'Portugal diz que sou português, e sou português!'
Numa publicação no Instagram, Carlos Nicolía lamenta que 'existam entidades que se oponham, restringindo as possibilidades de trabalho', numa crítica clara à regra dos 'não seleccionáveis' que entrou em vigor esta temporada.
A regra que obriga, desde a presente temporada, a ter pelo menos cinco seleccionáveis numa ficha de jogo de 10 atletas, condiciona naturalmente as escolhas em termos de não seleccionáveis. A cinco, por aritmética simples.
Carlos Nicolía, pese ter a nacionalidade portuguesa, nunca estará - pelas regras actuais - em situação de ser considerado seleccionável.
Para além da regra da World Skate, de só se poder representar uma outra selecção depois de um hiato de três anos sem representar a anterior, o ponto 2.1 do Artigo 26º do Regulamento das Selecções Nacionais impõe que, no caso de naturalizados (como Nicolía, e numa perigosa descriminação entre ter "nacionalidade portuguesa" e ser "naturalizado"), nunca tenha representado a selecção do seu país de origem. E Nicolía já representou a Argentina, até já se sagrou campeão do Mundo, e é o actual capitão da albiceleste.
Ainda que possa estar de saída do Benfica, a ligação de Carlos Nicolía a Portugal vem desde 2014 e foi-se fortalecendo. Aumentou em terras lusas a sua família e criou raízes em termos empresariais. E, esta quarta-feira, lamentou nas redes sociais que, apesar de ser português, fique limitado nas suas possibilidades de trabalho pela regra da Federação de Patinagem de Portugal.
Casos distintos
Diferente será o caso de, por exemplo, André Centeno, Francisco Veludo e João Pinto, internacionais angolanos, ou Nuno Araújo e Pedro Martins, internacionais moçambicanos.
Dado que têm nacionalidade portuguesa "de origem" (e não adquirida por naturalização), "bastar-lhes-á" cumprir três anos sem representar a anterior selecção para voltarem a ser considerados seleccionáveis. Tal acontecerá, para estes cinco jogadores, em Julho de 2022, volvidos três anos sobre a participação no Mundial de 2019. Mesmo a tempo de ganharem "espaço" em qualquer emblema português na próxima temporada.
João Pinto e Francisco Veludo já tornaram público o afastamento da selecção angolana, e serão "seleccionáveis" em Portugal em 2022/23.
João Pinto anunciou no final do Mundial de Barcelona que dava como fechado o capítulo da selecção angolana e Francisco Veludo também já tornou público que não voltará a representar Angola.
Na hora de considerar uma nova representação, que será no Mundial de San Juan, André Centeno, Nuno Araújo e Pedro Martins terão de ter em conta as "portas" que serão fechadas ou os constrangimentos que causarão aos seus clubes na elaboração dos planteis.
Entre os citados, o mais distante de voltar a ser seleccionável poderá ser Centeno. Capitão angolano no último Mundial e com laços afectivos a Angola, poderá não conseguir recusar um convite dos "palancas"...
Quarta-feira, 19 de Janeiro de 2022, 15h32