Balão de oxigénio para as águias
Com um triunfo por 6-4 sobre o Óquei de Barcelos, o Benfica 'respira' depois de três derrotas consecutivas e antes da paragem para o Europeu. Pedro Henriques tornou o hat-trick de Alvarinho inglório num jogo em que Nicolia bisou.
"Correndo" contra uma histórica quarta derrota consecutiva nesta primeira fase do Campeonato, o Benfica venceu o Óquei de Barcelos por 6-4, numa partida em que os barcelenses foram melhores durante largos períodos, mas claudicaram em dois momentos-chave a meio da segunda parte.
O atrevido Barcelos de Rui Neto entrou "mandão", a controlar os primeiros minutos e a remeter um Benfica de naturais cautelas à defensiva. As águias libertaram-se apenas com a entrada de Carlos Nicolia, com cerca de 10 minutos decorridos e o internacional argentino não tardou a mostrar serviço na sua predisposição atacante. Isolado perante o compatriota Conti Acevedo não perdoou e fez o 1-0.
No imediato, os barcelenses - que esta temporada só tinha perdido no Dragão Arena e no João Rocha - acusaram o golo e o Benfica criou oportunidades para ampliar, mesmo com notória continuidade de carência de rotinas e alternativas ofensivas que se vão estranhando pelas individualidades à disposição do seu técnico.
Aos 13 minutos, Dario Giménez deu um "nó" em Poka e "sacou" um azul que o levava para a "sua" marca de livre directo. E fez o 1-1 que voltou a mostrar a outra face do Barcelos. Com Rampulla, Giménez e Alvarinho, os pupilos de Rui Neto divertiam-se a jogar e entretinham quem via o jogo. E enervavam os adeptos encarnados, bem como uma bem composta tribuna, com uma larga comitiva directiva liderada pelo presidente Rui Costa. Mas a nota artística ainda não vale golos só por si...
Sem marcar, o Barcelos foi castigado. De muito longe, Poka colocou na área contrária e Edu Lamas surgiu para o desvio, colocando pela primeira vez os encarnados na frente do marcador e deixando marcas por alguns minutos no adversário. A cinco minutos do intervalo, Poka dispôs mesmo de uma grande penalidade que poderia valer uma vantagem mais larga, mas apenas serviu - com a defesa de Conti - para embalar os barcelenses para um bom final de primeira parte.
Lucas Ordoñez viu um azul numa atitude irreflectida a espelhar o nervosismo encarnado e foi a vez de Pedro Henriques - nesta noite, capitão sem braçadeira - assumir a defesa dos "interesses" da sua equipa. Negou novo golo de livre directo a Dario, foi preponderante na inferioridade numérica e defendeu uma grande penalidade de Luís Querido para levar as águias em vantagem para o descanso.
Na segunda parte, o Óquei de Barcelos voltou a entrar bem e a assumir o jogo, vestindo o "fato" de candidato declarado ao título enquanto o assumido candidato Benfica defendia para garantir preciosos pontos. Aos seis minutos e meio, Rampulla, um dos dispensados das águias no último defeso, mostrou serviço e serviu para o desvio de Alvarinho para o primeiro tento do internacional jovem português numa noite inglória.
O Barcelos, por cima no jogo, perderia aos 12 minutos a oportunidade de ficar também por cima no marcador, quando Dario Giménez voltou a perder o duelo com o fulcral Pedro Henriques na 10ª falta dos encarnados. Depois, num ápice, tudo mudou.
Logo no lance seguinte, Pablito Álvarez fez o 3-2 na 10ª falta dos galos. Menos de meio minuto volvido, Gonçalo Pinto via o azul e Pedro Henriques voltava a ser o garante na baliza, negando agora o golo a Alvarinho. E, com mais uns segundos no relógio, mesmo em inferioridade, Diogo Rafael "fugia" entre dois adversários para só parar com a bola no fundo das redes de Conti, num grande momento do internacional que no Europeu estará de volta à Selecção.
O Benfica ficava a ganhar por dois golos num piscar de olhos e decididamente lançado para a vitória. No "underplay" que continuou, o Óquei de Barcelos trabalhou muito bem e Alvarinho fez o seu segundo da noite, mas, mesmo com a diferença mínima no marcador via-se um Benfica diferente, com as suas individualidades - acima do colectivo - mais empolgados na saída para o ataque. A seis minutos do final, Carlos Nicolia assinou um decisivo 5-3 e, no bis, "explodiu" na celebração contra as vozes críticas, beijando o símbolo das águias.
O Óquei de Barcelos, sem eficácia perante a cerrada defensiva encarnada, ficava ferido de morte. Pouco depois, em contra-ataque, Lucas Ordoñez servia Gonçalo Pinto para um 6-3 que era como um golpe de misericórdia.
Alvarinho, campeão do Mundo de Sub-20 em 2015 com Gonçalo Pinto, ainda reduziu para 6-4, selando um hat-trick. E Miguel Rocha até dispôs de uma grande penalidade. Mas, mais uma vez, Pedro Henriques segurou.
Pese a vitória e os três pontos somados, o Benfica não deixa o 7º lugar, agora com 12 pontos. As quatro vitórias amealhadas em oito jogos não deixam de ser um registo paupérrimo (o pior, agora a par de 2007/08, desde 2003/04) para um assumido candidato ao título (e a tudo) mas este triunfo é um balão de oxigénio para a pausa de um mês que se segue. Os encarnados regressam aos jogos com a deslocação a Turquel, agendada para 27 de Novembro.
O Óquei de Barcelos volta a "falhar" na pista de um dos três assumidos candidatos e pode perder o quarto lugar se o Tomar vencer o jogo que tem em atraso (com o Valongo, esta quarta-feira).
A 8ª jornada prossegue esta terça-feira, com a deslocação do líder Porto a Viana do Castelo. Também esta terça-feira, o Sporting joga em Turquel, no jogo que fecha a 7ª jornada.
8ª jornada
• Marinhense 4-5 Sporting
• Braga SAD 3-4 Oliveirense
• Parede 5-4 Turquel
• Benfica 6-4 Óquei de Barcelos
• Juventude de Viana vs. Porto • 26.Out • 21h • Paulo Almeida e Manuel Oliveira
• Paço de Arcos vs. Sanjoanense • 27.Out • 21h
• Valongo vs. Tomar • 27.Out • 21h
Classificação
1º Porto* (21 pontos), 2º Oliveirense (20), 3º Sporting* (16), 4º Óquei de Barcelos (15), 5º Tomar* (14), 6º Valongo* (12), 7º Benfica (12), 8º Parede (9), 9º Braga (9), 10º Juventude de Viana* (7), 11º Marinhense (7), 12º Paço de Arcos* (5), 13º Turquel* (4), 14º Sanjoanense* (0)
* com menos um jogo
Segunda-feira, 25 de Outubro de 2021, 23h16