Acontece aos melhores
Pedro Alves dos Santos
Girão disse que 'o Benfica, neste momento, é a melhor equipa do mundo', e a maioria concordará. Mas, como o próprio Sporting provou na Taça, as águias não são invencíveis. E voltaram a claudicar na Champions League.

O Benfica investiu forte em jogadores e equipa técnica para ter, esta época - e talvez nas próximas -, a melhor equipa do Mundo. Será a opinião da maioria e é, por exemplo, a opinião de Ângelo Girão, que o referiu textualmente no rescaldo da conquista leonina.
As partes justificam a convicção. A soma das partes tinha, e tem, de prová-lo em pista.
A temporada começou da melhor maneira. Com vários jogadores no embalo do Campeonato do Mundo, o Benfica venceu categoricamente a Elite Cup, reclamando cedo uma aura de superioridade perante as restantes equipas.
Até à Final Four da Taça de Portugal, a equipa de Edu Castro disputou 43 jogos. Três para a Elite Cup, 25 para o Campeonato Placard, três para a Taça e 12 para a Champions League. Perdeu apenas dois, ambos para o campeonato, no Dragão Arena (num descer à terra num palco "aziago") e na recepção à Oliveirense.
No entanto, o Benfica não perdia tão poucos jogos para o campeonato desde 2017/18, e tal não impediu as águias de vencerem a fase regular. O que tem sido sinónimo de conquista do título no final, mas, mais uma vez, será preciso prová-lo nos momentos decisivos. E, no espaço de 11 dias, o Benfica falhou em dois momentos decisivos.
A 30 de Abril, o Benfica perdeu nas meias-finais da Taça de Portugal, que escapa há 10 anos, frente ao Sporting, por 2-4. A 10 de Maio, noutra meia-final, da Champions League, que foge - tal como a presença na final - há nove anos, perdeu frente ao Porto por 2-3.
Foi notória a incapacidade de criar oportunidades de golo no reagir à adversidade. Não obstante os reforços que chegaram do Barcelona terem excelentes números no campeonato, com 33 golos de Pau Bargalló e 31 de João Rodrigues, Edo Bosch e Ricardo Ares, com opções diferentes, souberam anular o ataque encarnado, o melhor do campeonato. E penalizaram a defesa, a terceira melhor com 55 golos sofridos, aquém, precisamente de dragões (53) e leões (51).
Também vai sendo notório o "peso" da lesão de Roberto Di Benedetto, a ter agora novamente de embalar para um novo "início" de época. E, no condicionamento, e na necessidade de impôr ritmo, estranharam-se em Matosinhos os "poucos" minutos de João Rodrigues, Lucas Ordoñez e Diogo Rafael.
Na exigida regularidade da fase regular, o Benfica cumpriu. Nos cinco campeonatos do pós-pandemia, foi neste que conseguiu menos derrotas (duas contra o mínimo de quatro nas duas últimas épocas) e mais golos (148 contra os 129 de 2022/23). Edu Castro apenas não logrou a melhor defesa, ficando os seus 55 golos sofridos aquém dos 53 da época passada. Mas, recorde-se, essa até acabaria com título azul-e-branco.
Este sábado, o Benfica disputa a primeira partida do playoff, recebendo o Tomar. A conquista da Elite Cup já está muito distante e não sacia os adeptos numa temporada de altas expectativas.
As desejadas Taça de Portugal e Champions League ficaram adiadas e, para a próxima temporada, o Benfica já perdeu a oportunidade de disputar a Taça Continental e, caso não haja um convite de última hora, também não estará no Mundial de Clubes.
Acontece aos melhores, mas devia acontecer menos vezes que aos demais.
Acresce pressão para a conquista do Campeonato.
Pedro Alves dos Santos
Sábado, 17 de Maio de 2025, 9h58