«Foi uma alegria imensa, foi fantástico liderar este grupo de atletas»
Justificadamente em êxtase depois de dias complicados, Paulo Freitas apontou a vitória portuguesa como 'incontestável', confessou o orgulho no seu grupo de atletas e, de saída para o Porto, defendeu as decisões que sempre tomou com um recado contundente.

Na carreira de um treinador, uma das expressões mais aplicadas é a de "besta a bestial" (ou vice-versa) num instante. E o Europeu de Paulo Freitas terá sido a mais perfeita personificação dessa frase feita.
Foram três derrotas na fase de grupos, com muitas críticas, quiçá com muitos adeptos do Porto a colocarem em causa a sua contratação. Mas tudo mudou em três tempos. No tempo de uns quartos-de-final acessíveis, no tempo de uma meia-final ganha nas grandes penalidades, e no tempo de uma final em que, acima de tudo, foram pragmáticos.
"Estávamos aqui para ser campeões da Europa, e não para dar um espectáculo de ópera", frisou. "A vitória não sofre qualquer contestação", reclamou, elogiando a sua equipa. "Fomos uma equipa multifacetada. Com alma, com coração, mas fomos uma equipa com muita razão", analisou, destacando a "inteligência competitiva". "Assumimos um objectivo, queríamos controlar o marcador e conseguimos", explicou. "Fomos muito superiores à França", diria.
Sobre as considerações de Nuno Lopes sobre o mérito português e o modelo competitivo, Paulo Freitas disse que percebia a frustração e, por ser uma pessoa empática, não comentaria. Mas, comentando... "As regras foram introduzidas agora? Foi ontem à noite que introduziram as regras?", questionou. E recordou que o modelo era o mesmo no Europeu de Sub-23 [ndr: e também foi nos Sub-17 e Sub-19], que Portugal venceu em Sant Sadurní d'Anoia. Para Paulo Freitas, desde já talvez faça sentido repensar o jogo para o 3º lugar, onde a Espanha - cuja prestação na prova elogiou - chegou quebrada animicamente.
Na primeira fase, uma das críticas que iam sendo repetidas tinha a ver com os estrangeiros no campeonato português. Desta feita, na final com a França - que tem quatro jogadores no Campeonato Placard e vai ter um quinto (Rouzé) - foi uma vantagem.
"Foi uma mais-valia termos o conhecimento do jogador francês, da mesma forma que tem sido uma mais-valia para os jogadores jogarem no melhor campeonato do Mundo. Há um potencial maior de análise relativamente aos jogadores que actuam no campeonato português", referiu o seleccionador que não se coibiu de sublinhar que "tudo o que é estrangeiro de qualidade deve ter entrada no campeonato português".
E, à margem da sempre presente polémica com os jogadores estrangeiros, Paulo Freitas recordou que Portugal venceu este ano os títulos europeus de Sub-17, Sub-19 e Sub-23. "Alguma coisa está a ser bem feita", destacou.
A caminho do Porto
Em jeito de despedido da selecção portuguesa, Freitas enumerou a playlist, "só com música portuguesa, só para perceberem o orgulho que esta gente tinha em representar Portugal". "Foi uma alegria imensa. Foi fantástico liderar este grupo de atletas", reforçou.
"Saio com a consciência tranquila, de que sempre fiz o meu melhor, nunca tomei decisões contra ninguém, tomo as decisões que tenho de tomar e tomo as decisões sempre a favor de alguma coisa", remetendo - assume-se - para a crítica do Benfica à convocatória. "Aos burros não se dá conversa, dá-se palha", concluiu.
Findo este Europeu, Paulo Freitas assumirá o comando técnico do Porto, actual campeão nacional, e que conta com os agora novos campeões europeus Hélder Nunes, Gonçalo Alves e Rafa, e com o vice-campeão, adversário na final, Carlo Di Benedetto.
O primeiro desafio, ainda este mês de Setembro, planeada de 25 a 27, é a Elite Cup. A prova foi ganha por Paulo Freitas ao serviço do Sporting em 2018, ainda como troféu oficioso.
Domingo, 7 de Setembro de 2025, 19h58