O 'outro' Europeu

No Grupo B, Alemanha, Andorra, Suíça e Áustria 'correm' à margem dos holofotes - e do público - almejando não mais do que o 5º lugar final. Há 'um mundo' que as separa das selecções do Grupo A. No primeiro dia, Andorra foi a vencedora e a Áustria surpreendeu.

O Campeonato da Europa arrancou antes da maioria do público chegar ao Pavilhão Rota dos Móveis. Com uma dúzia de espectadores nas bancadas, o Grupo B foi a jogo... apontado ao 5º lugar. E, esse, vale um lugar na série principal do Campeonato do Mundo.

No modelo actual, o Grupo B é uma espécie de 2ª divisão. Sem mediatismo. Com pouquíssimo público.

Alemanha e Andorra abriram o Grupo B e o Europeu, com vitória andorrana por 4-5 conseguida nos instantes finais.

Gerard Miquel abriu o marcador de meia distância, mas Rafael Ogura virou o marcador, bisando em minuto e meio. A Alemanha era mais forte, mais perigosa, mas um inusitado aproveitamento de Andorra em inferioridade manteve-a no jogo.

Ainda na primeira parte, a selecção orientada por Borja López sofreu um golo de Nick Heinrichs após azul a Nil Dilmé, mas também marcou, por Nil Castellvi, chegando o jogo ao intervalo com um tangencial 3-2 favorável à equipa de Markus Feldhoff.

No arranque da etapa complementar, o capitão andorrano Gerard Miquel voltou a marcar igualando a três. E, quando, aos 10 minutos, Bernat Picanyol viu azul, foi novamente Andorra a marcar, por Pau Palacin. Ainda em superioridade, Alexander Ober fez o 4-4 para a Alemanha, mas os germânicos não conseguiriam voltar a pegar no jogo...

Na recta final, em minutos em que Andorra se mostrava melhor, Nil Castellvi deu o golpe fatal, com apenas dois segundo para jogar.

No segundo jogo do dia, a Suíça, com algum favoritismo ao 5º lugar pelo histórico recente da competição, empatou a um com a Áustria.

Os austríacos, de regresso à competição sete anos depois, apresentaram-se órfãos do seleccionador Francesco Dolce, mas mostraram valor, seguramente a surpreender muita gente.

Victor Wally fez o único golo da primeira parte, e para os austríacos, que foram rigorosos tacticamente, a fazerem as coisas bem e com o guardião Abraão da Silva em bom plano. Sobre o fecho da primeira parte, o capitão Kilian Hagspiel teve mesmo oportunidade para ampliar, mas não conseguiu bater Guillaume Oberson de livre directo.

Na segunda parte, a Suíça, que estivera muito precipitada, esteve melhor. No entanto, só chegaria ao golo de grande penalidade, por Lorenzo Rui, e nem após azul a Victor Wally - e respectiva superioridade numérica - conseguiu voltar a bater Abraão.

Alemanha

Lamentando a falta de tempo para preparar este Europeu, recordando que o único profissional da equipa - Max Thiel - está lesionado, Markus Feldhoff apontou àqueles situações que o treino poderia resolver. Como o ataque, e defesa, em superioridade, que acabaram por ser fatais.

No entanto, para o também treinador-adjunto do Reus na OK Liga há margem para melhorar e o objectivo é chegar na melhor forma possível à fase final.

Andorra

Borja López não conseguia esconder o seu contentamento. Com dois golos marcados em duas situações de inferioridade e o tento da vitória ao cair do pano, tinha motivos para isso.

O catalão, que teve um bom trajecto como jogador e se despediu ao serviço do Sant Just na OK Liga, estava alinhado com Feldhoff na questão de pouco tempo para preparação, e espera crescimento ao longo da prova.

Suíça

Se poderia haver alguns surpreendidos com a prestação da Áustria, Xavier Bataller, seleccionador helvético, não era um deles, até porque, como frisou, muitos dos austríacos competem na Suíça.

O técnico reconheceu alguma precipitação na "obrigação" de ganhar, e continua apontado ao 5º lugar. Até porque aspirar a mais do que isso é uma miragem, num autêntico "mundo" que separa as equipas do Grupo A e as equipas do Grupo B. Uma surpresa nos quartos-de-final não é impossível. Mas seria praticamente um milagre...

Áustria

Na realidade amadora da maioria dos intervenientes do Grupo B, o caso da Áustria é paradigmático. Francesco Dolce, o seleccionador, italiano que jogou em Itália, Portugal (no Seixal), Espanha e França, não pôde viajar com a equipa por motivos profissionais, e dificilmente poderá marcar presença esta semana em Paredes.

Marc Kirchberger assume o comando técnico. Reconhecendo a surpresa no empate com a Suíça, Kirchberger ressalva que estão conscientes do seu valor e que, com união do grupo, vão tentar fazer as coisas bem. De resto, não há pressão, e, procurando desfrutar do jogo, talvez haja mais "surpresas".