«O segredo foi acreditar na equipa e no que fazemos»

Não foi a exibição que Ricardo Ares desejava, mas valeu uma conquista de muito significado para o técnico e para o Porto. Na hora do triunfo, Ares não esqueceu - como nunca esquece - a luta de Arnau Vilalta.

«O segredo foi acreditar na equipa e no que fazemos»

Não demorou que Ricardo Ares passasse de ilustre desconhecido do grande público português ao topo do Mundo.

Este domingo, no João Rocha, o técnico basco de 46 anos conquistou o seu primeiro grande título de clubes, agradecendo a Eurico Pinto e à Direcção azul-e-branca a confiança.

Nesta Intercontinental, o primeiro jogo [ndr: vitória por 6-3] acabou por ser determinante, ainda para mais com uma exibição no segundo que, para Ares, ficou muito aquém das expectativas. O Porto ficou cedo privado, por expulsão, de Carlo Di Benedetto, que até marcara o primeiro golo no jogo, e teve de ser abnegado a defender, atacando pela certa.

Mas a conquista pode ser um ponto de viragem no acreditar dos jogadores para que repitam exibições como a do Dragão Arena em qualquer pista.

Sob a liderança de Ricardo Ares, o Porto volta a conquistar um título internacional 25 anos depois. E um troféu depois de ter estado em quatro decisões após a conquista do Campeonato Nacional em 2019.

Os azuis-e-brancos falhariam a conquista da Taça Continental em 2019 e, depois do pandémico 2020, perderiam também na decisão da Liga Europeia e do Campeonato Nacional em 2021. Sempre frente ao Sporting.

Já esta época, o Porto - de Ricardo Ares - impressionou nos dois primeiro jogos da agora oficial Elite Cup, mas deixaria escapar um primeiro título na final frente ao Óquei de Barcelos.

No campeonato, os dragões somaram oito vitórias em outros tantos jogos antes da paragem para o Europeu. Depois, apesar de uma primeira vitória, a equipa não regressava bem da pausa das selecções, quando esteve privada de nada menos do que seis jogadores.

Nos quatro jogos seguintes, até à Intercontinental, perderia em Braga, ganharia tangencialmente à Oliveirense, empatou em Tomar e voltou a sentir dificuldades na recepção ao lanterna-vermelha, Sanjoanense.

O Porto termina a primeira volta líder e a expectativa é que Ares termine bem acima do 7º lugar que conquistou em 2014/15, a sua melhor classificação na OK Liga, em que apenas esteve à frente do Voltregà, entre 2010 a 2016.

"Herdaria" mais tarde uma selecção feminina espanhola campeã da Europa e do Mundo e revalidou os títulos europeu (2018) e mundial (2017 e 2019) antes de ser chamado à selecção masculina. Não chegaria a orientar "La Roja" em qualquer competição, primeiro por cancelamento das provas, depois porque o apelo do Porto falou mais alto.

Orgulho na "luta"

No final da partida frente ao Sporting, confirmada a conquista, Ricardo Ares e o adjunto Edu Farrès prepararam-se para receber o troféu (e para ir à conferência de imprensa) com uma t-shirt que os acompanhou no Voltregà e na selecção feminina espanhola, com a imagem de um almogávar à frente e uma mensagem em catalão nas costas.

"La teva lluita és el nostre orgull" ("a tua luta é o nosso orgulho") reporta à luta do jovem Arnau Vilalta contra um tumor cerebral, diagnosticado quando tinha apenas 12 anos. Os tratamentos impediram-no de continuar a praticar Hóquei em Patins, mas, fanático adepto do Voltregà, foi chamado por Ricardo Ares para acompanhar a equipa técnica e tornou-se uma figura do clube.

A 8 de Novembro de 2013, em vésperas do Voltregà de Ares regressar anos depois às competições europeias, Arnau, com apenas 17 anos, não resistiu mais. No entanto, a sua resiliência e força interior seria reconhecida pelos diversos emblemas da OK Liga e mesmo pela federação espanhola.

Arnau tornou-se um símbolo e o almogávar, um guerreiro da idade média, simboliza o próprio Arnau. Luz na braçadeira de capitão do Voltregà, como reconhecimento e lembrança eterna.

AMGRoller Compozito

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