«É necessário voltar a uma gestão menos onerosa»

Em comunicado, o presidente do Forte assumiu que é hora de reformular o projecto cinco vezes campeão nos últimos 12 anos. Numa nova realidade financeira, a aposta será nos jovens do clube e, quiçá, com renúncia à Serie A1.

«É necessário voltar a uma gestão menos onerosa»
Foto de capa: Hockey Forte

A alteração de condições financeiras leva muitas vezes à falência de projectos, com a relutância dos dirigentes em aceitarem a nova realidade. Pelo contrário, em Forte dei Marmi, a pensar no futuro, o clube assume um passo atrás.

Esta quinta-feira, o presidente Piero Tosi emitiu um comunicado (traduzido abaixo) em que refere que é momento de parar e reformular o projecto. Em declarações posteriores, já admitiu mesmo a hipótese de renunciar à Serie A1, mas o cenário mais provável será o de desconstrução do plantel actual para a disputa da próxima temporada do principal campeonato italiano com "prata da casa".

A última dúzia de anos do Forte foi idílica.

Assente em robustez financeira, o Forte venceu a Serie A1 em 2014, 2015, 2016, 2019 e 2024. Apenas Monza (sete), Triestina (19) e Novara (32) têm mais "scudettos" na história do Hóquei em Patins italiano. Conquistou a Coppa em 2017 e, depois de ter sido finalista em 2018, 2021 e 2022, voltou a vencer em 2024, triunfando também na Supercoppa em 2014, 2017, 2019 e 2021 para um recorde de quatro troféus na prova, entretanto igualado esta época pelo Follonica.

Após a pandemia, o Forte "viveu" do investimento de Attilio Bindi, magnata das sobremesas em Itália, culminando o "Progetto Felicitá" ("Projecto Felicidade") de três anos na dobradinha de 2024. Bindi não foi além dos três anos que se propunha e Pedro Gil e Francesco Rossi terminaram a carreira, Joan Galbas e o técnico Alessandro Bertolucci rumaram ao Bassano, Elia Cinquini foi para Viareggio e "Checco" Compagno regressou ao Lodi.

No rombo financeiro e desportivo, o Forte, agora orientado por Mirco De Girone, vai-se mantendo na luta por derradeiros troféus. É 3º na Serie A1, com 39 pontos, a um ponto do Lodi e seis do líder Trissino, tendo apenas perdido em Follonica (6-1) e Lodi (6-3). Nas meias-finais da Coppa Italia, defrontará o Lodi.

No final da temporada, não faltarão interessados nos principais jogadores do Forte. Campeão europeu em 2014, Federico Ambrosio, apesar dos 36 anos, continua a ser garantia de golos, e soma 21. Mais jovem, Andrea Borgo (21 anos), é o segundo mais profícuo, com 15.

Depois há o internacional italiano Fran Ipiñazar, o catalão Enric Torner ou o guarda-redes Riccardo Gnata, todos de reconhecida qualidade. Ou Patrício Ipiñazar, irmão de Fran e reforço para esta temporada, entretanto afastado em Janeiro por uma factura no maxilar que o poderá deixar longe das pistas dois meses. Francesco Rossi foi chamado da "reforma" para colmatar a ausência de "Pato".

De resto, há os tais jovens para reerguerem o Forte. No último jogo, na vitória em Montebello por 1-5, para além de Borgo, a quem não faltarão interessados, estavam Gabriel Ambrosio (22), Diego Chereches (20 anos), Tommaso Giovanelli (19) e o guarda-redes Raffaello Ciupi (21). E outros têm sido chamados a jogo, e serão certamente chamados à reconstrução do clube.

Há momentos na vida em que é necessário parar e fazer um balanço do trabalho, e para o Hockey Club Forte dei Marmi esse momento chegou. A nossa associação soube crescer e afirmar-se, e nos últimos 12 anos permitiu a todos os seus adeptos e entusiastas viverem um conto de fadas e alegrarem-se com objectivos exaltantes, quase inalcançáveis, tornando-se uma das equipas mais bem sucedidas da história italiana.

Agora, muitas coisas mudaram, especialmente a nível fiscal e administrativo. Pensava-se que a reforma do desporto e do trabalho desportivo tivesse um impacto menor nos clubes, mas, em vez disso, teve um forte impacto nas associações mais estruturadas e, a menos que se possa usufruir de um apoio popular muito amplo, o que não é o caso de Forte dei Marmi, ou de intervenções extraordinárias como a que Attilio Bindi realizou nas últimas épocas, é óbvio e necessário planear de forma diferente.

É, portanto, necessário voltar a uma gestão menos onerosa, remodelando a estrutura técnica e organizacional para um modelo mais sustentável, o que não significa necessariamente ter de renunciar a objectivos igualmente ambiciosos, que terão de ser alcançados através de um maior foco na contribuição do nosso sector juvenil, como, aliás, já está previsto a partir desta época, em que alguns dos nossos jovens estão permanentemente presentes na equipa principal.

Pedimos a todos que se mantenham sempre ao nosso lado. Sabemos que os verdadeiros adeptos, aqueles que estão realmente ligados às cores vermelhas e azuis, estarão connosco e nos apoiarão, tal como esperamos que os patrocinadores também o façam, e confiamos obviamente que a nossa Administração Municipal continuará a estar próxima de nós.

Estamos todos a trabalhar e vamos trabalhar para que esta transição seja o menos dolorosa possível e, entretanto, convidamos-vos a estarem ainda mais presentes e próximos dos jogadores, porque, esta época, a nossa equipa, este grupo fantástico de rapazes, ainda nos pode dar muitas, muitas alegrias. Acima de tudo, devemos-lhes um enorme agradecimento, tal como a Attilio Bindi e aos actuais patrocinadores, lembrando todos que esta continua a ser uma época de Hóquei de alto nível, em que o Forte ainda pode disputar os títulos mais importantes.

Piero Tosi, Presidente

AMGRoller Compozito

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