«Não vimos para defender o título, vimos para ganhar outro»
Foi um jogo sofrido, como os jogos grandes dos Mundiais são, mas a Argentina estava pronta e está na final. Frente a Espanha, procura um inédito bicampeonato, mas, para 'Negro' e Platero, o 'outro' título já foi. Há um novo para ganhar.
A Argentina venceu Itália por 5-4 perante um Pala Igor repleto e entusiasta, empolgado pela excelente prestação da sua selecção.
Um apuramento sofrido, mas esperado nesta fase da competição para José Luís Paez, multititulado enquanto jogador, a construir um palmarés de respeito enquanto seleccionador.
"Negro" lamenta que a Argentina esteja a começar os jogos sempre atrás do resultado, "muito tímida" por não fazer o primeiro golo frente a um adversário forte. Mas tem dado a volta ou, como foi contra Portugal na fase de grupos deste Mundial, pelo menos igualado.
Segue-se a final. "Ganham-se em pormenores", alertou Paez, ainda sem conhecer o adversário.
Ao lado do técnico, esteve Matias Platero, que anunciou que este será o seu último Campeonato do Mundo. Estreou-se em Mundiais em 2013 e a Argentina perdeu na final, ganhou em 2015 e concretizou o sonho em 2022, na sua San Juan.
Há um sentimento. "Quando os jogadores vestem esta camisola, deixam tudo de lado, pensam na sua infância, é algo que nunca ninguém vai compreender", aponta. Do jogo, o actual jogador do Sporting, de que também se despede esta temporada, apontou um "lindo espectáculo, com um pavilhão cheio", não se mostrando surpreendido pela atitude italiana em pista, empurrada pelos seus adeptos.
Na albiceleste, vive-se a despedida de "Mati" e também de Reinaldo Garcia, depois de já Nicolia e Pablo Alvarez terem anunciado em 2022 a "passagem de testemunho" aos mais jovens. Como se lida? "Faltam palavras", disse Negro. Mas terá dito as certas.
Apontando a falta de merecido reconhecimento na Argentina, o seleccionador destacou a vontade de todos em representar a sua selecção e que tem tido sorte de estar com "pessoas que, sendo grandes jogadores, nunca deixaram de ser boas pessoas". "O que tem Matias, poucos têm", vincou. E, além das palavras, ficaram as lágrimas.
A Argentina procura em Novara o seu sétimo título, terceiro em cinco edições. Procura também o primeiro bicampeonato, mas em 10 vezes que Argentina e Espanha terminaram nos dois primeiros lugares do Campeonato do Mundo, apenas em três é que a albiceleste ficou com o ouro: em 1978, ainda em campeonato puro de todos-contra-todos, em 1999, com uma vitória por 1-0 na final de Reus, e em 2015, então com claríssimos 6-1 em La Roche-sur-Yon em 2015, a pôr termo a um reinado de cinco títulos consecutivos espanhóis.
Por outro lado, 40 anos depois, a Argentina pode voltar a sorrir em Novara.
Domingo, 22 de Setembro de 2024, 8h47