Pablo Aguaron: o regresso de um craque
O apuramento dos Estados Unidos foi uma surpresa e é a novidade no Mundial. Dos 'States', veio na bagagem Pablo Aguaron, um craque das camadas jovens da Espanha que há oito anos 'deixou' a Europa. Regressa com um brilho nos olhos.
No final da primeira década deste século, Pablo Aguaron era um nome incontornável no futuro do Hóquei em Patins.
Campeão da Europa de Sub-17 em 2007, alcançou a glória mundial em Sub-20 em 2009, em Bassano, e em 2011, em Barcelos.
No Mundial de Bassano, na equipa de Carles Grau, defrontou João Rodrigues e Rafa. Em Barcelos, com Xavi Barroso (convocado para Novara, mas ausente por lesão) ao seu lado venceu uma selecção portuguesa que contava, por exemplo, com Gonçalo Alves e Hélder Nunes.
De baixa estatura, rápido na patinagem, incansável na procura de bola e com uma invejável visão de jogo, dava gosto ver jogar Aguaron.
Mas a transição para sénior não foi como se augurava, "terminando" a carreira demasiado cedo.
Formado no Sant Cugat, representou Sitges e Vilafranca, já na OK Liga. Em 2014, regressou a Bassano, onde conquistara o Mundial em 2009, para representar os "giallorossi". Mas esteve pouco mais de uma época na Serie A1. Não por questões desportivas, mostrando em pista os seus argumentos, mas por questões académicas.
Era um daqueles "carolas" que compaginam na perfeição estudos e desporto, e regressava à Catalunha para terminar o doutoramento em direito e, paralelamente, uma licenciatura em contabilidade. No malabarismo diário, regressava ao seu Sant Cugat, com o objectivo da subida à categoria máxima. "O meu sonho não é jogar no Barcelona ou na selecção absoluta, o meu sonho é jogar pelo Sant Cugat na OK Liga", diria.
No entanto, na crueldade do desporto, o emblema catalão comunicou-lhe que não contaria com ele na temporada seguinte. Mesmo com ofertas para continuar nas pistas espanholas, preferiu viajar. Em 2016, com o irmão Marc, partiu à descoberta do "faroeste".
Assentou nos Estados Unidos da América, onde o Hóquei em Patins está longe de ter lugar no "sonho". No passar dos anos, as saudades da modalidade apertaram e regressou às pistas na Florida. Filho de pai madrileno e mãe norte-americana, aceitou o convite para integrar a selecção neste Campeonato do Mundo.
Em pista, frente a Portugal, mostrou que o talento está lá. Corredor de provas de "iron man", os seus quase 32 anos (faz a 8 de Outubro) não se notam. E sabe o que faz, sabe como fazer. Oficialmente, não é o treinador, mas é ele que pauta todo o jogo, é ele que move as peças e aponta o foco às "quatro coisas" que sabem fazer bem.
É provável que os Estados Unidos terminem esta primeira fase do Campeonato do Mundo só com derrotas e relegados para o Mundial "B", o Campeonato Intercontinental. Mas o entusiasmo de Pablo Aguaron é vencedor.
Quando no dito "Melhor Campeonato do Mundo", muitos vaticinam o declínio, Aguaron vê, em "solo infértil", uma oportunidade. Onde outros vêm a catástrofe, Aguaron vê um desporto espectacular, com potencial para singrar.
Que o seu entusiasmo se torne o entusiasmo de muitos outros.
Terça-feira, 17 de Setembro de 2024, 9h32