A versão 'bella Italia'
Nem oito, nem oitenta. Nem a Itália é tão fraca como se mostrou na GoldenCat, nem passa a ser mais favorita por ter vencido Portugal na estreia no Europeu. Mas a selecção de Alessandro Bertolucci mostrou que tem de ser tida em conta.

Qualquer adepto, minimamente conhecedor da modalidade, sabia que as humilhantes derrotas italianas na GoldenCat frente a França (0-9) e Portugal (0-8) não eram o espelho do valor da selecção orientada por Alessandro Bertolucci.
"Passámos uns dias muito feios para nós. Levámos 17 golos em dois jogos, o que não é normal para nenhuma equipa. Falámos muito nestes dias até chegarmos até aqui e tentámos 'picar' um pouco o orgulho entre nós, porque temos a camisola de Itália, que toda a gente quer vestir", apontou o técnico.
"Tínhamos de tentar fazer algo a nível mental, porque penso que o jogo, na parte técnica, na parte táctica, vem a seguir. Antes temos de ter a atitude certa para este tipo de jogo. Nestes dias, como disse, falámos muito, vimos vídeos e tentámos melhorar desta forma. Não tivemos muito dias de treino, é a verdade. Penso que fizemos nove dias de estágio e quatro jogos na GoldenCat. É muito pouco. Então, temos de levantar a parte de grupo, como hoje fizemos, e espero que, devagarinho, vamos encontrar a melhor forma porque temos uma equipa tecnicamente muito válida", realçou Alex.
Valia a pena desconfiar daquela "porca miseria".
Esta segunda-feira, no arranque do Europeu, a Itália fez a "desfeita" de vencer Portugal, anfitrião da prova, por 2-3. Foi uma exibição pragmática, a aproveitar o nervosismo da estreia da selecção das quinas. E uma exibição de sofrimento.
"Foi um jogo muito duro. Sofremos muito", realçou o seleccionador da "squaddra azzurra" no final da partida. "Acredito que Portugal esteve por cima em 60%, 70% do jogo, e isso nós sabíamos porque chegámos aqui ainda sem estar a 100%", vincou.
"Tivemos uma preparação muito particular, e então falei com a equipa para tentar encontrar a melhor forma indo jogo a jogo. É claro que esta vitória é uma vitória do grupo. Fizemos um bom jogo em alguns aspectos, como a resiliência, a força do grupo. Soubemos sofrer, que é muito importante neste tipo de competição, e tivemos um guarda-redes [Stefano Zampoli] que hoje, para mim foi o melhor em pista", analisou Alessandro Bertolucci.
Na realidade do modelo competitivo, com uma primeira fase sem valor acrescido, esta vitória italiana vale muito animicamente, deixando para trás a pálida imagem da GoldenCat. E deixa muita margem para crescimento, com mais dois jogos "a feijões" e um outro teoricamente acessível nos quartos-de-final.
Nas meias-finais, na sexta-feira, já será a sério. E caberá recordar que, no último duelo a sério, na despedida do último Mundial, a Itália também vencera Portugal, o que na altura valeu o bronze, quando uma medalha escapava aos italianos desde 2003.
Terça-feira, 2 de Setembro de 2025, 12h