Um bronze com laivos de ouro
Há medalhas que não são de ouro, mas, no contexto do Hóquei em Patins, sabem como tal. Liderados por Nuno Lopes, os Sub-23 franceses conseguiram o bronze em Sant Sadurní, a sua terceira medalha esta década entre todas as competições masculinas.
Este sábado, a França conquistou o bronze na segunda edição do Campeonato da Europa de Sub-23, realizado em Sant Sadurní d'Anoia. A medalha, que seria pouco mais que um prémio de consolação para Portugal ou Espanha, recorrentes finalistas nos últimos largos anos, foi, para os gauleses orientados por Nuno Lopes, um triunfo muito celebrado.
A história da França na modalidade assim o justifica.
Foi vice-campeã europeia nos anos, há muito idos, de 1926, 1927, 1928, 1930 e 1931, com bronze em 1929 e 1932. Na altura, a Inglaterra dominava a modalidade. Passe o exagero, Portugal e Espanha ainda se tentavam equilibrar nos patins. A II Grande Guerra, que tanto mudou na Europa e no Hóquei em Patins, fez hibernar o hegemónico Hóquei em Patins inglês, mas também o francês.
Nos seniores masculinos, a França só voltou a ganhar uma medalha, de bronze, em 2010, em Wuppertal. Entretanto, nesse longo "sono" de 78 anos da selecção absoluta, "les bleus" não conseguiriam melhor que subir ao degrau mais baixo do pódio nos Europeus de Sub-19 de 1953, 1960 e 1964, nos Europeus de Sub-17, em 1995, 2002, 2005, 2006, 2007 e 2009, e no Mundial de Sub-20, em 2003.
Nesse mesmo ano de 2010, surgiu nos Sub-17 da França um tal de Carlo Di Benedetto. Quando se juntaram outros Di Benedetto e outros valores, a história mudou.
Com Carlo, Bruno, Roberto e o "primo" Remi Herman, a França foi vice-campeã europeia de Sub-17 em 2012 e 2013. E ficou em 3º lugar no Europeu de Sub-20 em 2014 e no Mundial de Sub-20 de 2015. Já seniores, após a pandemia, aquela que é já a melhor geração gaulesa de sempre, sagrou-se vice-campeã europeia em 2021 e bronze mundial em 2022.
A França conquistaria também, depois de 2010, outras medalhas de bronze de Sub-20 (2012) e Sub-17 (2015, 2016 e 2018). Não tendo participado no primeiro Campeonato da Europa de Sub-23, que decorreu em 2023, esta "conquista" em Sant Sadurní d'Anoia, sem Di Benedettos e com a medalha a ser selada frente a uma valorosa selecção italiana, reveste-se de particular importância tendo em vista o que podem ser as opções para Nuno Lopes na selecção absoluta.
Marc Rouzé, capitão e já uma certeza também na equipa principal, marcou oito golos na habitual pista do Noia, bem secundado pelos também mundialistas Antoine Thebaud e Thibault Colin, com cinco golos cada. Tal como Arthur Landrin, ao passo que Matteo Garcia assinou quatro tentos e os "portugueses" Liloann Gelebart (Valongo) e Leo Avondo (Alenquer) marcaram dois cada.
Amaury Allannic apontou um golo na goleada a Inglaterra por 1-12 que abriu o Europeu, seguindo-se, no Grupo B, uma vitória por 7-1 sobre a Alemanha. Nos quartos-de-final, o 1-8 sobre a Suíça já estava fixado ao intervalo, mas não houve argumentos para vencer a Espanha. Seria a única derrota dos franceses, por 5-1, vencendo então depois, a valer a medalha, a Itália por 4-3.
Pendente está o sonho de uma verdadeira conquista. Dificilmente a realização desse sonho passará pelo Europeu de Sub-17, que até se jogará em França, em Gujan-Mestras, e ainda menos pelo de Sub-19, apontado a Viareggio. Mas, com a expectativa que Roberto Di Benedetto esteja apto, com Bruno, Carlo, Remi e Rouzé, e talvez Thebaud e Colin, e um Pedro Chambel que se transcende por "les bleus", as aspirações são legitimas a um brilharete no Europeu absoluto que decorrerá em Paredes.
Segunda-feira, 21 de Abril de 2025, 20h31
