Expulso, mas dificilmente afastado da 'negra'
Após o apito final do quarto jogo, Pedro Henriques foi expulso, colocando em causa a sua utilização na 'negra'. Mas com abertura de processo disciplinar, como tem sido regra, ou recurso, o eventual castigo deverá ficar adiado.
No burburinho do final do quarto jogo das meias-finais do Campeonato Placard, entre Oliveirense e Benfica, Pedro Henriques foi considerado expulso.
Tal deverá ter sido despoletado por uma acção com Franco Platero, mas, para além do apito final, a "simples" inscrição do vermelho na ficha de jogo não ajuda a descortinar com certeza o que terá levado à "exibição" do cartão por João Catrapona e Fernando Vasconcelos.
As reacções foram prontas. "Vermelho, não joga o próximo jogo". Mas, quase de pronto, quiçá a lembrarem-se das vicissitudes da modalidade, os elementos da Oliveirense remeteram logo para um provável processo que, desde logo, suspende a execução de um eventual castigo. E os precedentes dão-lhes razão.
Na presente edição do Campeonato Placard, houve 11 situações de expulsão a patinadores que foram "imediatamente" - isto é, sem abertura de processo - sancionadas com uma ou duas partidas de suspensão.
No entanto, seis dessas sanções foram ao abrigo do Artigo 169º, ou seja, por "uso de expressões ou gestos grosseiros, impróprios ou incorrectos" (comummente, por protestos), e cinco recaíram no ponto 7 do Artigo 172º, por "o patinador (...) atingir o adversário em qualquer zona do corpo, sem consequências físicas" num enquadramento de disputa de jogo. O que não é o caso.
Noutras três situações, a expulsão determinou a abertura de processo disciplinar. João Souto (Sporting) e Tato Ferruccio (Tomar), por faltas consideradas duras, acabariam por ser sancionadas com duas partidas de suspensão. Tiago Sanches, expulso após o apito final por "incitamento à disciplina e comportamento incorrecto", acabaria por ser suspenso por 22 dias.
Outra questão é quando estes três atletas foram sancionados. De facto, nas delongas processuais, o caso de Tiago Sanches só foi resolvido 106 dias depois. E os de Souto e Tato, respectivamente, 65 e 70 dias depois. Mais de dois meses, o que daria para Pedro Henriques - no seu direito de defesa em processo - disputar, não só a quinta partida frente à Oliveirense, como uma eventual final.
Na abertura de processo, há duas formas que podem acelerar a decisão, mas só com alguma imaginação terão enquadramento.
Desde logo, o processo sumário não pode ser aplicado, dado que esse só prevê ocorrências graves e esta deverá ser considerada muito grave (justificado desde logo pelo vermelho directo).
Depois, há o processo urgente, de prazos reduzidos, que pode ser, por exemplo, aplicado quando "esteja em causa infração cometida num jogo de competição, ou fase de competição, por eliminatórias, nos casos em que a continuidade do clube na competição esteja dependente da decisão". Mas a continuidade do Benfica não está em causa, dado que a sanção será para o jogador, nunca será de afastamento da prova. Além disso, esta forma de processo prevê que "ficam sempre reduzidos a 2 dias úteis os prazos que tenham maior duração, nomeadamente para a defesa escrita, e o número de testemunhas a apresentar não pode ser superior a três".
De resto, realisticamente, um processo aberto dificilmente acontecerá esta segunda-feira, feriado nacional. Aberto na terça, já necessidade de identificação de testemunhas e elaboração de defesa. No cúmulo, se isso acontecesse em dois dias, já seria quinta-feira, dia de jogo. Se a decisão saísse nesse dia, só seria efectiva no dia útil seguinte, sexta-feira. E aí já estarão conhecidos os dois finalistas do Campeonato Placard.
No caso de aplicação imediata de castigo, o Benfica tem sempre possibilidade de pedido de providência cautelar e pedido de recurso ao Tribunal Arbitral do Desporto, como aconteceu noutros casos em épocas anteriores. E, desta vez, pode tentar não fazer as coisas mal feitas.
Resumindo, seja por qual factor ou motivo for, dificilmente Pedro Henriques não será opção para Nuno Resende na "negra".
Segunda-feira, 10 de Junho de 2024, 9h25