Um trono vago, à espera de Rei?
Ainda faltará algum tempo até ser conhecido o novo seleccionador nacional português, mas vai havendo apostas sobre quem poderá suceder a Paulo Freitas, numa premissa de que será português. A outros nomes já badalados, há que juntar Reinaldo Ventura.

No final dos Campeonatos da Europa que decorreram em Paredes em Setembro último, Luís Sénica terá apontado a um novo seleccionador português em declarações à Lusa. "Não vamos procurar estrangeiros. Acreditamos na qualidade dos nossos treinadores e vamos analisar com serenidade. Pode acontecer para a semana ou apenas no Natal", publicou a agência.
As declarações do presidente federativo, por si só, não vinculam a decisão a um treinador português, e o nome do argentino - há muitos anos radicado em Espanha - Alejandro Dominguez já foi murmurado nos bastidores. Mas tal descredibilizaria de certa forma os cursos ministrados pela própria Federação de Patinagem de Portugal.
O hoqueiemportugues lançou a discussão no início de Outubro com quatro nomes falados. Mais Hugo Azevedo, seleccionador de Sub-17 (e treinador do Juventude Pacense), do que Vasco Vaz, seleccionador de Sub-20, seria uma solução "interna". Rui Neto, do Óquei de Barcelos, e Nuno Lopes, do Tomar, são os outros "lembrados", mas ambos já com selecções a seu cargo.
Rui Neto, seleccionador de Portugal nos Europeus de 2010 e 2012 e no Mundial de 2011, esteve à frente de Angola no Mundial de 2024 e o contrato seria apenas até ao final desse Mundial, mas teve continuidade, com o técnico a participar activamente na preparação do Campeonato Africano que decorre esta semana em Luanda.
Nuno Lopes sagrou-se vice-campeão europeu pela França em Paredes, e - já a pensar no Paraguai - almeja fazer história à frente dos gauleses, que procuram um primeiro grande troféu internacional.
Rei, legítimo candidato ao "trono"
Noutra possível solução interna, Ricardo Barreiros, seleccionador nacional de seniores femininos e agora treinador do Oeiras, não seria de descartar, mas tem apenas o Grau II de treinador, o que poderá ser visto como um entrave. E, ao que o HóqueiPT apurou, forte hipótese será um ex-companheiro de Barreiros na selecção. O trono pode mesmo ser para um "rei".
Com 47 anos, Reinaldo Ventura, "Rei", vai mostrando argumentos na Sanjoanense, cujo comando técnico assumiu em 2023 na II Divisão. Garantiu a subida na primeira temporada e, na segunda, logrou o apuramento para o play-off com o 7º lugar na fase regular.
Esta época, que será de regresso dos alvinegros às competições europeias (na WSE Cup), é factual que a Sanjoanense ainda não ganhou nas duas jornadas disputadas. Mas também ainda não perdeu, e no fim se farão contas a quantos pontos conseguirão somar as restantes equipas no João Rocha, casa de um Sporting campeão do Mundo, e na recepção à Oliveirense. A Sanjoanense empatou as duas partidas a dois.

A carreira de treinador de Reinaldo Ventura começou, abruptamente, em Dezembro de 2021, quando André Azevedo deixou o comando técnico da Juventude de Viana. Reinaldo, que era reforço para essa temporada dos vianenses, não quis ser treinador-jogador, e pendurou os patins. Definitivamente. Sem despedida, sem homenagens, não obstante uma carreira em que foi campeão nacional em todos os escalões jovens pelo Porto e, por exemplo, 13 vezes campeão nacional sénior e oito vezes vencedor da Taça também pelos dragões, juntando duas Taças CERS pelo Barcelos.
Logrou a manutenção dos vianenses nesse primeiro (meio) ano, mas a crise financeira agudizou-se no segundo. E, a juntar aos problemas internos dos vianenses, levou uma suspensão de dois meses por dar indicações da bancada quando cumpria castigo. É o mesmo que muitos fazem, mas Rei, com o seu carácter bem vincado, já tinha várias vezes criticado federação e arbitragem nessa época. Partiu, já com a Sanjoanense à espera para a nova temporada.
Rei e as selecções
A favor de Reinaldo Ventura joga também uma longa relação com as quinas. Disputou um Europeu de Juvenis, dois Europeus de Juniores, e quatro vezes (!) a Taça Latina (Sub-23). Estreou-se na selecção absoluta em 2000 e esteve nos Jogos Mundiais em 2001, mas "falhou" o Campeonato do Mundo desse mesmo ano. Depois, a partir de 2002, foram seis europeus e cinco mundiais consecutivos até que em 2012, aos 34 anos, depois de uma final perdida com seis segundos para jogar, anunciou que se afastava para dar lugar aos novos.
Coincidindo com uma autêntica "Armada Invencível" espanhola, conquistara "apenas" um Mundial, em 2003, mas ainda havia História para escrever. Em 2016, respondeu ao apelo de Luís Sénica para ser o aporte de experiência - do alto dos seus 38 anos - num Europeu em Oliveira de Azeméis, como fora aquele Mundial de 2003.
Em pista e fora dela, Rei foi decisivo na conquista de um troféu que escapava há 18 anos, e um ano depois embarcava na aventura do Campeonato do Mundo de 2017, na China. Não houve ouro, mas Portugal regressava à final pela primeira vez desde 2003 e só caiu nas grandes penalidades. Agora, sim, era o adeus de Rei. Um Mundial e um Europeu conquistados, 14 competições maiores disputadas. Sem despedida, sem homenagens.
Da mesma forma que o então seleccionador Luís Sénica apostou em Reinaldo Ventura para conquistar o Europeu em 2016, o agora presidente federativo Luís Sénica pode jogar a mesma carta para tentar reconquistar o Mundo no Paraguai, em 2026. Mas a decisão pode demorar.
Em 2023, Paulo Freitas foi anunciado no final de Dezembro. A repetir-se, seria bem a tempo de uma participação numa eventual Taça das Nações, e ainda mais do Campeonato do Mundo, que será apenas em Outubro. Não estando calendarizada a Taça das Nações, o anúncio pode ficar ainda para mais tarde.
Segunda-feira, 20 de Outubro de 2025, 20h58