Pedro Silva, o discreto herói
Pedro Silva regressou esta temporada a Barcelos e já está de partida, para o Juventude Pacense. Mas deixa a marca nas duas conquistas do Óquei, com golos decisivos na Supertaça e, agora, na Champions League.

No último defeso, Pedro Silva reforçou o Óquei de Barcelos depois de três temporadas no Riba d'Ave. Era um regresso a um clube que representara nos escalões de formação, depois de ter começado no Campo.
Na derradeira temporada ao serviço dos ribadavenses, que culminou com uma inédita presença no playoff, Pedro destacou-se como o melhor marcador, com 17 golos, mas também como o mais "castigado" pelos árbitros, vendo 20 azuis nas 26 jornadas da fase regular.
Eram mais "faltas necessárias" do que propriamente "mau comportamento" e, esta época, apenas viu um azul em toda a fase regular do campeonato. Naturalmente, com menos minutos, mas não a justificar só por si a diferença, dado que Rui Neto não hesitou em apostar em Pedro Silva em partidas e momentos importantes.
Como na Supertaça António Livramento, com o resultado empatado a dois. E, com menos de três minutos por jogar, frente a um Porto que conquistara Taça e Campeonato, Pedro Silva fez o decisivo 2-3 que permitiu aos barcelenses erguerem o troféu.
Discreto entre muitos jogadores que chamam a si os holofotes - pelos golos, presença ou exuberância -, é mais um trabalhador como Vieirinha, Poka ou, nos poucos minutos que vai tendo, Santi Chambella. Na fase regular do Campeonato Placard, Pedro Silva apontou apenas seis golos. Na Champions League, só um, na primeira mão dos quartos-de-final, na Corunha.

Bem, só um que contasse para a lista de melhores marcadores. Para a final, estava guardado um outro golo. Depois de uma igualdade a um no final dos regulamentares 50 minutos e de não ter havido golos no prolongamento, Pedro conseguiu o que Hélder Nunes, Miguel Rocha e Edu Lamas não tinham conseguido, transformando a sua grande penalidade.
Celebrou virado para a sua bancada. Deu uma "peitaça" em Conti que ia derrubando o seu guarda-redes. E regressou, focado, de novo contido, à linha do meio campo onde se aguarda que pela doce vitória ou a amarga derrota.
Festejou após a derradeira defesa de Conti, na discrição com que cumpre o seu trabalho em pista. Na subida ao palco, ficou atrás dos outros, como se não tivesse sido preponderante, como se aquele golo de grande penalidade tivesse estado sempre no plano. Depois, sentou-se ao lado do seu guarda-redes, poeticamente sob aquele braço direito que parou o último remate.
Em conferência de imprensa, Rui Neto revelaria que tinha dito que seria Pedro a decidir, como na Supertaça. Talvez Rui o tivesse planeado. Talvez Pedro o tivesse sonhado. E, agora, "apenas" concretizado. Aos 27 anos, é campeão da Europa.
O regresso a Barcelos será efémero, partindo de novo já no final da temporada. Junta-se ao Juventude Pacense, onde reencontrará Nuno Pereira ("Miccoli"), de quem recebeu a braçadeira de capitão no Riba d'Ave.
Segunda-feira, 12 de Maio de 2025, 12h32