«Com 10 anos dizia a toda a gente que o meu sonho era Barcelos, Porto e Barcelona...»
Hélder Nunes, apontado por muitos como o melhor jogador da sua geração - e, quiçá, da actualidade -, esteve no “Vamos Falar de Hóquei em Patins”.
No rescaldo do primeiro ano no Barcelona, Hélder Nunes não está totalmente satisfeito, mas frisa que se haveria campeão justo na Europa, seria o Barcelona. O internacional português de 26 anos sentiu na pele um sentimento “anti-Barça” que leva à valorização extrema das derrotas dos “blaugrana”. Como na decisão da Supertaça com o Reus, seguida da derrota no Riazor com o Liceo na jornada inaugural da OK Liga…
No entanto, a derrota nessa primeira jornada – a 20 de Setembro – seria a única para a OK Liga, seguindo-se 24 triunfos consecutivos, culminando, a uma jornada do fim da fase regular, no melhor ataque (158 golos marcados, mais 32 que o Liceo), com 17 golos com a assinatura Hélder, e a melhor defesa (apenas 43 golos consentidos, menos oito que o Liceo).
De resto, na temporada e depois dessa tal (distante) derrota na Corunha, o Barcelona só não terminou vencedor numa das cinco partidas realizadas para a Liga Europeia, quando empatou a cinco na recepção ao Benfica. Com mérito dos encarnados na recuperação de um 5-2, destaca, mas também com a consciência dos jogadores de Edu Castro de que o empate seria suficiente para defenderem com sucesso o primeiro lugar no grupo C.
Acabou por ser, por motivos bem diferentes, mais uma oportunidade perdida de conquistar a Liga Europeia. De dragão ao peito oram quatro finais, em que o título escapou por pouco. Mas Hélder, apesar desse ser o grande título que lhe falta, não faz disso uma obsessão, vincando que importante foi sempre estar nas decisões, não necessariamente vencer.
Hélder Nunes sempre foi visto como um prodígio. Despontou muito jovem, no Óquei de Barcelos, na altura porque era “grande”, “muito maior que os outros”, conta-nos. O sonho de pequeno era o trajecto de Óquei de Barcelos para o Porto e dali para Barcelona.
O Braga de Vítor Silva “intrometeu-se” nesse trajecto em 2009, e a vida do jovem Hélder em Barcelos não foi fácil. Perdeu alguns amigos, mas ganhou definitivamente estatuto no Hóquei em Patins. Pelos bracarenses, jogava à sexta, ao sábado e ao domingo, nos Sub-17, Sub-20 e Seniores. Nos Sub-17, havia quem apontasse injustiça à sua utilização, mas aproveitava para experimentar coisas novas, como jogar do “lado contrário”, que lhe permite ser “competente” a rematar à esquerda ou à direita, relata-nos com a boa disposição que o caracteriza.
Depois de três anos em Braga, chegou ao Porto. Com 18 anos e na expectativa de ser o último a entrar num plantel competitivo. Mas teve a “sorte” de um castigo a Caio e de uma lesão de Reinaldo Ventura e somou minutos, experiência e ganhou o seu espaço. Em 2016, com 22 anos, entregavam-lhe a braçadeira de capitão. Um orgulho, apesar de frisar ser apenas quem transportava a braçadeira, tentando sempre liderar pelo exemplo. Era já campeão da Europa de selecções. E, antes de vestir a "blaugrana", sagrar-se-ia campeão do Mundo.
A sua projecção no Hóquei em Patins nacional e mundial valeram-lhe uma parceria com a Red Bull, que vai fazendo história. Do convite por sugestão de Filipe Bernardino à exigência de uma estrutura profissional, Hélder explica-nos também os contornos da ligação que podem levar o Hóquei em Patins a outro nível.
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Domingo, 17 de Maio de 2020, 21h51