«O metro quadrado está ao preço das casas de Lisboa»

Numa série que está renhida, com muita luta por espaço para jogar, Nuno Resende congratulou-se com a 'parte individual' a fazer diferença e o 'empurrão' dos adeptos. Lamenta que as suas palavras no final do jogo 1 tenham sido mal entendidas.

«O metro quadrado está ao preço das casas de Lisboa»

O Benfica venceu por 4-2 a Oliveirense e ficou a uma vitória de marcar presença na final. Mas, para Nuno Resende, não será fácil.

"Domingo é um jogo em que queremos ganhar e sabemos que há dois resultados possíveis. Se ganharmos, estamos na final. Se não ganharmos, temos aqui a discussão. E vai ser dificílimo. Têm sido jogos espetaculares, tácticos, que vão ao pormenor. Hoje tivemos também a parte individual a fazer a diferença e acredito que, da maneira como as regras estão a ser levadas, não se consegue. O metro quadrado está ao preço das casas de Lisboa, está uma coisa impressionante", ironizou, aludindo à luta por espaços num critério largo dos árbitros.

Neste terceiro jogo, o Benfica terminou com 10 faltas e a Oliveirense com nove, tendo os jogadores da equipa de Oliveira de Azeméis visto três azuis contra um exibido às águias. Houve muitas quedas, muitas reclamações, pouco espaço para jogar. Nuno Resende tinha falado sobre a mudança de critério após o primeiro jogo, o que terá despoletado uma guerra de palavras até entre os clubes.

"Acho que não me entenderam. E, depois, o Edo focou as minhas palavras e pensa que foi pressão da minha parte. Eu acho que nós não tínhamos ainda sentido o play-off como eles sentiram com o Barcelos. E eu já tinha avisado os jogadores que o segundo e terceiro jogo [da Oliveirense] com o Barcelos foram jogos já neste registo, porque o primeiro, aquilo foi azuis para todo o lado. Nós, os jogos que tivemos com o Valongo, foram jogos em que se jogou. Quando eu disse que as regras tinham mudado, efetivamente mudaram, porque os árbitros alertam nesse sentido, que o critério é mais largo. Temos que nos habituar e ajustar. Os contactos são mais largos, as idas às tabelas...", observou, lamentando a interpretação.

"Eu, da minha parte, enquanto treinador, não quis de maneira alguma... Aliás, eu dei os parabéns à Oliveirense no primeiro jogo pela vitória, faço sempre essa questão. O Edo pega um bocado nas minhas palavras como se eu tenha tentado influenciar. Se calhar não me conhece tão bem ao ponto de eu não fazer esse tipo de afirmação. Disse no sentido de nos adaptarmos. Se eu acho que é o correto, não acho", reforçou, argumentando.

"Não acho, porque não se pode jogar uma fase regular toda com o regulamento estreito, e trabalhou-se tanto para que este regulamento tivesse um critério de deixar jogar mais, as equipas terem mais espaço, as faltas serem penalizadas. Os árbitros abrem o critério, e os jogadores também já percebem isso. O jogo fica muito mais duro, há menos golos, há menos baliza. Os jogadores têm mais dificuldade em aparecer. É isto que a Federação quer, tudo bem. Temos que nos ajustar. Mas, da minha parte, nunca houve intenção nenhuma de influenciar o que quer que seja", frisou.

A "troca de galhardetes" não terá condicionado a preparação para o jogo. "A motivação é sempre intrínseca. É o nosso trabalho, o nosso processo, o nosso clube. Não há jogador nenhum que possa dizer que eu meti recortes no balneário, não uso isso, porque eu acho que nós temos de ter motivação intrínseca. Respeito a comunicação das equipas, mas acho que não ajuda em nada o Hóquei em Patins. Acho que não é benéfico. Acho que os jogadores, as equipas, treinadores é que têm de ser os protagonistas e só vai ganhar uma equipa, como é óbvio", afirmou.

"Nós temos de ter a memória sempre muito fresca e, se calhar, a última vez que o Hóquei em Patins foi notícia de abertura de um Telejornal, está a fazer três anos. E vocês recordam-se daquele segundo ou terceiro jogo com o Sporting, com tudo aquilo que foi aquele mau episódio. Nós não queremos isso. Acho que todos temos de ter o tento de falarmos, apontarmos as situações, mas termos algum tento e pronto", ressalvou.

"O Benfica tem uma dimensão na qual eu não me meto, mas no meu balneário não trabalhamos os fatores externos de motivação, porque acho que só nos traz coisas más. Eu não acredito muito nisso. Acredito que nós temos que olhar para dentro, perceber o que é que tínhamos feito mal aqui no primeiro jogo e bem, e por aí fora. E depois é o respeito pelos adversários. Os adversários podem ter as suas queixas, podem ter as suas razões. Nós podemos achar o contrário, mas entrar num diálogo, acho que não nos leva a nada, e eu gosto de estar sempre muito focado naquilo que é a minha equipa", sublinhou.

Nicolia

Sobre o jogo, Nuno Resende comentou a titularidade e influência de Carlos Nicolia. "É alguém que, nesta parte final da época, fruto de uma paragem mais longa que ele teve para ajustar, está com níveis de frescura e de qualidade que os jogadores que têm mais minutos às vezes não conseguem prestar. E a situação da lesão do Lucas [Ordoñez] abre ali espaço num lugar que é muito discutido, fruto das características que eles têm", referiu.

"É alguém também que, fruto da maturidade que tem, e nestes momentos... é destes jogos que ele gosta e nós temos que aproveitar isso. Em boa hora, assim o fiz. E assim, quando os jogadores fazem boas prestações, o treinador acaba por ser inteligente e acaba por tomar boas decisões. Mas não... as decisões têm que ser tomadas e depois os jogadores têm que ajudar. Às vezes, o sucesso de uma equipa e de um treinador é quando os jogadores têm prestações altíssimas, e foi assim no domingo, com toda a gente, e hoje também. O treinador agradece e, às vezes, até com erros que comete, eles resolvem-nos", explicou.

Adeptos

Para além dos três golos que adornaram a prestação de Nicolia, Nuno Resendeu destacou a presença dos adeptos.

"Os nosso adeptos, se calhar, perceberam que não é preciso vir cá o Porto ou o Sporting para encher, e estar com a equipa a este nível. Eles foram fantásticos e carregaram-nos. Estou cá há três anos e mais não sei quantos vim cá jogar até por esta Oliveirense e outras equipas e sei bem que aqui os adeptos dão muita importância aos clássicos e aos dérbis, mas é altura de meias-finais e do outro lado está uma equipa extremamente competente. E os adeptos hoje foram superlativos. Foi um pavilhão que nos carregou e que, nos momentos de dificuldade, ajudou a equipa", elogiou.

Oliveirense cansada?

Com jogos exigentes, a condição física poderá ser determinante. Terá a Oliveirense acusado algum cansaço? "Não, não parece minimamente. Acho que nós controlámos muito tempo do jogo fruto de jogarmos em casa, temos uma dinâmica bastante forte em termos de recuperação em relação à perda, o que nos dá segundas bolas. No final da primeira parte, quebrámos um bocadinho, a Oliveirense teve muito espaço para jogar e cair no penálti. E sentimos isso um bocadinho no balneário, que não era aquele nosso registo. Nem podíamos deixar que a Oliveirense tivesse esse controlo", confessou.

"No início da segunda parte, já não foi na defesa, foi no ataque. Não fomos equilibrados. Perdemos três ou quatro passes numa transição, ninguém ocupava os corredores de forma correcta e isso tirou-nos bola. Se na primeira parte demos bola na defesa, na segunda, nas transições e no ataque organizado, perdemos uma série de bolas em que permitiu não sacarmos faltas, não sacarmos acções no sentido de construir e provocar desequilíbrios e stressar a equipa da Oliveirense, dando-lhes de uma forma fácil, com erros nossos, os tais 'turnovers' que existe e essas coisas todas, sem eles terem mérito, e nós perdemo-nos um bocado", analisou.

"Depois, com a reacção de uma equipa que foi só a equipa que mais tempo esteve à frente do campeonato, e que nós estivemos a 11 pontos deles, foi preciso andar muito da perna para acabarmos à frente deles e, se calhar, dar um bocado lógica à situação que tanto temos trabalhado para termos o 'factor casa' . Mas é uma equipa que se está a bater de uma forma tremenda", destacou.

AMGRoller Compozito

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