Frieza do dragão segurou vantagem

O Porto defendeu a vantagem de três golos amealhada na primeira mão e conquistou a Taça Intercontinental pela primeira vez na sua história. No João Rocha, o Sporting atacou até ficar esgotado e a vitória foi inglória.

Frieza do dragão segurou vantagem

25 anos depois, o Porto volta a triunfar internacionalmente, agora com a conquista inédita da Taça Intercontinental. Mesmo sendo derrotado no João Rocha, por 6-5.

Com três golos de vantagem favoráveis aos dragões de um 6-3 na primeira mão, os primeiros instantes da partida davam o mote para o que era esperado. Um Sporting agressivo e um Porto a esticar o seu ataque. Mas ainda não estava decorrido minuto e meio quando a equipa de Ricardo Ares dilatou a sua vantagem, num belo movimento de Carlo Di Benedetto a contornar Ângelo Girão.

Carlo Di Benedetto contorna Girão para finalizar de costas.
Carlo Di Benedetto contorna Girão para finalizar de costas.

O Sporting reagiu de imediato, com "il Tigre" Alessandro Verona a ser mais felino que os demais para a igualdade meio minuto volvido, e tudo voltava à toada inicial.

O Porto defendia com pouca agressividade, "encolhendo-se" em pista em expectativa, e os golos leoninos surgiram naturalmente. Toni Pérez fez o 2-1 aos seis minutos e meio e João Souto, aos 10, já depois de Romero ter desperdiçado um livre direto, ampliava para 3-1.

A tangencial diferença no cômputo dos dois jogos obrigava o Porto a "mexer-se", mas um lance entre Di Benedetto e Romero colocava em sério risco a defesa da vantagem da primeira mão. O argentino foi para o balneário com gelo no maxilar e o francês acabou expulso. Num duelo entre campeões da Europa, Ferran Font não marcou perante Malián, mas os verde-e-brancos ficavam com quatro minutos de superioridade em pista. Precipitaram-se.

Sporting não conseguiu marcar de bola parada.
Sporting não conseguiu marcar de bola parada.

Paulo Freitas viu Reinaldo Garcia arrancar pela direita e gritou "junta! junta!", mas nem com uns impropérios à mistura a sua defesa se juntou, e o capitão do Porto reduzia para 3-2 num momento importante.

Os leões não conseguiam capitalizar a superioridade numérica e seria já com o quarto jogador azul-e-branco em pista que voltariam a marcar. Numa combinação cada vez mais recorrente desde o Europeu, Font serviu Pérez para o 4-2 com nove minutos para jogar ainda na primeira parte, mas o intervalo chegaria sem mais golos.

Ezequiel Mena foi uma das figuras dos dragões nesta Intercontinental, afirmando-se definitivamente pelo que joga e faz jogar.
Ezequiel Mena foi uma das figuras dos dragões nesta Intercontinental, afirmando-se definitivamente pelo que joga e faz jogar.

Final igualada

Os derradeiros 25 minutos dos 100 desta Continental começavam com o Sporting a um golo, e pareceu que os leões traziam a lição estudada do balneário. Numa jogada de envolvimento, simples e eficaz, Toni Pérez fazia o seu terceiro no jogo para deixar tudo empatado.

Toni Pérez igualou a final. O asturiano assinou um hat-trick.
Toni Pérez igualou a final. O asturiano assinou um hat-trick.

A perda da vantagem não perturbou, no entanto, um Porto que sabia o que o esperava no João Rocha. E, com a mesma frieza com que defendia, voltou a marcar, ainda não estavam jogados cinco minutos nesta segunda parte. Rafa fez o 5-3 que voltava a fazer pender o troféu - que nenhuma das duas equipas antes lograra - para o museu azul-e-branco.

Na história da Taça Intercontinental é a primeira vez, com seis anteriores decisões a duas mãos, que as vitórias são repartidas entre os finalistas.

Era um Porto de uma estranha submissão, sem agressividade defensiva, condicionando as movimentações contrárias com sentido posicional e fechando os caminhos com abnegação e muita coragem perante os "tiros" de Gonzalo Romero, que regressara com o maxilar ligado ainda na primeira parte.

Aos oito minutos, o Sporting, com a agressividade de quem precisa e quer ter bola, chegou à 10ª falta. Tinha o Porto apenas uma contabilizada. Gonçalo Alves não conseguiu desfeitear, em duas oportunidades, Girão, e, no mesmo minuto, Souto bisava num desvio a mais um tiro de "Nolito" para um 6-3 que deixava tudo novamente empatado.

Mesmo visivelmente combalido, Romero foi a gazua dos leões. Enquanto houve forças.
Mesmo visivelmente combalido, Romero foi a gazua dos leões. Enquanto houve forças.

Golpes de misericórdia

Com largos 16 minutos para jogar, o Sporting não se precipitou em busca daquela que seria a primeira vantagem global nesta Intercontinental e procurou recuperar fôlego. Mas o desgaste era cada vez mais notório.

A nove minutos do fim, Xavi Barroso arrancou pela esquerda e fez o 6-4 que "matou" os leões.

A equipa de Paulo Freitas dera tudo - e mais alguma coisa - para recuperar a desvantagem e, para além da exaustão física, o quarto golo dos dragões, obrigando o Sporting a marcar novamente para, pelo menos, levar o jogo a tempo extra, era um golpe emocional irrecuperável.

Xavi Barroso assinou o determinante 6-4.
Xavi Barroso assinou o determinante 6-4.

O Sporting deixou de ligar jogadas e apostava cada vez mais na meia distância, mais às pernas contrárias do que à baliza de Malián.

Gonçalo Alves falhava novo livre directo, mas caber-lhe-ia fechar as contas, a seis minutos do final, numa derrota por 6-5 que sabe a vitória e, acima de tudo, a conquista. Poucos dias depois de ter embalado o seu primeiro filho, o habitualmente mais inconformado dos dragões podia "embalar" o seu primeiro troféu internacional.

Vencedores da Taça Intercontinental e Campeões do Mundo

A conquista da Taça Intercontinental pelo Porto faz dos dragões a terceira equipa portuguesa a erguer o troféu, depois de Óquei de Barcelos (1992) e Benfica (2013 e 2017).

Como nas anteriores conquistas por equipas lusas (e não só), o festejo é feito com um abusivo epíteto de "campeões do Mundo". Tão abusivo que a World Skate, na sua última revisão estatutária, lhe dedicou um esclarecimento. Sobre outras competições internacionais que não os campeonatos do Mundo de selecções, pode ler-se que "Os vencedores desses eventos não serão considerados campeões do Mundo. Os títulos conferidos nessas competições deverão ter um nome de forma a evitar qualquer má interpretação ou a poder gerar confusão entre os diferentes títulos".

O Porto tem agora, de facto, toda uma equipa vencedora da Taça Intercontinental. Desses, Gonçalo Alves, Rafa e Telmo Pinto são também vigentes campeões do Mundo, mas pelo título conquistado por Portugal em 2019.

Fim da 'malapata' internacional foi efusivamente festejado.
Fim da 'malapata' internacional foi efusivamente festejado.
AMGRoller Compozito

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