O campeonato do Sporting: Xeque a Nuno Lopes
A popularizada “chicotada psicológica” costuma ser a ferramenta mais recorrente para virar resultados e exibições. Embora seja mais frequente no futebol do que no hóquei em patins, é interessante notar que desde o regresso à I Divisão, o Sporting mudou duas vezes de treinador e ambas a meio do campeonato.
Artur Pereira iniciou a temporada 2012/13 mas saiu em Dezembro, sendo substituído por Hugo Gaidão (HC “Os Tigres”). O técnico que esta época rumou à Alemanha iniciaria a temporada 2013/14 mas também não a conseguiria levar até ao fim, saíndo em Fevereiro de 2014 para ser rendido por Nuno Lopes (SC Tomar).
O actual técnico leonino garantiu a manutenção no final dessa época e, tendo a “estrelinha” de estar no sítio certo no momento em que o contexto de investimento se tornou totalmente distinto dos que Artur Pereira e Hugo Gaidão (e também Nuno Lopes nos primeiros meses) viveram, já superou a permanência dos anteriores, iniciando a pretérita temporada e a corrente. E com Nuno Lopes ao leme, os leões já garantiram dois títulos – CERS e Supertaça António Livramento -, a que se junta uma presença na final da Taça de Portugal.
Caso o clube decida abdicar de Nuno Lopes para tentar dar a volta à irregularidade da equipa e evitar que o momento anímico “transborde” para outras competições, que soluções se poderão perfilar? Num exercício meramente – e assumidamente – especulativo, há várias possibilidades, incluindo vários treinadores cujos nomes, num ou noutro momento, já foram badalados como futuros comandantes da nau leonina.
Um nome que permanecerá em cima da mesa, já falado – e contactado – ainda com 2014/15 em curso, é o do actual treinador do Óquei de Barcelos, Paulo Freitas. O técnico fez um excelente percurso na última temporada e tem um projecto consolidado em Barcelos, com equipa para muitos anos e que tem consecutivamente galgado posições na classificação final.
Depois de presença na Final Four da CERS e do sexto lugar do ano passado (imediatamente atrás do Sporting), o Óquei segue este ano em quarto, com nove pontos de vantagem sobre os leões, e já defrontou os três primeiros. Com esta opção, o Sporting infligiria também um rude golpe a um adversário directo pelos quatro primeiros lugares.
Já sobre o final da temporada e desde que foram conhecidas as apostas da secção leonina para reforço do plantel - Cacau, Viana e Estebán Abalos - que muito se falou da entrada de Luís Sénica, actual seleccionador nacional e ex-treinador do trio no Benfica. O técnico conquistou tudo ao serviço das águias e o seu reconhecimento como figura estabelecida da modalidade seria bem-vindo ao reino do Leão. Entre os rumores, aponta-se a falta de infra-estruturas - em concreto do pavilhão, que estará pronto no final de 2016 - para a não concretização de um eventual "negócio" imediato com o metódico técnico.
Se o foco for sobre a política de reforços, outro técnico que conhece bem os jogadores que se juntaram aos leões é Carlos Dantas. Optando por se afastar dos bancos por motivos de saúde, Dantas abraçou a direcção desportiva do Paço de Arcos mas, já refeito, deixou o projecto entretanto. Carlos Dantas é um histórico da modalidade, cuja personalidade muito vincada poderia colidir com alguns elementos da estrutura leonina.
No "mercado", hipóteses menos badaladas mas que poderão ser tidas em conta face à sua viabilidade são as de Luís Duarte, José Querido ou Pedro Alves, cada um com os seus argumentos.
Luís Duarte é um treinador vencedor de quinas ao peito, com três europeus e dois mundiais de Sub-20 desde 2010. A escolha poderia encontrar ainda mais justificação se o Sporting tivesse uma aposta análoga à do Porto, na juventude. Na actual conjectura leonina, a opção Luís Duarte teria de passar pela aceitação no seio de um plantel muito experiente, sendo que o afastamento do treinador do trabalho diário de clube - bem distinto do de selecção - há alguns anos, poderia ser um factor a ter em conta.
Outro tipo de afastamento joga contra José Querido. O técnico está afastado dos rinques nacionais desde 2013, altura em que deixou o Óquei de Barcelos para rumar ao Chile. Pese estar a realizar um trabalho estruturante, da base aos seniores, passando pelos femininos, no Vilanova, Querido veria certamente com bons olhos o regresso a Portugal, a uma realidade mais competitiva. Experiente, com um nome sonante e com currículo, encaixa na filosofia de aposta que a secção seguiu na pré-temporada.
Se José Querido tem experiência, Pedro Alves - pupilo de Querido no Barcelos - peca pela falta dela no banco. Mas é um histórico que deixou saudades no Sporting, com carisma, capitão da selecção campeã do Mundo em 2003 em Oliveira de Azeméis ao lado de Luís Viana e Ricardo Figueira. Treinador desde o ano passado, acumulando com funções em rinque, arrumou este ano definitivamente os patins para orientar o Genève no campeonato helvético.
Outra possibilidade, numa ruptura total, seria num técnico estrangeiro, nomeadamente espanhol, mas tal colidiria com o requisito de experiência no campeonato português que a estrutura definiu. Poderia a ambição leonina - e o seu vigor financeiro - tirar por exemplo Carlos Figueroa do "exilio" hoquístico a que se remeteu? Ou será possível sonhar alto - muito alto - com Carlos Feriche, também “exilado” depois de um pentacampeonato Mundial pela Espanha? Ou atacar uma outra figura de topo da OK Liga?
São meras suposições, um "jogar" de nomes com mais ou menos sentido para uns ou para outros. Para já, o comando técnico e a espinhosa tarefa de levar o barco a bom porto está nas mãos de Nuno Lopes que em 2013/14 garantiu a manutenção e em 2014/15 ganhou a CERS. E, este ano, a Supertaça António Livramento já ninguém lha tira.
Sexta-feira, 4 de Dezembro de 2015, 8h31