O título tão perto, 30 anos depois da lição de Livramento
O Sporting tem este sábado uma oportunidade de ouro para conquistar o oitavo título de campeão nacional da sua história, 30 anos volvidos sobre o sétimo.
Em 1988, o título foi garantido na última jornada, na Luz, num duelo à distância com o Porto, rival deste sábado. Sob a orientação do mestre António Livramento, o Sporting foi o mais forte de um campeonato a 26 jornadas, como o actual, terminando com o melhor ataque (186 golos marcados), mas - num paradigma totalmente diferente - apenas a quarta melhor defesa, com 87 golos consentidos, pior que Porto (68), Paço de Arcos (72) e Juventude de Viana (76).
Com um saldo de 21 vitórias e cinco derrotas, tantas derrotas como o Paço de Arcos e até mais que o Porto (apenas quatro), os leões conquistaram o título com 68 pontos [três por vitória, dois por empate e um por derrota], superando Porto (65) e Paço de Arcos (64).
Em 1987/88, o Sporting venceria, então na Nave, o Porto por 4-3, mas à 21ª jornada, ficando ainda cinco jogos por disputar e muito por decidir.
O Sporting contava com os malogrados João Campelo e JamPê, o guarda-redes galego Gelásio, o líder Pedro Trindade e quatro jovens jogadores que escreveriam páginas brilhantes no Hóquei em Patins nacional e internacional: Vítor Fortunato, Paulo Almeida, Paulo Alves e Pedro Alves. "Tenho tido grandes alegrias na minha vida de desportista, mas esta vitória teve um sabor muito especial, porque foi conseguida por esta juventude em quem eu sempre acreditei e que constitui uma grande irmandade", declarou Livramento à A Bola no final da partida que valeu o título. O Sporting venceu na Luz por 1-3, na última vitória no reduto do eterno rival... até ao passado sábado.
Afirmação definitiva com vitória na Luz
No início da presente edição do Campeonato Nacional, o Sporting era apontado como um dos candidatos, mas numa segunda linha em relação a Porto, Benfica e até Oliveirense. Sério, pragmático, sem alaridos, o Sporting não teve deslizes e só perdeu pontos à 11ª jornada, no primeiro Dérbi (empate a três) no João Rocha. Nesse jogo, com o Sporting a vencer por 3-1, Font desperdiçou de livre directo a machadada final. Na jornada anterior, na Luz, com o jogo empatado a três, o jovem catalão não falhou e lançou os leões para uma vitória que coloca o grupo orientado por Paulo Freitas com a hipótese de conquistar o título já este sábado.
Entre os dérbis com o eterno rival, houve 12 jogos e o Sporting só perdeu um jogo - no Dragão Caixa e pela diferença mínima (2-1) - e empatou outro - em Barcelos, a duas bolas. É um percurso alicerçado numa defensiva sólida, o que, olhando para o plantel à disposição de Paulo Freitas até pode ser um contra-senso. À frente do muro Ângelo Girão só há dois verdadeiros defesas. Mas Matías Platero e Henrique Magalhães, ambos reforços desta temporada, parecem muitos mais, tal a forma como antecipam jogadas, anulam adversários e se desdobram para o ataque, num ritmo muitas vezes contido, mas quase sempre isento de erros. O Sporting tem apenas 41 golos sofridos, menos 18 que o segundo mais eficaz defensivamente, o Benfica. Mas isso é também mérito de Gil, Caio, Font, Perez, João Pinto e Vítor Hugo, solidários e voluntariosos a defender. E também com argumentos para desfeitear os guarda-redes adversários, somando a equipa 129 golos, com Vítor Hugo a destacar-se com 28 golos, secundado por Caio e Toni Pérez, com 21 cada.
Com uma história intermitente desde o título de 1988, o Sporting regressou à I Divisão em 2012 e terminou em 12º. Na temporada seguinte (2013/14) foi nono. Depois, quinto, já apontado a um dos quatro lugares da Liga Europeia. Não entrou na montra maior, mas ganhou a Taça CERS. Em 2015/16 conseguiria o quarto lugar e o regresso à Liga Europeia. No ano seguinte, não passaria da fase de grupos na mais importante prova de clubes da Europa, mas repetiria o quarto lugar, consolidando-se nos lugares cimeiros da tabela nacional. Com passos firmes, o Sporting chegou este ano à Final Four da Liga Europeia. E tem o título de campeão nacional ao seu alcance.
Sábado, 2 de Junho de 2018, 1h19