Obviamente, demito-me
O final do segundo mandato da presidência de Luís Sénica, iniciando agora o terceiro, ficou marcado pelas demissões de Agostinho Silva e Paulo Rainha, 'cartas' que anteciparam a sua saída do 'baralho' federativo.
Este sábado, há eleições na Federação de Patinagem de Portugal. Sem alternativas, haverá continuidade de Luís Sénica na liderança da direcção do organismo que tutela o Hóquei em Patins em Portugal para um terceiro - e último - mandato em ciclo olímpico.
No que ao Hóquei em Patins diz respeito, as alterações mais significativas passarão pela troca do vice-presidente Vítor Ferreira (que se foi afastando - ou afastado - do espaço mediático) por José Luís Pinto, e pela indicação de Luís Peixoto como novo Director de Arbitragem.
No plano institucional, este segundo mandato pautou-se por um clima de paz, ainda que indelevelmente marcado pela demissão de Fernando Claro da presidência da Mesa da Assembleia-Geral. No entanto, os últimos meses tiveram mais alguma convulsão.
A formalização de convites e a elaboração de uma lista de continuidade para os "novos" órgãos sociais é um momento de reiterar confiança e de reconhecimento pelo trabalho realizado. Ou não. E Agostinho Silva e Paulo Rainha, dois dos nomes mais reconhecíveis do público do Hóquei em Patins, com brio no seu empenho e capacidade, "sentiram-se" com as opções tomadas e apresentaram a sua demissão antes do final do mandato.
O Presidente-Adjunto
Agostinho Silva foi convidado para o cargo de secretário da Assembleia Geral. Inicialmente aceitou, mas, reflectindo, decidir responder negativamente ao convite.
Nos seus motivos, Agostinho Silva, ex-presidente do Conselho de Arbitragem, recorda que entrou para a direcção da FPP como vice-presidente para a área da Informática (pelas suas competências profissionais) e que assumiu o pelou financeiro na saída de Manuel Azevedo pela formação académica.
Assumiria o cargo de presidente-adjunto temporariamente - porque Aníbal Gomes foi profissionalmente "destacado" para Timor -, contando regressar à sua área informática, onde poderia manter a "uma actividade com acção e não a de mero actor de figura decorativa".
No entanto, o lugar já não estaria à sua espera. Na sua missiva, recorda os tempos em que esteve no World Skate Europe, com uma pandemia e as "vontades" da EHCA - com pretensões que questiona se já foram satisfeitas - para gerir. E, percebendo que o lugar agora proposto o colocaria fora da direcção, entendeu que não faria sentido continuar a fazer parte da mesma, vincando a ética (destacada em maiúsculas) pela qual se rege. Aparentemente, "ética" pode ser mais do que uma bandeira que se agita.
Obviamente, demitiu-se.
Com efeitos a partir de 1 de Maio.
Agostinho integrará a Associação de Patinagem do Porto para ser o presidente do Conselho de Arbitragem na lista de Delfim Ribeiro.
O Director de Arbitragem
Na altura da pandemia, Paulo Rainha foi convidado em 2020 para Director de Arbitragem do Hóquei em Patins (e do irrelevante Hóquei em Linha, mas é o que o cargo aponta) e, com Orlando Panza, começou a ser idealizado um projecto de renovação da arbitragem em Portugal.
Foram anos complicados, desafiantes, com alterações regulamentares à mistura. Mas, para Paulo Rainha, "peanuts". Ainda árbitro do quadro principal, fora diagnosticado com Parkinson, mas foi - e é - um exemplo de resiliência e superação, de persistência e determinação.
Em paralelo com a luta com a doença, faria, segundo o próprio, tarefas muito além daquelas que eram exigidas a um Director de Arbitragem, mormente administrativas, como lançamento de notas, organização logística de acções de formação, mapas de pagamento e taxas de organização, gestão de reclamações às delegacias e, entre outros, até nomeações para as provas das associações de Lisboa, Aveiro e Coimbra.
Na sobrecarga de trabalho, pediu legitimamente ajuda, distribuição de tarefas por outros membros do Conselho de Arbitragem. Surgiu o nome de Luís Peixoto, contemporâneo de Rainha na arbitragem. Rainha assumiu que seria mais um para ajudar, mas, afinal, era um para o substituir.
Sem qualquer indicação nesse sentido, Paulo Rainha foi surpreendido por o seu nome na sua lista às eleições. Contactou Orlando Panza, presidente do Conselho de Arbitragem, que lhe explicou o que pretendia. Rainha não se reviu no lugar que o esperava.
Obviamente, demitiu-se.
Com efeitos a partir de 14 de Junho, depois de fechadas as meias-finais do Campeonato Placard.
No dia 7 de Junho, comunicou telefonicamente a decisão a Orlando Panza. E tentou comunicá-la a Luís Sénica. Sem resposta, ficou a aguardar chamada de volta...
Sábado, 6 de Julho de 2024, 9h05