A História em dívida
Em 18 épocas no Porto, Edo Bosch chegou 12 vezes ao palco da decisão da Liga Europeia, seis vezes à final e até disputou uma Liguilha, em Torres Novas, onde agora regressa como treinador do Valongo... e em busca do primeiro triunfo.
É um dos nomes maiores da História entre os postes das balizas de Hóquei em Patins.
Juan Edo ou Juan Ignacio Edo na Catalunha e em Espanha, foi rebatizado em Portugal para Edo Bosch quando chegou, em 1998, ao Porto.
Era uma aposta diferenciada, num jovem guarda-redes estrangeiro, que vinha de ganhar uma Taça CERS pelo Noia. Mas, ao serviço dos dragões, dominadores em Portugal, e pese se ter estabelecido como uma referência, não voltaria a triunfar na Europa.
Este fim-de-semana, em Torres Novas, Edo Bosch tem um encontro com a História. Uma oportunidade de acerto de contas.
Quando o catalão colocou o dragão ao peito, apenas Sporting (1977), Porto (em 1986 e 1990) e Óquei de Barcelos (em 1991) tinham ousado quebrar a hegemonia espanhola da prova que se realiza desde 1965. Mas os azuis-e-brancos ambicionavam voltar a vencer.
A última conquista máxima europeia datava de 1990 e, depois disso, o Porto "só" ganhara duas Taças CERS, chegando a apenas mais uma final da prova mais desejada, em 1997, quando a Liga Europeia sucedeu à Taça dos Campeões Europeus. Perderia na final, frente ao Barcelona, no desempate por grandes penalidades.
Edo Bosch defendeu a baliza do Porto durante 18 temporadas e só uma vez falhou a fase de grupos da Liga Europeia. Nessa temporada de 2001/02 em que foi eliminado na pré-eliminatória, chegou a outra final, da Taça CERS, sendo desfeiteado pelo Voltregà de um jovem Guillem Trabal. Nas outras 17 épocas, Edo e o Porto chegaram 12 vezes ao palco da decisão, com modelos de Final Eight, Final Six ou Final Four.
Em seis edições, os dragões de Edo chegaram mesmo à final. Mas Igualada (1999), Barcelona (2000, 2004, 2005 e 2014) e Benfica (2013) levaram a melhor. Entre mudanças de formatos, 2006 teve um inédita e ímpar decisão em Liguilha a quatro, mas também não seria neste modelo que os azuis-e-brancos lograriam o título, assistindo à festa (inédita, também) de uma equipa italiana.
Edo deixaria o Porto em 2016, para uma derradeira temporada entre os postes em Viana do Castelo, às ordens do amigo de longa data Renato Garrido. Pendurou os patins - e toda aquela panóplia de equipamento que caracteriza os guarda-redes - em 2017 e tornou-se adjunto de Renato. Rumaram juntos a Oliveira de Azeméis e, juntos, assumiram a condução da selecção nacional, conquistando o Campeonato do Mundo em 2019.
Em 2020, Edo Bosch assumiu um novo desafio, como treinador principal do Valongo. O seu trabalho na dinamização de uma equipa com jovens de muito potencial valeu-lhe o 7º lugar na fase regular e uma vaga no play-off na pretérita temporada. Deixou a selecção após o Europeu de Novembro último para se focar no dia-a-dia do Valongo e, esta época, "subiu" ao 6º lugar, com rasgados elogios do mundo do Hóquei patinado.
Aos 46 anos, a História ainda deve a Edo uma conquista máxima europeia de clubes. Procurará agora, já como treinador, concretizá-la.
Depois de, em Abril, ter assistido à conquista da Taça WSE do Calafell, com o filho, "Xano" Edo, entre os postes, a "dobradinha" em família mereceria certamente uma página especial no livro de memórias da modalidade.
Quinta-feira, 12 de Maio de 2022, 17h53