a derrota, fica a incapacidade do Sporting importunar a Juventude de Viana em toda a segunda parte, e um baixar de braços confrangedor quando a diferença no marcador era mínima. As melhores oportunidades pertenceram mesmo aos anfitriões com dois vianenses a surgirem isolados na cara de Girão num contra-ataque e num livre directo de Tó Silva, na 10ª falta leonina. Ângelo Girão evitou o terceiro tento em ambas.
Ambição
Depois de na última época ter falhado o apuramento para a Liga Europeia na última jornada mas ter chegado à final da Taça de Portugal e, particularmente, ter conquistado a Taça CERS, o Sporting apostou forte para a nova temporada. Saíram os pouco utilizados Nico Fernández e Carlitos, o jovem André Pimenta foi cedido por empréstimo ao Turquel e André Moreira acabou – já depois de iniciada a temporada – por rumar ao Candelária, sem espaço num plantel que recebeu quatro certezas.
A aposta foi fundamentalmente na experiência. A Luís Viana (Juventude de Viana), Cacau (Breganze) e Estebán Abalos (Benfica) juntou-se André Centeno (também Juventude de Viana) e a equipa perfilou-se como candidata ao título, praticamente “certa” numa corrida que seria a quatro com Benfica, Oliveirense e FC Porto. Mas tal obrigaria a uma filosofia de jogo que não foi a que granjeou alegrias aos adeptos leoninos em 2014/15…
Percurso irregular
As expectativas estavam em alta para a nova época e o Sporting realizou um início de sonho. Conquistou a Supertaça António Livramento numa saborosa vitória sobre o rival Benfica por 2-4, venceu na jornada inaugural do Campeonato a Sanjoanense por claros 8-2 e na primeira mão da Taça Continental bateu o todo-poderoso Barcelona por 2-0.
Depois veio a inesperada derrota em Braga (4-2), um “solavanco” que muitos atribuíram ao facto da “cabeça” já estar no Palau. No entanto, na segunda mão da Continental, o Barcelona venceu 5-1 e arrecadou o troféu. O rombo anímico foi agravado no regresso a Portugal, marcado por uma pesada derrota por 9-0 na Luz.
Três jogos fora com três desaires foram o prenúncio de “saídas” pouco proveitosas. Nos 12 jogos realizados, o Sporting jogou sete vezes longe do Livramento (uma delas em “campo neutro”, para a Supertaça), somando cinco derrotas, com um total de 11 golos marcados (menos de dois por jogo) e 32 sofridos.
O elevado número de golos sofridos encontra justificação nas pesadas derrotas da Luz e do Dragão (8-0). O desaire no Clássico do Dragão Caixa marcou o fim de uma retoma que se avistava depois de uma excelente vitória com o Valongo (4-1), que se seguia à única vitória fora para o campeonato, no Pico (4-7). Antes o Sporting recebera e empatara 3-3 com o Barcelos, já assumido como adversário directo na corrida aos quatro lugares de topo.
À oitava jornada, novo empate a três com uma Oliveirense que ainda só tinha vitórias poderia ser o tónico para encetar nova retoma, mas tal acabou por não se confirmar em Viana do Castelo…
Com três vitórias, dois empates e quatro derrotas no Nacional da I Divisão, os leões totalizam nesta temporada 2015/16, cinco vitórias em 12 jogos oficiais, cinco derrotas (todas “fora”) e dois empates (ambos em casa). Longe do Livramento, o Sporting venceu “apenas” em Aljustrel – terreno neutro, na conquista da Supertaça – e no Pico. Nas contas dos golos, marcou 35 golos e sofreu 43. Nos nove jogos do Campeonato, o saldo é de 28-36.
Um ano depois
O percurso do Sporting no Nacional da I Divisão é ainda mais atípico se for feita uma comparação com as nove primeiras jornadas da pretérita temporada. Tendo defrontado Benfica, o então campeão nacional Valongo, Porto e Barcelos, os leões somavam 22 pontos, fruto de sete vitórias, um empate com o FC Porto no Livramento e apenas uma derrota, na Luz, pela margem mínima (3-2).
Os 22 pontos valiam ao Sporting o terceiro lugar, a três pontos do topo da classificação, e em golos, o saldo no campeonato era igualmente bem mais positivo: 38 golos marcados e 17 sofridos. Ou seja, nas nove primeiras jornadas de 2014/15, o Sporting tinha sofrido tantos golos como esta época só nos confrontos com os rivais Benfica e Porto, ainda que Ângelo Girão continue a revelar-se consecutivamente como um dos melhores elementos dos leões.
Nuno Lopes para as provas a eliminar
Hipotecadas as hipóteses do título e com os quatro primeiros a alguma distância, a posição de Nuno Lopes está longe de ser a mais grata.
O técnico teve na última época um trabalho meritório de galvanização defensiva dos seus jogadores. Em Março, ganhou a aposta de cerrar fileiras e conquistou com a Taça CERS o "passe" para a nova temporada. Poderá o Sporting, face ao percurso até ao momento, arriscar-se a colocar os quatro primeiros lugares em risco para apostar na fórmula que resultou nas provas a eliminar?
Isento da primeira eliminatória, o Sporting defronta agora na Taça CERS os alemães do Cronenberg nos oitavos e tem o caminho aberto para a Final Four. Caso passe os germânicos, tem pela frente o vencedor da eliminatória entre os italianos do Sarzana e os suíços do Uttigen, teoricamente acessíveis. Já na Taça de Portugal, tudo depende do sorteio e tudo está em aberto. Entretanto, no Campeonato, o Sporting tem na próxima jornada uma soberana oportunidade de voltar às vitórias, recebendo na "fortaleza" do Livramento o actual antepenúltimo, Académico de Cambra.
Quinta-feira, 3 de Dezembro de 2015, 22h56