A linha que separa
Pedro Alves dos Santos
Entre muitos lances subjetivos, os jogos 4 das meias-finais tiveram dois lances de possível golo que não foram validados. Num jogo de alta velocidade, vai faltando ajuda, técnica e humana, aos árbitros.

Este sábado, os jogos 4 das meias-finais do Campeonato Placard tiveram um total de 18 golos nos regulamentares 50 minutos. E poderão ter ficado por validar mais dois.
O Hóquei em Patins é um jogo rápido, e a análise de cada lance tem muito de subjectivo, exigindo aos árbitros uma capacidade paranormal para avaliar intenção ou intensidade nas suas decisões. E depois há os “ses”, porque um livre directo assinalado não é necessariamente golo ou uma inferioridade também não termina necessariamente com a bola no fundo das redes.
Mas há lances objectivos em que um par de olhos extra ou uma câmara bem colocada poderiam ajudar.
O Sistema de Revisão Vídeo, popularizado como VAR no futebol, é uma ajuda importante, mas é utilizada de forma avulsa em algumas decisões, geralmente quando apenas há um jogo a decorrer. O que poderia perfeitamente acontecer nestas meias-finais. E dois “casos” de passado sábado, na linha entre dar golo e mandar seguir, fazem clamar por essa ajuda.
Na maratona entre Porto e Sporting, os leões têm razões de queixas numa grande penalidade cobrada por Alessandro Verona aos nove minutos da primeira parte, quando até já venciam por 0-2. O remate forte embateu na barra e ressaltou dentro da baliza antes de ser afastada por Malián.
O ressalto da bola para lá da linha de golo é "escondido" pelo guarda-redes catalão do árbitro Carlos Correia, que não tem hipótese de ver a bola “lá dentro”. E, de resto, nem houve protestos sobre um possível golo. O próprio Verona confidenciaria que não deu para ver. Mas alguém podia ver...
Por exemplo, em jogos realizados no Pavilhão Fidelidade ou no Pavilhão João Rocha é comum os árbitros de mesa da Associação de Patinagem de Lisboa posicionarem-se no canto do rinque, do lado contrário ao posicionamento do árbitro, para tentarem cobrir o “ângulo morto” dos árbitros de pista. Alternativamente, como é possível ver no vídeo anexo, uma câmara do lado contrário dissiparia qualquer dúvida.
Se o terceiro golo do Sporting, naquele momento, seria decisivo ou não, já cai no âmbito da adivinhação.
De mais complicada análise, dadas as imagens existentes, foi um lance de possível golo no Municipal de Barcelos. A perder 1-2, o Óquei de Barcelos reclamou golo após lance individual de Danilo Rampulla, que bateu Pedro Henriques, mas viu Nil Roca afastar a bola. Sobre a linha ou para lá da linha, eis a questão.
Para ser golo, a bola tem de passar totalmente, em todo o seu diâmetro, a linha de golo. Miguel Guilherme é o árbitro mais próximo do lance, mas o próprio stick de Nil impedirá a análise. E, mesmo com as repetições da produção televisiva, tal não é totalmente claro, até porque a baliza, ligeiramente desviada da linha de golo, tapa parte do momento.
No final, o lance acaba por perder relevância, dado que o Óquei de Barcelos venceu. Mas é mais uma acha para a fogueira da discussão sobre os meios que podem auxiliar os árbitros.
Caberá recordar que há uns anos, já largos, havia um árbitro de baliza, que ficava posicionado atrás da baliza, como que a segurá-la, garantindo que estava no sítio, e a esclarecer lances como os apresentados ou eventuais situações dúbias na área.
No entanto, com a evolução da potência de remate e a velocidade de jogo, será certamente complicado convencer, aos dias de hoje, gente a prestar-se a tão nobre – mas “suicida” – função.
Pedro Alves dos Santos
Segunda-feira, 9 de Junho de 2025, 12h01