«O trabalho tem de ser feito ao longo do ano, não um mês antes das provas»
Angola terminou o Campeonato do Mundo num honroso 6º lugar, apenas aquém do 5º conseguido em 2017. Há margem para continuidade em 2024, mas, a lidar com algumas dificuldades estruturais, San Juan pode marcar o fim de um grupo valoroso.
Depois do 6º lugar em Barcelona, João Pinto anunciou que se retirava da selecção. Parecia o principio do fim para um grupo que, dois anos antes, em Nanjing, lograra o 5º lugar, na melhor classificação de sempre dos "palancas". Mas, três anos volvidos sobre os "Jogos" na Catalunha, o grupo voltou a reunir-se para tentar surpreender em San Juan.
Às ordens de Miguel Belbruno, Angola foi a primeira a chegar à "Meca" do Hóquei em Patins para preparação. Francisco Veludo, André Centeno, Humberto Mendes ("Big"), João Pinto e Martin Payero davam garantias, ainda que os 45 anos de Payero já não se compadeçam com correrias. Anderson Nery e Filipe Bernardino são alternativas de qualidade e Wilson Alexandre, Adilson Diogo ("Py") e Josemar Tavares ("Zidane") completaram os 10 chamados pelo técnico argentino aos vários jogos.
A vitória sobre Moçambique (2-5) no primeiro jogo da fase de grupos garantia desportivamente (ainda que não matematicamente...) que os angolanos entravam directamente nos quartos-de-final e as derrotas com Argentina (0-4) e Espanha (1-5) acabaram por ser formalidades.
Vários constrangimentos físicos condicionaram os jogos na fase de grupos e condicionariam toda a prova, mas, nos "quartos", frente a Itália, na partida mais importante, os angolanos estiveram a um passo de fazer História. Angola vencia por 4-2 os italianos a 11 minutos do fim e a primeira presença de sempre nas meias-finais não era uma miragem. Mas os transalpinos, com mais opções e melhor fisicamente, virariam o resultado.
Relegados para a disputa do 5º lugar, os angolanos venceram o Chile por 4-8, mas, completamente esgotados, não tiveram forças para evitar uma goleada na despedida frente a uma Espanha que desde 1991 não ficava fora dos quatro primeiros.
No final, em rescaldo, Belbruno apontou um "balanço positivo" e revelou-se "muito satisfeito com o campeonato feito". A continuidade no comando técnico, havendo dúvidas sobre a realização do campeonato africano, era (e é) uma incógnita.
Em relação aos jogadores, Big deixou um alerta, em jeito de "murro na mesa", não garantindo continuar a ter "disponibilidade para voltar a passar por circunstâncias complicadas". Aquele que é a maior referência desta selecção (e de sempre?) entre os jogadores nascidos em Angola - estando a evoluir na Catalunha desde os 15 anos - foi contundente, vincando a necessidade dos dirigentes reverem as condições que proporcionam a este grupo.
O capitão André Centeno, melhor marcador angolano neste Mundial (com seis golos), alertou para a necessidade de renovação paulatina, com trabalho permanente, garantindo no entanto que, estando nos grandes campeonatos, o núcleo duro desta selecção tem condições para regressar em 2024, quando o Mundial se disputar em Itália.
O adjunto Alberto Domingos ("Jó") garantiu que há talento em Angola, mas recordou também que há outros jovens a evoluir em Portugal que podem ser opção.
Quarta-feira, 7 de Dezembro de 2022, 9h17