«Com estas condições, não continuo»

Desapontado com nova final em que a bola não quis entrar, mas também com as condições na albiceleste, a desorganização do Mundial e também alguma ingratidão do Hóquei em Patins, 'Negro' Paez pondera não continuar.

«Com estas condições, não continuo»

"Aconteceu como em Barcelona: a bola não quis entrar e não entrou", analisou José Luis Paez após a final do Campeonato do Mundo em Novara.

Nome maior da História da modalidade, "Negro" Paez avisara na véspera, do alto dos seus 55 anos, que a Argentina entrava tímida e a perder nos jogos grandes. E, aos três minutos, perdia por 0-2. "A Argentina é muito diferente quando está a ganhar e quando está a perder. Falta-nos experiência nesse sentido e há muito trabalho pela frente com os jovens que estão", apontou.

Apesar de ter perdido frente a Portugal na decisão de 2019, Negro, como muitos outros argentinos que o HóqueiPT ouviu antes da final, preferia defrontar a selecção das quinas. "Têm um Hóquei mais aberto, mais espectacular, deixam-te chegar", explicou. "Às vezes não ganha o melhor. Não digo que tenhamos sido melhores, porque nós fomos melhores em algumas fases e eles noutras", sublinhou, elogiando a coesão táctica da Espanha.

"Não é o momento", respondeu quando questionado sobre a sua continuidade, mas, pautando as suas declarações como pautava as partidas em que participava, não escondeu o jogo. "Com estas condições, não continuo. Têm que mudar coisas, mas é para falar mais à frente. Vamos começar a tratar da renovação", afirmou, sendo certas as saídas de Reinaldo Garcia e Matías Platero depois de em 2022 terem saído Nicolia e Pablo Álvarez.

Campeão do Mundo como jogador em 1995 e 1999 e campeão olímpico em 1992, Negro Paez é seleccionador desde 2018, tendo - até agora - conduzido a albiceleste em três mundiais. Ganhou em 2022, talvez na sua pior prestação. Esbarrou em Girão em 2019 e, agora, em 2024, na muralha espanhola.

Apesar das boas campanhas, faltam-lhe convites. "Não tenho nenhuma proposta para treinar um clube. Não chegou nada. Seria interessante poder dar provas na Europa, mas o tempo vai passando e a desilusão é grande", confessou. E o desconsolo vai além do seu caso particular.

"A desorganização deste Mundial... Como é que um dirigente pode dizer que vão ganhar três selecções dele?", questionou, concluindo com uma reflexão sobre a condição humana. "Os bons valores retiram-se e desistem perante um problema, para não entrar em guerra", vincou. "Por isso creio que chegou o momento.".

AMGRoller Compozito

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