Nove tiros no couraçado verde-e-branco
O Sporting perdeu no Dragão Arena com nove golos consentidos, inusitados - mesmo contando cinco livre directos - para uma equipa que prima pela solidez defensiva. Desde 2015 que os leões não sofriam nove golos para o campeonato.
Os nove golos sofridos pelo Sporting no Dragão Arena na derrota de passado domingo são um registo pesado. De facto, apenas três foram de bola corrida, mas contando os de bola parada (e foram cinco de livre directo...) tanto como estes, é necessário recuar seis anos, até 2015, para encontrar semelhante permeabilidade.
Em 2015, depois dos leões terem subido ao céu com a conquista da Taça CERS e da Supertaça António Livramento e de terem vencido o todo-poderoso Barcelona na primeira mão da Taça Continental, as expectativas eram altas. Mas os argumentos eram claramente inferiores e, a 21 de Outubro, eram trazidos de volta à terra na Luz com um contundente 9-0, para perderem menos de um mês depois no Dragão Caixa por 8-0.
Essa equipa, orientada por Nuno Lopes, era ainda, em termos de "armas", um rascunho grosseiro do projecto campeão a que apenas os guarda-redes Ângelo Girão e Zé Diogo chegariam.
A Lopes sucedeu Guillem Pérez em 2016 e, a este, Paulo Freitas em Março de 2017.
O primeiro jogo no banco dos verde-e-brancos de Freitas seria precisamente no Dragão, para a Taça de Portugal, perdendo por 8-3. Os oito golos sofridos sublinharam a necessidade de se trabalhar defensivamente e foi nesse paradigma que o Sporting alicerçou as suas conquistas.
Depois desse primeiro jogo do ex-técnico do Óquei de Barcelos, o Sporting não voltaria a sofrer tantos golos. E só uma vez perderia por maior diferença.
Para o campeonato, o pior registo defensivo dos leões foi a derrota por 5-7 no João Rocha com o Paço de Arcos de Luís Duarte, em Janeiro de 2019, num jogo também marcada pela eficácia adversária de bola parada. Tomás Moreira, então na equipa da Linha, transformou nada menos que uma grande penalidade e três livres directos.
Em 120 jogos para o Campeonato, o Sporting de Paulo Freitas soma 306 golos sofridos, numa média de 2.55 golos consentidos por jogo. E, em 60% das partidas, sofreu três ou menos golos. E apenas em duas partidas - as já mencionadas do último fim-de-semana e de Janeiro de 2019 - é que sofreu mais do que seis.
Seria, no entanto, uma derrota com seis golos sofridos que marcaria a maior diferença (negativa) no marcador para Paulo Freitas nos leões. E também no Dragão. Em Fevereiro de 2020, o Porto venceu por seis golos sem resposta, com tentos de Carlo Di Benedetto (três), Gonçalo Alves (dois) e Rafa e, curiosamente, todos voltaram a marcar no passado fim-de-semana, juntando-se agora o capitão Reinaldo Garcia e Ezequiel Mena à lista de marcadores.
Este domingo, o Sporting recebe o Óquei de Barcelos, segundo melhor ataque do campeonato com 31 golos, apenas aquém dos 39 do Porto. Será a oitava partida, como visitado e para o Campeonato, de Paulo Freitas ao leme dos leões frente à sua ex-equipa, somando uma derrota, dois empates e quatro vitórias no tempo regulamentar, com uma média de 3.4 golos consentidos.
Com mais de duas visitas, apenas Benfica (4 golos por jogo) marcou mais na visita ao "covil" de um leão sob a batuta de Freitas.
Sábado, 16 de Outubro de 2021, 9h21