«A nós, não nos condiciona, e espero que à equipa de arbitragem também não»
No final da partida frente à Espanha, com arbitragem portuguesa, Alessandro Bertolucci pediu respeito, lembrando que a Itália é a equipa da casa. A 'reclamação', em jeito de pressão, caiu mal na selecção angolana, adversário nos quartos-de-final.
A Itália perdeu com a Espanha na derradeira jornada da fase de grupos por 4-3 e, em vez de defrontar uma Suíça vinda do Campeonato Intercontinental, terá pela frente nos quartos-de-final uma respeitável Angola. Por exemplo, em San Juan, também nos "quartos", a Itália venceu por 4-5, mas Angola esteve a vencer por 4-2.
Em declarações após a partida desta quarta-feira com "La Roja", Alessandro Bertolucci visou a arbitragem, dos portugueses Pedro Figueiredo e João Catrapona. "Dificilmente procura álibis ou desculpas, porque não está no meu carácter e porque quero que a equipa jogue sem procurar desculpas, mas...", começou antes de apontar uma falta anterior ao primeiro golo espanhol e o critério nas faltas na etapa complementar, quando houve "apenas" três assinaladas à Espanha, a última, a 9ª da partida, a mais de cinco minutos e meio do derradeiro apito. E pediu respeito, várias vezes.
"Queremos um pouco mais de respeito, porque somos uma nação pronta a vencer", referiu, reclamando depois "um pouco mais de respeito, porque jogamos em casa".
As declarações não caíram bem na comitiva angolana, vistas como pressão para o jogo dos quartos-de-final, ainda que Angola não vença Itália num Mundial desde 2009, quando ganhou por 5-2 em Vigo.
O internacional angolano João Pinto, depois de ter representado o Lodi em 2012/13 e 2019/20, está no Trissino desde 2020 e foi ali treinado por Alessandro Bertolucci entre 2021 e 2023. Juntos venceram quase tudo em Itália (Serie A1 e Coppa), na Europa (Champions League) e no Mundo (Intercontinental) e o atacante conhece-o bem.
"Sei que ele está a pôr o foco no jogo de amanhã [sexta-feira] e um pouco de pressão sobre os árbitros que vão estar amanhã no jogo, porque eu até assisti ao jogo e não vi nada do que ele possa estar a falar", apontou João Pinto, referindo-se a uma "infelicidade" do seu ex-mister.
"Acho que foi um pouco infeliz naquilo que disse, porque pediu respeito por ser a equipa da casa, e acho que todas as equipas merecem respeito, até porque nós que temos sempre que dignificar ao máximo a nossa modalidade. Foi um pouco infeliz ao fazer essa declaração, mas eu sei que é a maneira de viver, falar e de estar dele. São jogos normais e ele faz várias vezes isso no campeonato italiano. Eu conheço-o bem e, a nós, não nos condiciona em nada. E espero que à equipa de arbitragem também não", alerta.
A Itália venceu o Mundial pela última vez, a quarta na sua história, em 1997. E esta é a primeira vez que o organiza depois disso. Haverá pressão para vencer?
"É normal haver pressão por estarem a jogar em casa. Mas também há pressão porque têm muita qualidade", aponta João Pinto. "Conheço muito bem aqueles jogadores. Têm pressão para ganhar porque têm argumentos para isso. 70% ou 80% desta selecção trabalha ou já trabalhou comigo. São gente com muita qualidade e que pode perfeitamente ganhar", antevê.
No entanto, no caminho está uma selecção angolana que vai à luta. "Esperamos que seja um bom jogo. Nós estamos prontos para o jogo. Vamos desfrutar e tentar dar uma grande imagem da selecção que temos e da qualidade que temos", promete.
Quinta-feira, 19 de Setembro de 2024, 19h53