'Não quiseram que o FC Porto ganhasse'
Apenas 50 minutos de jogo depois de um 'não falo de arbitragens', Ricardo Ares insurgiu-se contra a arbitragem do jogo do Porto em Barcelos. São as vicissitudes do dito 'melhor campeonato do Mundo' e da sua montanha-russa de emoções.
As críticas do Porto à arbitragem do embate em Barcelos começaram ainda em pista, com os jogadores a não esconderem a sua revolta, em particular pela decisão que valeu um azul - e depois o golo da vitória barcelense - no último instante de jogo a Gonçalo Alves.
Fugindo (até ver) ao "cliché" dos comunicados contra as arbitragens - e o Óquei de Barcelos emitiu um logo após o jogo da primeira jornada, no Dragão Arena -, a revolta azul-e-branca ganhou proporções nos meios de comunicação do clube. Vai-se reiterando a necessidade de melhoria da arbitragem, e até está prevista a implementação do VAR, ou quiçá a revisão das regras de jogo em vigor, mas tardam medidas concretas.
"O que se passou esta tarde em Barcelos é mais uma mancha no já debilitado hóquei em patins", pode ler-se na análise da partida. "Daí, Miguel Rocha apontou ao ângulo inferior e selou uma vitória que só serviu para descredibilizar ainda mais a modalidade. Um penálti mal assinalado, um erradamente mandado repetir, um por assinalar e um cartão azul inexistente: é este o resumo do Óquei de Barcelos 5-4 FC Porto", vinca o site dos dragões.
A publicação aponta "sucessão de decisões muito infelizes - para não dizer mais - da dupla de arbitragem composta por Rui Torres e Sílvia Coelho" como motivo para a derrota, mas, se a intenção era não dizer mais, Ricardo Ares disse-o...
«Roubados»
No final da última partida realizada antes da pausa festiva, instado a comentar as declarações de Paulo Freitas sobre a arbitragem das duas partidas da Taça Intercontinental, o vitorioso Ricardo Ares afirmaria que não falava de arbitragens.
De facto, esta é uma posição em que não está em causa o desfecho do jogo, mas antes recorrente nos técnicos oriundos do Hóquei em Patins do país vizinho. A postura de, por exemplo, Guillem Cabestany, Guillem Perez ou Alejandro Dominguez, terá "chocado" os adeptos portugueses, habituados a críticas recorrentes, ainda que algumas vezes infundadas e com o propósito de desresponsabilização.
No entanto, os técnicos (sendo que Guillem Pérez nem teve tempo para tal...) acabam por ser "engolidos" pela cultura portuguesa, pelas emoções à flor da pele que fazem deste o "melhor campeonato do Mundo".
As declarações de Ricardo Ares teriam eco no site do Futebol Clube do Porto, com o treinador a não se conter na hora de criticar a arbitragem de um jogo que o mesmo site apelida de o "jogo da vergonha em Barcelos".
Um roubo
“Os jogadores sentem-se roubados, porque foi isso que aconteceu hoje. Estava em jogo o trabalho diário de muitas pessoas. Tenho que dar os parabéns aos meus atletas, porque trabalhámos para que não fossem atingidas as dez faltas e para não oferecermos bolas paradas ao adversário. Conseguimos fazê-lo, mas recebemos cinco bolas paradas. Estamos tristes, porque hoje não quiseram que o FC Porto ganhasse."
Lances demasiado evidentes
“Não me lembro de algum dia ter visto uma arbitragem assim. Houve vários lances demasiado evidentes. Sobretudo um em que o Carlo Di Benedetto entra na área contrária e um jogador adversário [Alvarinho] atinge-o nos dois braços com uma stickada à altura da cintura. Era lance para penálti e cartão azul, obrigatoriamente, mas não assinalaram nada. No último lance, que dá a vitória ao Óquei de Barcelos, as imagens demonstram claramente que o nosso jogador [Gonçalo Alves] não chega a tocar num adversário que se atira ao chão de forma evidente. É isso que dá a vitória. Com dois árbitros é inacreditável que não se vejam estas ações.”
Não querem que o FC Porto ganhe
“Dá a sensação de que não querem que o FC Porto ganhe. Mas, mesmo assim, vamos continuar a lutar. Vamos continuar a ganhar contra isso e contra todas as adversidades que nos aparecerem pela frente.”
Processos à vista?
Independentemente da razão assistir ou não aos azuis-e-brancos (e, neste jogo, assistirá...), o tom das críticas poderá vir a ter consequências disciplinares.
Recorde-se que a Federação de Patinagem de Portugal já puniu declarações de técnicos após o final das partidas - e até Guillem Cabestany foi visado, após um jogo na Luz - e até já puniu atletas e dirigentes por publicações nas redes sociais.
Por exemplo, na pretérita temporada, após um jogo em que, por curiosidade, Sílvia Coelho e o Óquei de Barcelos também foram intervenientes, o treinador do Tomar, Nuno Lopes, seria castigado com nada menos do que cinco jogos de suspensão por declarações rápidas após o jogo.
Segunda-feira, 10 de Janeiro de 2022, 8h02