Rui Carvalho deixa liderança da Associação de Clubes
Rui Carvalho, rosto da Associação Nacional de Clubes de Patinagem, apresentou a sua demissão da presidência da Direcção.
Na prática, é o Sobreira que deixa a presidência da Direcção, mas Rui Carvalho era o representante máximo do clube na ANACP e principal rosto de uma associação que se destacou no panorama nacional por apresentar ideias e por efectivamente as levar à prática.
À frente da ANACP desde 2012, Rui Carvalho dinamizou a associação e multiplicou o número de clube de associados, ascendendo de cerca de duas dezenas a seis dezenas. Na Assembleia Geral que teve lugar este sábado, com a ratificação da Sanjoanense como associada, apenas Os Tigres - entre as equipas que disputaram a I Divisão - não são já associados.
Rui Carvalho sai quase oito anos depois de ter assumido as rédeas de uma associação que ainda procurava o seu espaço, apesar de representar 35% dos votos nas Assembleias Gerais da Federação de Patinagem de Portugal.
No que ao Hóquei em Patins diz respeito, há a destacar a realização do Dia do Guarda-Redes e, inevitavelmente, da Elite Cup, prova que reúne na pré-temporada as oito melhores equipas da temporada anterior, com quatro edições já realizadas e com um sucesso retumbante... apesar de depender quase exclusivamente do esforço, da vontade e da iniciativa de Rui Carvalho.
Quando a ANACP tinha tudo para se afirmar num espaço de decisões, acabaria por ser ignorada na discussão dos novos modelos competitivos, levada a cabo directamente entre a FPP e os clubes, e não os representantes destes. Ainda que, nos 21 delegados eleitos da ANACP em Janeiro, clubes como Benfica, Oliveirense ou Óquei de Barcelos fossem mais uma vez deixados à margem.
A saída do Sobreira, deverá deixar o Porto, actual vice-presidente, na presidência, sendo que dos dois delegados dos dragões - Sousa Ribeiro e João Baldaia - poderá sair o sucessor de Rui Carvalho. Na próxima semana, deverá haver os necessários ajustes na Direcção, prevendo-se desde já a entrada da Criar-T (primeiro suplente) nos órgãos sociais.
«Aprendi e cresci com os bons e os maus exemplos de estar no dirigismo»
Através do facebook, Rui Carvalho assinalou a sua despedida da Associação Nacional de Clubes de Patinagem.
“Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos, não importa o nome que damos. O que importa é deixar no passado momentos da vida que já se acabaram.” Paulo Coelho.
Hoje termina um ciclo, em 2012, após os fatídicos 6 segundos do Europeu de Paredes, iniciei uma nova etapa na minha vida, a Presidência da ANACP – Associação Nacional de Clubes de Patinagem, foram 8 anos, 92 meses, 2828 dias dedicados a uma Associação Nacional que pretendia ganhar o seu espaço, que era vista com desconfiança, apelidada de “Nortada”, liderada por uns tipos “novos”, “que acham que mudam o mundo”…
Em 8 anos, assisti a uma mudança e a uma lufada de ar fresco…
Senti que tínhamos de marcar pela diferença, senti que existia uma lacuna de iniciativas que promovessem o Hóquei em patins…
Criei e organizei 5 edições do “Dia do Guarda-Redes”, 2 Encontros Nacionais de Mini Hóquei, 4 Elites Cup, 4 Formações Contínuas para Treinadores, entre outras iniciativas que hoje são referência e ajudaram a promover o hóquei em patins.
Com o passar dos tempos, ganhamos respeito, credibilidade, discutimos quadros competitivos, reorganizações administrativas e mais alguns processos que “teimaram” em não sair do papel, talvez por ser proposto pela irreverência da juventude e não pelas chamadas “vozes da experiência”.
Oferecemos kits de Mini hóquei às Associações Territoriais para organizarem o Mini Hóquei.
Hoje organizamos aquela que é a maior prova nacional de promoção do Hóquei em Patins, a Elite Cup.
Quando entrei, a ANACP não chegava aos 20 associados, hoje tem quase 60 clubes associados.
Ao longo dos 11 anos da ANACP, senti que já éramos vistos como uma referência, exemplo disso, foi o trabalho desenvolvido na criação da Associação Europeia de Clubes, o exemplo, o empenho, a intervenção, a linha orientadora da ANACP era vista na Europa como um exemplo a seguir e a replicar em outros países e continentes. Satisfeito por ter liderado o processo de criação da EHCA.
Mais importante que manter é saber sair…
Saio de consciência tranquila, de livre vontade e com a sensação de missão “quase cumprida”. Não fiz mais, ora porque não pude, ora porque por vezes não me permitiram fazer mais…
Neste trajeto conheci pessoas de quem terei sempre a maior consideração e respeito, e que não irei esquecer. Aprendi e cresci com os bons e os maus exemplos de estar no dirigismo.
Tenho a perfeita noção que cometi erros, mas saio com o sentimento de ter feito algum trabalho bem executado que promove e dignifica o Hóquei em Patins em particular e a Patinagem em Geral.
No fim, Obrigado.
Obrigado pela experiência.
Obrigado a todos aqueles que privaram comigo nas funções que exerci, uma palavra especial a todas as pessoas que durante estes 8 anos me acompanharam nos Órgãos Sociais da ANACP.
Um Obrigado muito particular a um conjunto de pessoas, o meu “núcleo duro”, que me acompanhou na organização dos mais diversos eventos. A estes um MUITO OBRIGADO.
No final, ganha a minha família, ganha a minha filha que já não pergunta: “Pai, vais ter uma reunião do hóquei?" Ou “A que horas chegas?”
Vemo-nos num pavilhão por aí…
Um abraço,
Domingo, 14 de Junho de 2020, 0h56