Carlos Nicolia continua de águia ao peito
Pese o cenário de saída anunciado pelo próprio, Nicolia continuará no Benfica para uma nona temporada. Na nova época, o internacional argentino com nacionalidade portuguesa não contará como 'estrangeiro'... até ao Mundial.
Em Dezembro, Carlos Nicolia anunciava esta época como a última de águia ao peito. A sua saída já fora badalada no defeso de 2021, mas, com mais um ano de contrato, acabaria por ganhar um "braço-de-ferro" em que Alejandro Dominguez, agora treinador do rival Sporting, saiu derrotado.
Apenas com contrato até 30 de Junho deste ano e as contratações que se iam conhecendo, o fim da ligação às águias parecia inevitável e o próprio jogador assumia-o naquelas declarações à BTV. No entanto, e com o firme objectivo de sair campeão, protagonizou uma temporada extraordinária e foi pedra fundamental na estratégia de Nuno Resende. Falhou a "negra" por castigo e não conquistou o título, mas convenceu a cúpula encarnada a renovar contrato por mais uma temporada, com mais uma de opção.
Carlos Nicolia chegou ao Benfica em 2014 e vai para a sua nona temporada de águia ao peito, sendo que apenas Diogo Rafael e Pedro Henriques são mais "antigos" no plantel dos encarnados. Pelo Benfica, Nicolia conquistou dois Campeonatos Nacionais, duas Taças de Portugal, uma Taça 1947 e, a nível internacional, uma Liga Europeia, uma Taça Continental e uma Taça Intercontinental.
Esta temporada, quando se esperava talvez menos protagonismo, assumiu muitas vezes as despesas do jogo atacante dos encarnados e quase sempre a batuta da manobra ofensiva. Com 36 anos feitos em Abril, o internacional argentino foi o jogador do Benfica que marcou em mais jogos, em 38, e o segundo melhor marcador da equipa com 50 golos, apenas aquém de Lucas Ordoñez, que marcou 55.
Nestas contas que incluem a oficiosa Golden Cup, Nicolia foi o único a marcar em três partidas e os seus golos foram decisivos (se não fossem esses golos, o Benfica não vencia) em sete ocasiões.
"Seleccionável" (até ao Mundial)
Nicolia falhará o primeiro jogo, na Elite Cup, cumprindo o segundo de dois jogos de castigo. A expulsão, que levou à ausência na "negra" da final, levou a um comunicado nas redes sociais em que o argentino - com foto de um golo anulado em 2017, na derradeira jornada, num famoso dérbi em Alverca - vincava a injustiça da decisão, deixando um "recado". "(...) no Inferno da Luz, terminou uma etapa e começou outra, foi dito 'BASTA'! A partir de agora, não entrarão as pessoas que só querem prejudicar este desporto e o maior, o BENFICA", escreveria sobre uma quarta partida marcada pela saída do presidente federativo Luís Sénica ao intervalo, depois de alguma agitação junto da tribuna.
Para as meias-finais da Elite Cup, o argentino já estará disponível. E com novo estatuto, pelo menos até ao Campeonato do Mundo.
No Artigo 50º do Regulamento Geral, sobre "atletas em condições de representar a Selecção Nacional nas provas nacionais", que estabelece - por consequência - o limite de "estrangeiros" em cada partida, o ponto 3 refere que "o atleta que representou um país em Campeonatos Mundiais, em qualquer outro evento ou competição internacional, e posteriormente mudou de nacionalidade ou adquiriu uma nova, pode participar nas competições acima mencionadas, desde que pelo menos três anos tenham decorrido desde que o atleta representou o país anterior".
Com nacionalidade portuguesa, Nicolia tem multiplicado publicações em que contesta o critério de "não seleccionável", que condiciona a sua ida a jogo.
Pese contrariar um regulamento das selecções que entretanto desapareceu do site federativo e ser muito dúbio, do representar "um país" até "uma nova" nacionalidade sem referir quais, mas, assumindo-se que irá de encontro aos regulamentos internacionais, Carlos Nicolia, com nacionalidade portuguesa, não representa a selecção da Argentina desde Julho de 2019, tendo cumprido o hiato dos tais três anos previstos.
O campeão do Mundo de 2015 não contará assim como "estrangeiro" até que volte a vestir a albiceleste (o que deverá acontecer em Novembro, na sua San Juan natal), estando disponível como "seleccionável" para Elite Cup (se o regulamento próprio, da responsabilidade da Associação Nacional de Clubes, for de encontro ao das restantes provas), a Supertaça António Livramento e as cinco primeiras jornadas nacionais, frente a Paço de Arcos, Sporting, Braga, Valongo e Oliveirense.
Ainda assim, Nuno Resende estará a contas com um "problema", dado que, entre Edu Lamas, Lucas Ordoñez, Nil Roca, Pablo Álvarez, Pol Manrubia e Roberto Di Benedetto pelo menos um tem de ficar de fora. E, se, como se espera, Nicolia for chamado à albiceleste (é o capitão), a partir de Novembro serão dois destes sete a terem de ver os jogos nacionais da bancada...
Casa arrumada
Entretanto, o Benfica deve ter casa arrumada... até 2024.
Para além de Nicolia, renovaram ou prolongaram ligação às águias outros três jogadores. Gonçalo Pinto tem agora contrato até 2024, tal como Daniel Oliveira ("Poka"), Pablo Alvarez e Pol Manrubia, sendo que com o catalão há opção para mais duas temporadas. Lucas Ordoñez estabeleceu acordo até 2025, para mais três anos que deverão ser também os da ligação inicial dos agora reforços Bernardo Mendes (ex-Valongo), Nil Roca (ex-Barcelona) e Roberto Di Benedetto (ex-Liceo). Os portugueses Pedro Henriques (prolongou este ano) e Diogo Rafael (renovou no ano passado) terminarão contrato em 2026.
Com 10 jogadores com contrato para 2023/24, tal dá uma perspectiva do plantel a dois anos. No final da temporada que agora se inicia, terminarão contrato Edu Lamas e Carlos Nicolia, sendo que o argentino tem a já referida opção para mais uma temporada.
Acompanhe esta e outras transferências deste defeso nos principais campeonatos aqui.
Sábado, 6 de Agosto de 2022, 9h30